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- Sra e Sra Kim Capítulo 6
julho 14, 2013
Fanfic Sra e Sra Kim
Escrita por ByunBiia
[+18]
Notas da Autora: Oii pessoas lindas!!! *-* Mil desculpas pela demora, é que eu meio que estou de castigo porque fiz coisinhas erradas na escola (V1D4 L0K4 -q) hehe Ae não ta dando pra escrever direitinho. E também estou com alguns probleminhas na vida amorosa < / 3 . É gente... Não tá fácil pra ninguém mesmo, mas vou tentar atualizar assim que der. ^-^ Enfim, é só isso e desculpa qualquer erro ae. Go go ler!
Taeyeon
pov
Tiffany
saiu da cozinha as pressas, sussurrava rapidamente, os telefonemas não tinham
hora, lugar ou até mesmo data pra acontecer, podia ser nosso aniversário de
casamento, se o telefone tocava, ela atendia. Nem eu que trabalhava no que
trabalhava atendia o telefone em datas assim. Era muito descaso da parte dela.
Olhando para a travessa suja em minhas mãos, ouvi-a subir a escada
apressadamente em direção ao nosso quarto. Onde poderia falar com privacidade.
Mesmo assim fiquei de ouvidos atentos. Mas nada podia ser ouvido.
Depois
peguei o prato sujo e joguei-o direto na porra da máquina. Sem enxaguá-lo
antes. Um ato de rebeldia, nada de mais. De repente ouvi um barulho
estranho no andar de cima, como se alguém arrastasse um móvel — ou um corpo.
Apertei
os olhos, pensando: "Que porra é essa agora?".
Eu
não ligava, mas... talvez Tiffany precisasse de ajuda. Ela era tão frágil e se
algo caísse em cima dela? Calmamente, como quem não quer nada, subi em direção
ao nosso quarto. Já no corredor, pude ver que a porta estava entreaberta. O
suficiente para que eu desse uma espiada.
Tiffany,
de costas para mim, tinha acabado de vestir o casaco. Ainda sussurrava ao
telefone, mas pude ouvi-la dizer:
—
Sei... entendi... na suíte do último andar. Estarei lá em quarenta e cinco
minutos.
Suíte do
último andar? O que ela vai fazer na suíte do ultimo andar?
Ela
desligou, e eu recuei. Mas ao toque do meu salto o assoalho rangeu um tantinho
de nada. Ela se virou de repente e me viu parada à porta.
—
Querida, você quase me mata de susto.
—
Desculpa — eu disse com o máximo de displicência. — Só queria saber se não era
nenhum problema.
Ela
revirou os olhos e jogou o aparelho sobre a cama.
—
Algum pateta fez uma burrice qualquer e arruinou o servidor de um escritório de
advocacia na cidade. Sem servidor essa gente não faz nada. — Seus movimentos
pareciam exagerados; a voz, um pouco alta demais. Ela estava escondendo algo.
Ela encolhia os ombros, como se quisesse se desculpar. — Preciso ir até lá.
–
Mas a gente prometeu aos Lee que... - Subitamente rígida, Tiffany olhou
para o relógio e disse:
–
Volto em torno das nove. É só uma rapidinha. – “só uma rapidinha” isso soou
péssimo nos meus ouvidos. Ela sorriu. Eu sorri. Sorrisos de praxe, nada mais.
Eu
não podia deixar de pensar aonde ela ia, com quem, e o pior, fazer o que?
Talvez ela também imaginasse o mesmo. Não sei. Há tempos deixei de me importar.
Fui
até a janela, os faróis do carro me iluminaram como um par de lanternas, e
depois ela sumiu. Um relógio tiquetaqueava na lareira. De repente, nossa casa
perfeita me pareceu grande demais, vazia demais. Felizmente eu tinha um pequeno
compromisso também e decidi resolve-lo logo, mas fui impedida ao lembrar da Seo
que estava em seu quarto que por sinal, estava muito silencioso. Aproximei-me
da porta e bati na mesma.
-
Seobaby? Posso entrar? – Ouvi uns múrmuros vindos de dentro do quarto e insisti
– Hum... Seo? Está ai?
-
Espera um pouco Tae unnie. – Segundos depois a porta se abriu me dando espaço
para entrar.
-
Com quem estava falando? Ouvi umas vozes.
-
Com ninguém, é que a TV estava ligada. – Ela respondeu nervosa que eu não
acreditei muito.
-
Sabe que pode me falar a verdade né? – perguntei e ela me pareceu insegura, mas
acabou cedendo.
- Pode
sair. – ela falou alto e vi uma garota sair de debaixo da cama com a cabeça
abaixada, okay... O que esta acontecendo aqui?
-
Tae unnie essa é a Yoona, uma amiga da escola.
-
E o que ela estava fazendo debaixo da sua cama? – perguntei com um olhar de
reprovação e logo vi a tal de Yoona tomar a frente.
-
Não foi culpa dela, eu vim sem avisar, foi minha culpa, não brigue com a Seo
por isso.
-
Quem você pensa que é para se meter na conversa dos outros assim? – perguntei
com um tom de raiva e a Seo fez uma expressão confusa.
-
Sou Kwon Yoona senhora, não quis causar qualquer incomodo. – Ela respondeu logo
abaixando a cabeça como se estivesse com medo, não resisti e comecei a rir
sendo acompanhada por Seohyun, a garota apenas nos olhava assustada.
-
Desculpa se te assustei não foi a intenção haha, Seobaby sua amiga é engraçada.
– A garota continuou me olhando meio confusa.
- Relaxa
Yoong, ela não vai fazer nada. – Seo falou colocando a mão no ombro dela e vi-a
relaxar um pouco. Mas... Kwon? Esse nome não me é estranho...
-
Enfim, só vim avisar que a Tippany saiu e eu também vou ter que dar uma
saidinha, você vai ficar bem? – Perguntei pra Seo.
-
Tudo bem, a Yoong pode ficar aqui até você voltar, né? – Ela perguntou para a
garota que apenas assentiu com a cabeça.
- Okay, já
vou então, não façam bagunça e cuide bem do meu bebê Yoona. – Vi Yoona corar e
a Seo rir dela, isso é estranho.
-
Bye unnie. – respondeu Seo.
-
Tchau Sra. Kim. – foi a ultima coisa que ouvi ao sair do quarto e seguir para a
porta de casa.
Meia
hora mais tarde, eu atravessava a ponte com o meu chofer de aluguel — um cara
chamado Yousef. Eu não sabia ao certo se Yousef estava contente ou puto da vida
por estar me levando em seu táxi àquela hora. De certo, um pouquinho dos dois.
Eu sabia como era isso, ah, como sabia. O cara dirigia mal à beça.
Eu
ainda estava com um vestido vermelho que marcava bem meu corpo e mostrava
minhas pernas o suficiente pra deixar qualquer um louco. O táxi de Yousef
estava longe de ser uma Limusine: não tinha uma janela que funcionasse e muito
menos um bar generosamente sortido. Remexi em minha bolsa
Atrás
de meu isqueiro, logo avistei meu cantil. Um bom gole cairia bem agora. Mas não
o levei imediatamente à boca, pois passamos por cima de alguma coisa no
asfalto. Olhando para o cantil, meus olhos caíram sobre a dedicatória gravada
na prata. Nossa quanto tempo fazia que eu não lia aquilo?
"Às
balas que não nos encontraram. Tiffany" Tá
bom. Saúde pra você também, Linda. Dei um longo trago na bebida.
Yousef
me encarou surpreendido quando me viu beber, normalmente damas não bebem assim.
Esse hábito eu devo a minha mãe. A rua era escura e ameaçadoramente silenciosa.
Restos de lixo moviam-se sobre a calçada como se fossem ratos. Talvez de
fato fossem ratos. Me arrepiei com a hipótese.
Paguei
ao motorista e dei a ele uma gorjeta polpuda o suficiente para que enchesse a
cara e esquecesse para sempre que um dia tinha me visto. Tão logo desci do
carro ele arrancou em disparada, como se o capeta em pessoa estivesse atrás
dele. Fiquei sozinha na rua. Era perigoso, uma dama andar por ali
desacompanhada. Eu ri com esse pensamento, seria divertido ver alguém tentar me
assaltar.
Atravessei
a rua indo em direção ao meu destino e desci um bolorento lance de escada até
uma porta coberta por um tapume preto. Toquei a campainha e depois de alguns
instantes a porta se abriu com um dique. Entrei e olhei ao meu redor.
Caramba.
Talvez Yousef tivesse razão. O tal lugar era sem dúvida a última parada antes
do inferno. Uma lâmpada nua pendia sobre a caixa registradora, revelando duas
ou três putas completamente grogues, que mal conseguiam se apoiar no balcão. O
breu me poupou de ver o que mais se passava naquela espelunca fétida.
Sentei-me
num banco que corria o risco de furar as tábuas podres do assoalho. Encontrei
meu equilíbrio e esperei que o barman notasse minha presença. Ele
rapidamente o fez e praticamente me comeu com os olhos.
–
Em que posso lhe ajudar senhorita?
–
Que cerveja você tem aí? — perguntei.
–
Guinness...
Esperei
pelas outras opções, mas ele não disse mais nada. Assim ficaria mais fácil
escolher.
—
Então me vê um Red Label com Club Soda. Não precisa exagerar na soda.
Enquanto
ele me servia o drinque, recostei-me no balcão e analisei a decoração do
lugar. Com meus olhos acostumados à escuridão, percebi que a penumbra encobria
vários tipos de contravenção: drogas, jogos, dinheiro sendo trocado por
saquinhos muxibentos. E pelos cantos, outras coisinhas que preferi ignorar.
Mais
ao fundo, uma cortina parcialmente fechada marcava o início de um corredor e
mais uma sequência de buracos secretos. O barman trouxe meu drinque,
dando ele cuidadosamente na minha mão. Talvez achasse que eu pudesse me
interessar por ele, coitado. Então virei-me para o bar e olhei para a bebida.
Era qualquer coisa preta, nem de longe parecida com o que eu havia pedido.
Mas
o olhar do barman sugeria que ele não era lá muito receptivo a
críticas, e achei melhor mandar aquilo para dentro de uma só vez. Afinal,
pensei, álcool é álcool. Uau! Agora, sim. Depois de um tempo resolvi agir.
—
Onde fica o banheiro? — perguntei. Ele me olhou sugestivamente e com o queixo
ele apontou para a cortina dos fundos.
Caminhei
até a cortina e, cambaleando, segui pelo corredor até encontrar duas portas.
Numa delas estava escrito: "MICTÓRIO." E na outra: "CAI
FORA". Mais fino impossível.
Uma
coisa não posso negar: sempre tive problemas com as placas de "não
entrar". Há algo nelas que me deixa extremamente curiosa. Não consigo
relevar. Então não resisti e, como o poeta, escolhi o caminho menos percorrido.
Quase caí do outro lado.
—
Caralho! — alguém gritou.
Eu
havia interrompido um jogo de pôquer. Um jogo privado, muito privado. Desses
que só rolam nas saletas dos fundos das espeluncas. Três tipos extremamente
mal-encarados e um meliante com cara de assassino olharam para mim, mal
acreditando no que estavam vendo.
–
Uau você é nova aqui, começou hoje? — um deles perguntou com um sorriso
maníaco, ele bateu em seu joelho num gesto pra que eu me sentasse em seu colo.
–
Desculpa — eu disse. — Estava procurando o banheiro. — Fiz menção de sair, mas
depois, cambaleando um pouco, dei meia-volta e disse: — Isso aí é pôquer?
–
Jogo privado — disse alguém. — Mas pra uma moça tão linda, nós talvez
abríssemos uma exceção.
–
Eu tenho dinheiro e amo pôquer — o sorriso deles dobrou de tamanho. Revirei os
olhos internamente. Homens!
Então
eles sussurraram algumas palavras entre si. Nada que eu pudesse compreender,
mas ouvi alguém chamar o meliante de Leeteuk. Tive a impressão de que ele
era o Manda-Chuva por ali. Eu podia ler na testa de Leeteuk: "Almofadinha
rico, com cara de merda e o bolso cheio de presidentes mortos, precisando fazer
um depósito — que mal haveria nisso?". Eu estava quase dentro.
–
Sentimos informar moça, mas não temos lugar pra mais um jogador – um dos caras
disse, ele parecia triste por dizer isso.
–
Sei lá, tem essa cadeira vazia aí... — falei.
–
Essa cadeira tem dono — rugiu Leeteuk. Ele era gay, só podia. — É do Heechul.
Era só isso o que me faltava.
–
E quando o Heechul vai chegar?
–
Na hora que ele quiser, porra.
–
Mas quem sabe eu posso ficar no lugar dele até ele chegar? — arrisquei. — Você
viu, eu tenho uma bolada.
Os
caras em volta da mesa trocaram olhares maliciosos, estava estampado na cara
deles: "Que tal a gente se divertir um pouco enquanto o Heechul não
vem?".
Leeteuk
afastou a cadeira vazia com um chute. Sorrindo como uma idiota, me joguei em
cima dela.
Tiffany
pov
Com
a discrição de sempre, passei de um carro a outro assim que cheguei à cidade.
"Quem não planta não colhe", resmunguei para mim mesma ao me jogar no
banco de trás do táxi que me levaria até o centro, onde eu era aguardada.
Chamadas no meio da noite não eram nem um pouco incomuns no meu ramo de
trabalho. E o salário, nada desprezível.
Meu
Deus! Se Taeyeon sequer suspeitasse do que fazia quando escapava da nossa vida
sufocante no meio da noite... O que ela acharia? Talvez nem se importasse.
Senti
um leve tremor e depois olhei pela janela, observando a cidade que se
desfraldava do lado de fora. As pessoas andando pelas ruas, as luzes brilhantes
cortando o céu da noite, tudo isso fazia lembrar-me de um parque à beira-mar ao
qual meu pai havia me levado quando eu ainda era pequena — Senti um aperto no
peito. Os brinquedos vertiginosos, os espetáculos de aberrações — coisas que me
deixavam ao mesmo tempo fascinada e aterrorizada, embora eu pudesse contar com
a segurança de um braço forte que me levava pela mão — e que de vez em quando
me jogava para o alto, mas jamais me abandonava.
Até
que um dia foi abrigado a me abandonar. Inferno!
"Calma,
concentre-se", disse a mim mesma. "Você tem um trabalho a
fazer."
Abaixei
a janela para deixar o vento fresco varrer as dores do passado. Escolhi um dos
prédios mais adiante e comecei a contar os andares, um joguete que me divertia
sempre que andava de táxi. Depois de contar os andares, calculava o número de
apartamentos em cada andar e o número de pessoas em cada apartamento, chegando
por fim ao número de pessoas que moravam no prédio inteiro. Não podia deixar de
divagar, quantas pessoas estariam felizes, tristes. Comendo, rindo, brincando,
jogando uma partida de xadrez. Como dizia papai: “Nada supera uma partida de
xadrez” automaticamente me veio a cabeça a frase que a Tae me disse em Bogotá.
Fechei meus olhos com força. Agora não era hora para aquilo.
E
então o motorista parou junto ao meio-fio. Através da janela, olhei para o alto
e vi meu destino final: o elegantérrimo e caríssimo hotel. Ocupação máxima
todas as noites.
Quem
eram essas pessoas? E que diabos faziam para ganhar dinheiro suficiente para
ficar ali, em vez de se hospedarem num motel à beira de estrada?
Lá
em cima, num daqueles andares privilegiados, um dos hóspedes igualmente
privilegiados esperava por mim. Talvez até salivasse, ansioso por minha
chegada. E meu trabalho era dar a ele uma noite de sonhos. Por assim dizer.
Eu
sabia exatamente o que ele fazia para poder se hospedar ali. Dei uma bela
gorjeta ao motorista e, sussurrando, disse a ele que se esquecesse da minha
cara. Depois peguei minha "maleta de médico" e saí do carro, cuidando
para não sujar as botas de salto alto na sarjeta.
Caminhando
em direção ao hotel, senti meu casaco se abrir acidentalmente e percebi que o
porteiro quase desmaiou. Ótimo. Era exatamente assim que meu cliente deveria
reagir ao ver o modelito de couro preto que eu havia escolhido para aquela
noite.
Sempre
foi mais fácil lidar com os homens quando eles estão de joelhos. Atravessei
o lobby como uma pantera. Procurei não chamar muita atenção, mas os
homens, contumazes caçadores, não tiraram o olho da minha carcaça até me verem
entrar no elevador.
Uma
vez dentro, passei a mão pela longa coluna de números e apertei o mais alto
deles. Suíte presidencial. Nada menos que o melhor para esse homem. E isso
incluía a mim também. Entretanto, eu daria a ele muito mais do que seu dinheiro
podia comprar.
Eu
entrara nesse ramo anos atrás, muito antes de conhecer minha esposa. Mesmo
depois de casada, continuei com minha... Carreira particular. Era
experiente. Bem treinada. Excelente profissional. Orgulhava-me de ser a melhor
de todas. O elevador parou no último andar. As portas se abriram com um chiado.
"Hora
do espetáculo", pensei com um frio no estômago, a descarga de
adrenalina que geralmente sinto minutos antes de entrar em ação. Quantas
secretárias ou quantos programadores poderiam dizer a mesma coisa? Quando as
portas duplas da suíte se abriram, fui recebida por um guarda-costas do tamanho
de um freezer. De açougue.
—
Carlotta? — ele rosnou. Apenas sorri e entrei.
Enquanto
ele trancava a porta atrás de mim, rapidamente analisei o espaço: portas,
janelas, distribuição dos espaços. Na sala principal, mais quatro guarda-costas
— cada um mais feio que o outro — se apertavam diante da TV, assistindo a um
programa de perguntas e respostas. Sorri. Um bando de Einsteins. Perfeito.
—
O que tem aí nessa bolsa? — perguntou o freezer.
Não
respondi, apenas abri a bolsa para que ele inspecionasse. Um a um, ele retirou
todos os meus instrumentos de trabalho: um chicote comprido e safado, outro de
nove tiras, um par de algemas. Nada disso o fez corar. De certo já vira o
chefão fazer isso outras vezes. Jogou a tralha de volta e empurrou a bolsa em
minhas mãos.
—
Temos que tomar um avião daqui à uma hora — alertou. Pisquei os olhos e disse:
—
Sou o gatilho mais rápido do Oeste.
Ele
balbuciou qualquer coisa, apontou para um corredor e depois voltou à
televisão. Os gorilas tentavam adivinhar o nome de um filme antigo, do qual era
exibido um pequeno trecho. Não faziam a menor ideia. Aliás, não faziam a menor
ideia de nada. Mas o filme era fácil. Preto-e-branco, Cary
Grant. Filminho simpático a respeito de um cadáver. Um dos meus favoritos.
—
Este mundo é um hospício — soprei, antes de sumir no corredor.
Ficaram
extasiados quando o apresentador do programa confirmou que eu estava certa.
Caras como esses jamais esperam que uma mulher tenha cérebro. Acham que
prestamos apenas para uma coisa. Engano deles. Sorte minha. Meu trabalho fica
muito mais fácil quando sou subestimada. E então chegara a hora. Com todas as
antenas em pé, entrei silenciosamente no quarto e fechei a porta.
Fui
recebida com uma fanfarra de gargarejos e cusparadas no banheiro: meu anfitrião
se refrescava para me receber. Ótimo. Isso me dava tempo para estudar
o lugar. Cama enorme e colcha com estampa de zebra. (Eca!)
Portas
de vidro que davam para uma ampla varanda no alto do prédio. (Excelente!) Abri
minha bolsa sobre a cama e senti o cheiro do meu cliente, que se aproximava
sorrateiramente pelas minhas costas. Virei o rosto e ofereci a ele o meu
sorriso mais sensual.
O
homem grunhiu como um cachorro. Parecia um pastor alemão prestes a abocanhar
um suculento filé de carne crua. Nichkhun Horvejkul.
"Puxa, Nichkhun,
como você está acabado!", pensei.
Mas
a expressão em meu rosto dizia: "Vem aqui, garanhão! A noitada está paga,
e eu sou toda sua!".
Ele
andou ao meu redor, lentamente, lambendo os beiços como se admirasse a
mercadoria. Sem me alterar, deixei que olhasse. Queria que ficasse excitado a
ponto de comer das minhas mãos. Depois de alguns instantes, andei até a porta e
tranquei-a. E virei-me para ele. Ele vasculhava a bolsa que eu havia deixado
sobre a cama.
– Achou
alguma coisa interessante? — eu disse, quase ronronando. Depois abri um botão e
deixei que o casaco caísse aos meus pés, revelando os trajes da noite: uniforme
completo de dominatrix.
–
Muita coisa — ele babou.
Em
seguida, tomou-me nos braços suarentos e sussurrou alguma coisa no meu ouvido
— nada que valha a pena repetir aqui.
–
Muita gente já foi presa por dizer isso, bonitão — respondi.
–
Não no meu país — ele devolveu.
Ótimo.
Ele estava no ponto. Hora de entrar em ação. Estalei os nós dos dedos,
empurrei-o sobre a cama e peguei minha bolsa.
Taeyeon
pov
—
Merda! — eu disse, jogando as cartas na mesa e fazendo bico.
Um
deles sorriu e puxou as fichas para si.
—
Faltava uma única carta! — reclamei. Eles riram e outro me deu um beijo
consolador na bochecha e sussurrou “Quem sabe na próxima princesa”. A mudança
da banca não me trouxe sorte nenhuma, e os resultados foram basicamente os
mesmos.
—
Oh de novo, mas que merda! — reclamei de novo — Eu estava tão perto – eu mordi
meu lábio e podia ver aonde os pensamentos deles iam. Tarados!
De
início meus companheiros de pôquer tinham relutado em me deixar entrar no jogo.
No entanto, quanto eu mais perdia, mais ganhava a simpatia deles.
Impressionante.
Depois
de três rodadas no prejuízo fiquei meio zonza, comecei a achar que devia parar.
Mas eles me incentivavam com palavras de apoio: "Deixa disso, princesa, tá
cedo pra jogar a toalha", diziam. Uns amigos-da-onça, isso sim. Na mão
seguinte, quando Leeteuk aumentou a aposta, fui logo dizendo:
–
Pago. Quer dizer, passo. Não... pago. — Só parei quando Leeteuk lembrou que não
era minha vez de jogar. E depois perdi de novo.
–
Merda! — exclamei ao constatar que um deles tinha blefado com um par de damas,
fazendo com que eu passasse com uma trinca de dez na mão. — Essa eu mereci!
Ele
embolsou o resultado de sua vitória — em grande parte dinheiro meu —, depois
olhou para mim com uma expressão de misericórdia e disse:
—
Tu nasceste pra perder, linda. É a força do destino, fazer o quê? - ele
recostou na cadeira e começou a assoviar a abertura da famosa ópera de Verdi, e
todo mundo riu.
Fiquei
impressionada com a cultura musical dos caras; àquelas horas todas diante da
TV, assistindo aos desenhos da Disney, afinal tinham valido para alguma coisa.
Era a vez de o Leeteuk dar as cartas. Mas àquela altura o efeito da bebedeira e
da jogatina já pesava tanto em minha cabeça que eu mal podia me sustentar na
cadeira. Será que o pânico estava evidente em meu olhar? Dei uma olhadela vaga
em direção ao Leeteuk.
—
Não vem com esse olhar de peixe não. — ele advertiu. E remexeu na cadeira de
modo que eu visse a arma enfiada na cintura da calça.
–
Caso não tenha mais dinheiro nós aceitamos peças de roupa – sussurrou um deles
em meu ouvido.
Suspirei
fundo e olhei para as minhas cartas. Olhei para as minhas fichas — ou para a
falta delas. Olhei para o buraco vazio sobre a mesa surrada onde antes estava o
dinheiro que já não me pertencia mais. Eu estava em maus lençóis; pior, estava
na lona e precisava de uma bela vitória se quisesse sair viva daquele jogo.
Olhei para a porta. Ainda nenhum sinal de Heechul. Eu corria contra o tempo.
Suspirei
outra vez e, lentamente, com o coração apertado, tirei da bolsa a única
esperança que ainda me restava: o cantil de prata.
Na
superfície espelhada refletia-se o rosto de uma palhaça com cara de merda: o
meu rosto. Sob o olhar dos outros jogadores, alisei lentamente a prata,
como se ali estivesse uma lâmpada mágica. Mas, infelizmente, nenhum génio
apareceu para salvar a minha pele.
Apertei
o cantil contra o peito, dei-lhe um beijo de despedida e solenemente
depositei-o na mesa.
—
É prata pura — murmurei.
Olharam
de perto para se certificar. Ele viu a inscrição e leu-a em silêncio, porém
remexendo os lábios. Depois arqueando a sobrancelha disse em voz alta:
–
"Às balas que não nos encontraram. Tiffany"
–
Quem é Tiffany? – Perguntou Leeteuk curioso. Gay!
–
Minha esposa – respondi e vi o sorriso dos caras morrer e o dele nascer – Vejam
como ela é bonita – peguei uma foto de Tiffany e mostrei pra eles.
–
Uau Taeyeon, é uma gata e tanto – eu sorri convencida, meu casamento podia ser
uma merda, mas minha esposa era de dar inveja.
–
Ela é perfeita – zombei lembrando do jantar de ontem.
Pensei
que os caras nunca mais fossem parar de rir. Um deles estalava beijinhos no
ar. Por fim, o outro jogou o cantil sobre o monte das apostas, o que
significava que eu permaneceria no jogo por pelo menos mais uma rodada.
Estávamos prontos para a batalha final quando a porta se abriu com estrépito.
—
Mas que porra é essa aqui? — alguém rugiu, como se tomado pela ira
divina.
O
jogo se interrompeu na mesma hora. Um frio quase palpável preencheu a sala. Não
era difícil supor que o famigerado Heechul finalmente havia chegado.
—
Hora de puxar o carro, se você quiser sair inteira daqui — sussurrou Leeteuk
com um sorriso convencido. — Obrigado pelas lembrancinhas.
Levantei
a cabeça, decepção e má sorte visivelmente estampadas na minha testa. Depois
espremi os olhos para ver melhor o recém-chegado. Não restava dúvida de que
deixava Leeteuk no chinelo na categoria "meliante com cara de
assassino". De longe o mais perigoso da turma. Ou será que...
Apertei
ainda mais as pálpebras, tentando não sucumbir ao seu olhar.
—
Você é o Heechul? — perguntei, atropelando as palavras.
–
Sou eu mesmo — ele rosnou, esperando que eu saísse correndo dali tremendo de
medo. Mas não foi isso o que fiz. Continuei sentada, esperando.
Heechul
arregalou os olhos e inclinou levemente a cabeça, intrigado. Talvez um pouco
impressionado com minha capacidade de não derreter como manteiga diante da
presença dele.
–
Que foi? — ele disse. — Perdeu algo?
Lentamente
balancei a cabeça e disse:
–
Você.
–
Hein? — Heechul obviamente não entendeu.
Então
me empertiguei na cadeira, sóbrio até os ossos, para que pudesse me explicar.
Mas mamãe sempre disse que gestos valem mais que mil palavras. Portanto,
arrastei a cadeira para trás, fiquei de pé. Escutei um suspiro coletivo quando
me aproximei dele e deixei meu gesto favorito falar por mim:
1.
Começar com a pistola carregada, com silenciador.
2.
Sacar do coldre na perna.
3.
Lembrar que o sacana fez por merecer.
4.
Puxar os gatilhos.
Disparei
deixando Heechul estatelado contra a parede. Meus novos companheiros de pôquer
subitamente se deram conta de que me haviam subestimado — de que talvez, quem
sabe, a princesa fosse pior que todos eles juntos.
Leeteuk
levou a mão à cintura, em busca de sua semi-automática. Mas, coitadinho, não
sabia que a arma tinha sido surrupiada antes que as cartas da última rodada
tivessem sido distribuídas. Só por precaução. Estava em algum lugar debaixo da
mesa.
—
Agora é tudo ou nada — eu disse, valendo-me de uma expressão do pôquer para
encerrar a brincadeira. Depois eliminei todos em volta da mesa.
Foi
então que lembrei: minhas cartas ainda estavam ali. Virei-as uma a uma e... par
de valetes. Poderia ter sido melhor. Mas, naquelas circunstâncias, um par de
valetes era mais que suficiente; afinal, eu era a única que não havia caído
fora do jogo. Mulheres são mais persistentes, fazer o quê!
Bem,
tudo que é bom, dura pouco. Eu não tinha mais nada a fazer ali. O dinheiro que
eu havia perdido estava à minha disposição, mas não me dei ao trabalho de
pegá-lo; de qualquer modo, não passava de alguns trocados da empresa, verba
para as despesas miúdas. Peguei a única coisa que de fato me interessava: o
cantil de prata.
Depois
voltei com a arma de Leeteuk para seu devido lugar, caso ele tivesse herdeiros.
A fim de evitar a fauna do bar, saí pela porta dos fundos, que dava para um
beco escuro. Os ratos corriam de um lado para outro na penumbra. Corri pra
longe da parede, eu detestava ratos!
A
lua olhava para mim através da silhueta de prédios decadentes, fazendo-me
lembrar de que ainda havia coisas belas no mundo, como um céu cravejado de
estrelas. Tirei o cantil do bolso — o luar refletindo sobre a prata — e dei uma
golada reconfortante. Talvez fosse ele o responsável por eu ter ficado, mais uma
vez, fora do trajeto das balas.
E
então avistei o meio de transporte que me levaria de volta para casa: em meio
às sombras brilhava uma motocicleta gigantesca em cuja placa se lia:
"Taengoo".
Subi
na máquina, liguei o motor e caí fora daquele lugar. Uma noite de trabalho como
as outras, e nada mais.
Tiffany
pov
— E
então, Nichkhun, tem feito muitas travessuras, tem?
O
colchão balançou quando meu cliente fez que sim com a cabeça, parecendo uma
criancinha medrosa.
"Idiota!"
não pude deixar de pensar.
Amarrado
como um peru de Natal e com uma bola de borracha entre os dentes, o magnífico,
poderoso e milionário Nichkhun Horvejkul estava completamente ridículo. E
totalmente sob meu controle. Filho-da-puta. Eu não sabia se ria ou se vomitava.
Esfreguei o chicote no nariz dele e disse:
— Você
sabe o que acontece com os garotinhos levados, não sabe? São castigados. É
isso que você quer?
Ele
gemeu como um bebé.
—
Gosta de sentir o couro na pele, gosta?
Ele
assentiu com a cabeça, quase explodindo de prazer. Lentamente deitei-me ao lado
dele, prolongando a tortura. Ele tremia de excitação e medo.
–
Tem tido pensamentos sujos, não tem? — sussurrei. "Sim! Sim!", ele
acenou com a cabeça.
–
Tem brincado com o próprio corpo, não tem? "Sim, sim, sim!"
Já
era hora de pôr mais lenha naquela fogueira. Conferi minhas possíveis saídas e
depois sorri. O que eu estava para dizer seria uma total surpresa para o meu
parceiro. Mas, afinal, os especialistas não vivem dizendo que um pouquinho de
surpresa é ótimo para esquentar um relacionamento?
—
Tem violado as leis internacionais, não tem lindinho? — perguntei dessa vez
com a frieza de uma lâmina de aço. — Fala que não violou, fala.
Nichkhun
arregalou os olhos, e uma gota de suor escorreu por seu nariz descomunal.
Estalei o chicote e em seguida soltei a bomba:
—
Tem vendido armas poderosas para os bandidos, não tem?
Isso
dito, várias partes do corpo dele amoleceram como espaguete em água quente.
Tentou gritar aos guarda-costas. Mas evidentemente não conseguiu, com aquela
bola ridícula entre os dentes.
Empurrei
seu rosto vermelho contra o travesseiro, as bochechas espremidas; depois, sem
nenhum aviso e com muita eficiência, virei à cabeça do canalha o mais
violentamente que pude.
Nichkhun
arregalou os olhos outra vez. A bola de borracha escapuliu de sua boca e rolou
pela cama até o chão. O infeliz já não estava mais em condições de brincar com
a vida alheia, seus dias haviam chegado ao fim. Ainda ao lado do corpo inerte
dele, peguei meu celular para ver as horas: oito e meia.
—
Droga! Os Lee!
Taeyeon
ficaria furiosa se faltássemos ao compromisso. Então ouvi alguém bater
timidamente na porta. Um dos guarda-costas, receoso de interromper a farra.
—
Sr. Horvejkul? — ele chamou do outro lado, hesitante. — O avião sai daqui à uma
hora... Senhor?
O
gorila começou a bater mais forte, e achei melhor sair dali o mais rápido
possível. Não queria explicar o que tinha acontecido ao meu
"anfitrião".
Corri
para a varanda, procurei por guardas no telhado — não havia nenhum — e olhei
por sobre o parapeito.
Uns
cinquenta andares abaixo, os táxis da cidade cortavam as ruas como peixes
brilhantes nadando nas águas turvas de um rio. Precisava pegar um deles antes
que os homens de Nichkhun me transformassem no "pescado do dia".
Mas
eu estava preparada. Minha bolsa preta tinha sido concebida para situações
dessa natureza. Sem perder a calma, voltei às portas da varanda, prendi uma
alça da bolsa numa arandela de metal sobre a parede e me virei para a noite
escura.
"Linda
vista", pensei num átimo, e
depois corri em direção ao parapeito. Deveria funcionar.
Atrás
de mim, ouvi os homens de Nichkhun finalmente arrombarem a porta com suas
armas. Hora de dizer adeus.
—
Valeu o empurrãozinho, galera — sussurrei antes de transpor o parapeito com um
salto arrojado. Aos olhos dos capangas boquiabertos eu havia simplesmente me
jogado do telhado como uma espécie de assassina suicida.
No
entanto, muito antes que eu me esborrachasse na calçada, minha bolsa se
desmanchou num fio de kevlar — superfino e quase invisível — que me permitiu
descer pela fachada do hotel como uma aranha e chegar ao chão com toda a
segurança.
Sem
dúvida alguma, a bolsa mais prática que eu usara na vida. Já perto do nível da
rua, larguei o fio e saltei sobre a calçada. Um pedestre que passava por perto
parou para olhar, mal acreditando no que acabara de ver.
"Deve
ser turista", pensei. Mas não fiquei preocupada. Antes que pudesse contar
aos amigos, o tal cara já teria se convencido de que vira uma filmagem externa
para o cinema. Pelo menos assim eu esperava, pois não tinha tempo para me
explicar.
Com
um sorriso entre os lábios, fechei o casaco e caminhei em direção à portaria do
hotel como uma dona-de-casa qualquer voltando do mercadinho da esquina.
Já
estava próxima ao porteiro quando um táxi parou rente ao meio-fio. Entrei no
banco de trás e, a título de gorjeta, sorri carinhosamente para o garoto
uniformizado que me abrira à porta.
–
Obrigada, querido — falei.
–
O prazer foi meu — ele retrucou malicioso.
Depois
de telefonar ao escritório simplesmente para informar que a missão estava
cumprida, refestelei-me no banco do carro e relaxei pela primeira vez desde que
recebera a incumbência. Meu Deus, tudo o que eu queria naquele momento era
tomar uma bela ducha. Com muita água quente e sabão para lavar da pele a
sujeira do mundo. Mas o que eu sentia por dentro não haveria água que lavasse.
Recostei
a cabeça no vidro da janela e procurei por estrelas entre os arranha-céus.
Naquela parte da cidade, contudo, não havia estrelas a não serem aquelas que se
escondiam no interior das limusines. Então fechei os olhos e, com a imaginação,
criei meu próprio céu estrelado.
Muito
semelhante ao que eu vira certa noite em Bogotá.
Taeyeon
pov
Lembrei-me
da festa dos Lee a caminho de casa. Essa não era exatamente minha ideia de
felicidade. Mas havíamos dito que estaríamos lá, e eu achava importante
cultivar a boa vizinhança.
Assim
que entrei em casa, constatei que Tiffany já havia voltado do
"trabalho", pois ouvi passos no andar de cima, em nossa suíte. Então
subi as escadas para lembrá-la da festa. Não vou dizer que me esgueirei até o
quarto, mas admito que não fiz o menor esforço para anunciar minha chegada.
No
vão da porta, vi que ela sofria para abotoar um vestido rosa. Havia algo de
estranho em seus movimentos, mas eu não sabia exatamente o quê. De repente
ficou imóvel como uma gazela pressentindo a aproximação do caçador. Depois se
virou.
–
Querida! — disse com um sorriso forçado. — Não vi você lá embaixo.
–
Acabei de chegar. — Meus olhos estavam pregados nos dela. — Como foi o
trabalho?
Ela
deu de ombros, indiferente. – Tranquilo. O de sempre.
Quando
se aproximou de mim, farejou o ar — as narinas latejando de reprovação — e
franziu as sobrancelhas.
—
Andou bebendo com a Sunny outra vez?
—
Ela estava deprimida — falei como quem não quer nada.
—
Sunny deprimida?
—
Nem todo dia é perfeito — respondi. Sei que o humor negro não é
politicamente correto, mas, caramba, eu precisa me divertir um pouco. Tiffany
passou por mim e saiu do quarto. Fez o que pôde para evitar que nos tocássemos.
A famosa dança dos casamentos falidos.
Passei
no quarto da Seohyun só pra verificar, ela ainda estava com aquela amiga, mas
agora estavam jogando videogame alegremente. Decidi não interromper e nem
contar á Tiffany sobre isso, ela com certeza enxeria a garota de perguntas, ela
não entende, são crianças precisam de espaço, as vezes acho que a Seo não traz
amigos aqui por isso. Continuei meu caminho.
Segui-a
escadaria abaixo e peguei uma garrafa de vinho ao passarmos pela cozinha.
Estava até aliviada por termos uma festinha pela frente. Um pouco de conversa
fiada, regada a um bom vinho, talvez fosse mesmo a melhor pedida da noite.
–
Tudo bem no escritório? — perguntei, já na varanda dos Lee.
–
Tudo ótimo — não falava muito mais do que isso quando o assunto era trabalho.
Felizmente
a porta se abriu, eles nos receberam como se fôssemos seus melhores e mais
antigos amigos.
–
Bem-vindos vizinhos!
–
Oi! — eu disse, caprichando no sorriso para que não parecesse tão falso.
Tiffany
e eu ficamos juntas o suficiente para que nos servissem os drinques e nos julgassem
o mais feliz dos casais. Depois nos dispersamos, visitando cada uma das
rodinhas de conversa. Acabei chegando ao piano de meia cauda, onde um
convidado com o cabelo emplastado de gel tocava alguma coisa: "Stairway
to Heaven", do Led Zeppelin, ou a "Mondschein", de Beethoven, eu
não sabia ao certo. Depois atravessei uma nuvem de fumaça de charutos produzida
por um grupo de investidores que não falava de outra coisa a não ser de ações e
debêntures.
–
Está brincando? — disse um deles. — A Duxbury jamais chegará a esse preço!
Ouvi dizer que as ações estão sendo abatidas a cutelo.
–
Um banho de sangue — confirmou um outro.
Só
bêbada eu podia aguentar aquelas conversas, fui até a cozinha pegar algo pra
beber. Um problema que precisava ser remediado já.
Tiffany
pov
Cheguei
em casa pouco depois das nove. Não tinha tempo para tomar banho; portanto,
peguei um vestido qualquer do meu guarda-roupa de "mulher recatada" e
joguei-o por cima do modelito dominatrix que eu vestira antes.
Eu
ainda fechava os botões quando meu alarme interno disparou. Logo pude
identificar o invasor no espelho da cómoda. Taeyeon, parada no vão da porta, me
analisando. Na verdade, quase me matou de susto. Que ousadia, a
dela. Ninguém espreita Tiffany Kim.
Além
do mais, que espécie de esposa espreita a mulher dessa maneira? Por quanto
tempo ela estava ali, me olhando? Teria visto o que eu usava por baixo do
respeitável vestidinho rosa?
Andamos
pelo quarto cuidando para não nos tocarmos — como se dançássemos uma quadrilha
às avessas, que somente os casais de longa data sabem dançar —, trocamos
algumas alfinetadas de cunho passivo-agressivo e por fim nos dirigimos à casa
dos Lee, bem ao lado da nossa. Eu não era lá muito fã das reuniõezinhas que
eles costumavam oferecer, mas naquela noite fiquei feliz por ter onde me
refugiar.
Ainda
antes de entrarmos, Taeyeon começou a fazer perguntas sobre meu trabalho.
Estranho, pois havia muito ela deixara de se interessar. Fiz o que pude para
não começar a transpirar, o que se mostrou quase impossível, dada a quantidade
de couro que eu trazia debaixo da minha fantasia de country club.
No
entanto, quando os Lee abriram a porta, Taeyeon e eu estampávamos no rosto
nossos sorrisos pré-fabricados de casal perfeitamente feliz. Eram raros
vizinhos que gostavam de nós, alguns nunca conversaram com a gente e sempre nos
olhava torto só por sermos um casal gay. Os Lee nos aceitava e respeitava,
sempre nos convidando pra jantares e etc. e seus amigos fingiam gostar da
gente, então tínhamos que atura-los.
Os
anfitriões nos fizeram entrar e nos serviram drinques; nesse meio tempo, pensei
com os meus botões: "Que diabos estou fazendo aqui?”.
Toda
aquela gente que víamos nos churrascos e nas festinhas de fim de ano. Os homens
nos lançando olhares cobiçosos, as mulheres nos cumprimentando com beijinhos no
ar ou acenos afetados.
Taeyeon
sempre mantinha um braço envolta de mim, como se eu fosse seu troféu mais
precioso. Se ela não fosse mulher, com certeza, ela seria o perfeito marido
americano. Ela até se dava melhor com homens do que com mulheres.
“Acham
que somos o casal perfeito", pensei enquanto sorria e retribuía
os beijinhos. As mulheres viam o jeito amoroso com que Taeyeon me tratava (na
frente dos outros, claro) e tinham inveja de mim; Os homens às vezes me
abordavam na cozinha, me elogiando e elogiando ela.
Ah,
se eles soubessem a verdade... eu estava tão cansada de tudo. Missões como a
daquela noite às vezes me deixavam deprimida — eu preferia mil vezes o bom e
velho tiro certo.
Além
disso, não se tratava apenas de um disfarce; aquela era a minha vida,
aqueles eram os meus vizinhos. Pessoas legais — a maioria delas —, talvez só um
tantinho enfadonhas. Esse era o mundo perfeito com o qual eu sonhara desde
menina.
Portanto,
talvez fossem os trajes de dominatrix sob o vestido que me davam a
sensação de não pertencer àquele lugar. Uma "vida dupla" para a maior
parte daquelas mulheres significava abandonar as obrigações de mãe e esposa
para presidir voluntariamente a Associação de Pais e Alunos. O que diriam se
soubessem o que realmente faço da minha vida?
Como
de costume, Taeyeon logo me abandonou com as mulheres, em favor da conversa
mole dos homens, deixando-me livre para trocar receitas de bolo, dicas de
jardinagem e fofocas sobre os vizinhos com as outras mulheres.
Então
ali estava eu, conversando com três mulheres cujos acessórios incluíam um bebé
entre os braços. A mamãe número um exibia sua queridinha como se fosse a
primeira menina a nascer no planeta.
Tive
de sufocar o riso quando o bebé "perfeito" regurgitou uma gosma
horrível sobre as calças do terninho dela. Mas a mamãe número um apenas sorriu,
resignada; depois olhou para mim e disse:
—
Segura ela um instantinho só enquanto eu me limpo?
O quê?
E
a mulher jogou a criança nos meus braços. Nenhuma das situações pelas quais eu
havia passado naquela noite chegou a me assustar tanto quanto aquela.
—
É que... — tentei dizer. Mas a mamãe já havia desaparecido.
Prendi a
respiração e baixei os olhos para ver aquele pacotinho que não parava de se
contorcer. Armas, nenhum problema. — Homens se comportando como
bebés eu tirava de letra. — Mas bebezinhos de verdade eu mal sabia como
segurá-los. "Deus queira", pensei "que eu
não deixe a pobrezinha cair no chão!".
Por
um instante a menininha e eu ficamos olhando uma para a outra; ela parecia tão
assustada quanto eu por ter sido jogada naquela inesperada relação. Talvez
pudesse perceber que eu não era do tipo maternal. Nunca fui, nem com a minha
sobrinha, as vezes parecia que a Taeyeon era a tia dela, sempre se importando e
cuidando, isso não fazia muito a minha praia.
–
Filhos são tudo na vida, sabia? — disse a mamãe número dois.
–
Também acho — interveio a mamãe número três. — É como se eles fossem capazes de
enxergar até a nossa alma!
"Essa
não!" pensei. Olhei para o
E.T. em meus braços, que também olhava para mim. Seria possível que a
espiãzinha fosse mesmo capaz de ler meus pensamentos? De ver minha alma e saber
o que eu fizera uma hora antes com essas mãos que agora a seguravam?
Respondi
às mamães com um sorriso amarelo e tive a sensação de que a qualquer momento eu
seria presa, julgada e condenada pelo estilo de vida que havia escolhido. E, de
repente... ela sorriu para mim. A pequena assassina!
Por
um instante não consegui respirar. Foi como se tivesse recebido um choque
elétrico direto no coração.
— Ela
gosta de você! — disse a Sra. Lee, olhando sobre meus ombros. Por fim soltei o
ar dos pulmões e sorri de volta para a criaturinha adorável. "Obrigada
por não me delatar, bonitinha."
Senti
uma espécie de alívio. Mas não foi só isso. Senti também alguma outra coisa,
muito estranha, que eu não sabia ao certo como descrever. De repente, ao tentar
pegar o meu colar, a diabinha abriu o botão de cima do meu vestido rosa,
revelando um pedacinho do couro que eu usava por baixo. Rapidamente fechei o
botão, na esperança de que ninguém tivesse visto nada. Por sorte a atenção das
mamães já havia se virado para alguma bugiganga nova nas prateleiras. Mas eu
sentia claramente um par de olhos distantes pregados em mim.
Os
olhos de Taeyeon, observando-me com o bebé no colo. Ela parecia estar com dor.
Estranho. Deixamos a festa depois disso. Ela falou que estava com uma dor de
cabeça horrível, e o caminho todo pra casa foi feito em silencio absoluto. Assim
que passamos pela porta Taeyeon se trancou no banheiro enquanto eu me enterrei
no closet desesperada pra tirar aquele traje de couro calorento. Escutei a água
cair das no banheiro e suspirei aliviada por poder tirar aquilo, mal meu
vestido caiu e eu senti alguém me vigiando. Implorei a Deus que fosse paranoia,
mas meus sentidos eram bons demais.
Virei-me
pra encontrar o olhar gélido de Taeyeon, eu nunca temi por minha vida como
estava temendo agora. Ela tinha me pego direitinho. Malditas torneiras temporizadas!
–
Foi trabalhar vestida assim, querida? – perguntou asperamente, seu olhar
carregado de raiva e sua voz tão fria quanto um iceberg.
–
Não. – respondi tentando parecer natural.
–
Então como você explica essa roupa? – ela se aproximou me encurralando, eu não
tinha para onde correr.
–
Eu comprei pra você – menti deslavadamente e podia ver que ela não ia comprar
essa desculpa.
–
Pra mim... ? – perguntou incrédula.
–
Sim... Pra ver se você toma alguma atitude, eu sinto falta da Taeyeon que eu me
casei há anos atrás – ela parecia querer correr agora, eu tinha pego ela – Eu
sinto falta de quando ficávamos juntas horas na cama. – Ela desviou o olhar, eu
dei um riso amargo – De quando você não era tão frouxa!
Eu
nem sei o que me atingiu, no minuto seguinte eu estava presa contra a parede do
closet e Taeyeon segurava minha mãos me deixando completamente dominada.
–
Eu vou te mostrar quem é frouxa! - Rosnou ela tomando meus lábios num beijo
feroz.
Ela
sugava e mordia meus lábios sem a menor delicadeza, sem pedir permissão sua
língua invadiu minha boca, ela aprofundou o beijo me erguendo e batendo minhas
costas contra a parede. Sem apoio passei minhas pernas envolta dela e desgrudei
nossas bocas.
–
Tae... – chamei, mas ela não me deu atenção. Puxou com força até descompactar
meu traje puxando ele pra baixo, ela parou um minuto pra olhar meus seios e com
os olhos escurecidos de desejo ela tomou um na boca e começou a beija-lo e
suga-lo sem menor cerimônia. Ela bateu seu quadril contra o meu e eu deixei
minha cabeça cair contra a parede. Ela escorregou as mãos até minha bunda
apertando fervorosamente. Eu só conseguia gemer, nenhum pensamento coerente
passava por minha cabeça.
Ela
nos levou até a cama e me jogou lá, logo ela estava em cima de mim. Eu tentei
toca-la, mas ela não permitiu segurando minhas mãos em cima da minha cabeça.
Ela sugava meu pescoço e eu tinha certeza que estaria cheio de marcas amanhã.
Bruscamente arrancou minha roupa, e começou a descer seus beijos por meu corpo.
Ela mordeu com força meu quadril, depois desceu pra minhas coxas, ela beijou a
parte interna delas com fervor antes de finalmente chegar onde eu queria.
Taeyeon
sempre adorava me torturar em horas como essa e eu a odiava por isso, ela
desacelerou o ritmo e começou a mover a língua lentamente. Eu sabia que ela
queria que eu implorasse, mas eu não ia dar esse gosto a ela. Logo ela viu que
não daria certo e moveu sua língua pra minha entrada. Seus movimentos eram
rápidos e precisos, eu senti o familiar aperto no ventre antes de vir, mordi
meu lábio com força pra não gritar o nome dela.
–
Você sempre teve um gosto bom. – resmungou ela antes de voltar a tomar
meu clitóris na boca e me penetrando com dois dedos. Não demorou muito e eu vim
uma segunda vez, e dessa vez eu não consegui segurar o grito.
-
Não grita amor, a Seobaby esta dormindo a um quarto daqui, não quer que ela
escute esse tipo de coisa não é? – ela me perguntou.
O
tão típico sorriso presunçoso dela me dava vontade de estapeá-la. Mas eu estava
exausta demais pra pensar em violência.
–
Cansada amor? – rosnou ela no meu ouvido. Eu a ignorei tentando recuperar as
forças nas pernas, ela deu um risada baixa no meu ouvido e voltou a atacar o
meu pescoço.
–
Tae... já deu...
–
Eu estou só começando – disse ela se levantando da cama, eu virei à cabeça e vi
ela vindo em minha direção. Meus olhos se arregalaram quando eu vi o que ela
tinha na mão – Lembra-se dele?
–
TaeTae...
–
Não tem TaeTae, você queria que sua esposa frouxa tomasse uma atitude, certo? –
falou ela ajoelhando na cama – Eu estou tomando. De joelhos Tippany!
Eu
engoli em seco, ela queria me matar...
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Quando
eu acordei no dia seguinte meu corpo todo estava dolorido, eu me sentei na cama
e me embrulhei no lençol, fiz um esforço sobre-humano pra levantar da cama.
Senti os músculos das minhas coxas queimarem quando me forcei a ficar de pé.
Caminhei até o closet pra pegar um roupão, ao parar na frente do espelho notei
meu pescoço coberto de chupões. Deixei o lençol cair e vi meu corpo todo cheio
de hematomas. Parecia que eu tinha levado uma surra de um lutador de vale tudo.
Ia da um trabalho dos infernos esconder aquilo.
Bufei
indignada, ela ia me pagar por isso. Ah se ia! Encontrei minha adorável esposa
preparando o café. Ela estava vestia em um robe e com o cabelo todo bagunçado.
Seria fofo se eu não quisesse mata-la.
–
Olha o que temos aqui, a Bela adormecida resolveu levantar – disse ironicamente
– Cansada, amor?
Eu
ignorei-a, peguei uma xicara de café e o jornal, e me sentei emburrada na
cadeira. Grande erro. Fiz uma careta dolorida e a filha da puta gargalhou na
minha cara.
–
Dolorida, querida? – perguntou sínica.
–
Vai pro inferno!
–
Bem, eu vou me trocar, tenho trabalho. A Seo já esta na escola. Até o jantar! –
ela saiu da cozinha com um sorriso vitorioso, meu dia não podia piorar. – Ah, e
ligaram do seu serviço.
Eu
franzi o cenho. Por que diabos me ligaram se hoje eu entrava as duas. Bati meus
olhos no micro-ondas e engasguei com o café. Eram três e quinze! Eu ia matar
Taeyeon lenta e dolorosamente.
Cheguei
exausta, mal tive tempo de comer e cai na cama, não fiz o jantar. Taeyeon
parecia uma criança que acabara de receber seu presente de natal quando o
entregador deu a pizza na mão dela, ela subiu as escadas correndo em direção ao
quarto da Seohyun. Nossa rotina tinha sido quebrada mesmo, então dane-se a
perfeição.
Quando
Taeyeon foi deitar eu fingi estar dormindo, ela apagou as luzes, puxou as
cobertas até o queixo e deu as costas pra mim. Hoje nós estávamos mais
distantes que ontem e eu pela primeira vez em anos eu tive a impressão de ouvir
ela chorar. Me virei pra checar, mas ela estava de costas pra mim. Fiz um
movimento pra toca-la, mas me freei. Fiquei parada escutando ela fungar um
tempo.
Não
sei se dormi. Mas, deitada de lado, ainda com as costas de Taeyeon virada pra
mim, tive a impressão de que via os segundos da minha vida se sucederem no
relógio digital, os minutos parecendo horas. 11h20. 12h04. 1h37... 3h00.
De
repente, dois telefones tocaram. Os nossos celulares. Taeyeon e eu nos sentamos
imediatamente e nos viramos em direções opostas. Seria possível que ela também
estivesse acordada todo aquele tempo?
Acendemos
nossas luminárias. Depois nos sentamos na beira da cama — cada uma de seu lado,
como imagens espelhadas uma da outra — e atendemos nossos telefones.
—
Tiffany Kim.
—
Kim Taeyeon.
Do
outro lado da linha, uma voz masculina. Elegante, sotaque britânico. Era meu
chefe. Codinome: Papai. Eu podia vê-lo em seu escritório escuro e sóbrio; na
minha imaginação ele jamais saía daquele lugar nem sequer dormia, a mente
sempre ocupada com novos planos secretos.
—
São três da manhã — eu disse baixinho. — Tudo bem... Papai?
Uma
nova missão. Urgente. Papai me deu as instruções com palavras curtas e
diretas, dispensando qualquer tipo de amenidades. Nenhum "Olá, como
vai?". Nenhum "Acordei você?" Nenhum "Dê um abraço em sua
esposa por mim".
—
Sim. Tudo bem. Claro — eu disse.
Um
clique, e a chamada se interrompeu. Nenhuma palavra de despedida. Atrás de mim,
Taeyeon ainda falava em seu celular.
—
Essa foi a segunda vez nesta semana — ela sussurrou apertando a têmpora, ela
estava chateada, eu só não sabia se era comigo ou com o trabalho. Uma pausa
longa e: — Certo. Eu compreendo. Tudo bem.
Ouvi
o clique do celular se fechando. Ficamos ali, em silêncio por algum tempo. Eu
podia ouvir os pensamentos dela. Viramos uma para a outra no mesmo instante.
—
O que foi? — perguntou ela casualmente.
—
Papai não está muito bem — eu disse, fingindo preocupação. — Mamãe está
apavorada, acha que é pneumonia. Provavelmente é só uma gripe.
Taeyeon
refletiu um pouco e, com cautela, disse:
—
Talvez seja melhor você faltar ao trabalho amanhã... Não custa nada dar um
pulinho até lá e ver como ele está.
Analisei
o rosto dela através da penumbra. "Por que tanta gentileza?", pensei.
—
Sua mãe ficaria superfeliz — ela continuou — se você passasse a noite na casa
deles.
"E
você também, não é?", tive vontade de
perguntar. Mas em vez disso falei:
–
Você é um anjo.
– Só
estou pensando na saúde do velho — ela retrucou, sacudindo os ombros. "Na
saúde do velho... Sei."
–
E a sua chamada, quem era?
–
Escritório de Atlanta — ela respondeu de pronto. Talvez um pouco demais. —
Mandaram um e-mail com o perfil de uma nova companhia, coisa grande —
E sacudindo novamente os ombros, emendou: — De qualquer jeito eu já sabia que
os próximos dois dias não seriam nada fáceis. Vou trabalhar pra caramba.
Então
balançamos a cabeça uma para a outra, satisfeitas. Eu havia engolido a história
dela; e ela, a minha. Como numa coreografia de bale, apagamos juntas as
luminárias e voltamos para debaixo das cobertas. Fechei os olhos e fiquei ali,
no escuro, mãos cruzadas sobre o peito como as de um cadáver no caixão. E podia
sentir que Taeyeon fazia a mesma coisa. Lenta, mas progressivamente, estávamos
nos enterrando vivas.
Notas Finais: Até a próxima! o/