“Tiffany, tem certeza que você consegue?”

Jessica me perguntou antecipando a resposta.

“Claro que consigo.”

Eu só podia ser louca por concordar. Mas essa pequena maldade não iria doer. Iria?

“É melhor mesmo, ou você nunca vai se livrar dela!”

Jessica era minha melhor amiga no ultimo ano do colegial. Estudávamos com Taeyeon, que virou um inferno na minha vida. Não é fácil lidar com alguém que faz o possível para te deixar mal.

“Bom essa é sua chance, anda!” Me empurrou.

“Calma!” “Eu não estou pronta.” Rimos.

Ideia idiota, eu sabia.

Entrei na sala, pisquei para Jéssica e fechei a porta.

Só Taeyeon estava lá. Dormindo na janela durante o intervalo. Parei um pouco para admirá-la, 18 anos. Sempre sozinha. Não gostava de conversar com ninguém.

Limpei o suor do rosto e me aproximei dela sem fazer barulho. Perfeito. Ela estava debruçada sobre a mesa deixando o cabelo cair sobre as costas.

O dia estava quente. Toquei no cabelo dela que recentemente ela mudou do louro para castanho e meu coração começou a acelerar, desistir talvez fosse melhor, o que eu queria fazer era errado mas...cortei uma mecha. Duas. Era impossível conter o riso eu estava cortando tão curto.

Quando terminei os últimos fios ela acordou.

Pânico. Eu não sabia o que fazer.

Os olhos dela me congelaram.

Eu esperei um grito, explosões de raiva, qualquer coisa.

Nada.

Ela continuou me olhando.

Os fios de cabelo estavam por todo o lado, no chão, nela, em mim. Soltei a tesoura e me senti cometendo um crime. Seria melhor se ela tivesse gritado.

“Divertido?”

A voz saiu rouca e os olhos castanhos ficaram vermelhos e cheios de lagrimas. Taeyeon fechou os punhos até ficarem brancos.

Ficou de pé na minha frente e eu vi o rosto com mais precisão. E me assustei.

Linda, ela tinha ficado mais linda. Como?

O olhar dela me desarmou.

“Me perdoa.” Chorei.

A expressão que ela tinha no rosto e a culpa que eu sentia me corromperam.

“V-você pode me bater.” Sugeri.

Nada.

Seria melhor que tivesse me batido.

Em nenhum momento parei de olhar nos olhos dela.

E não dava mais para conter meu choro.

Meu peito estava sufocando, um nó enorme na garganta, solucei abertamente.

Devagar coloquei meu rosto na curva do pescoço dela e chorei mais.

Quente e cheirava bem. Eu sempre quis essa proximidade entre nós.

Passei meus braços na cintura dela.

E a abracei com força.

Fechei os olhos molhando a roupa dela com minhas lagrimas.

Ela me deixou ali um pouco.

Segura.

No silêncio.

 A pior de todas.

Me deixou me apaixonar por ela.

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