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- Ponto De Fusão Capítulo 23
julho 28, 2013
Fanfic Ponto De Fusão
Escrita por BellVK
[+16]
"Termine tudo o que você possui com ela. Você tem uma
semana para acabar com essa palhaçada."
A voz de seu pai ressoava em sua mente, fazendo a garota
tremer em medo. Ela mordeu o lábio inferior, sentindo seus olhos arderem. Yuri
levou as mãos aos rosto, lutando contra as lágrimas que faziam questão de
escorrer pela sua face. Apesar do fato de ela ter descoberto o sobrenome de
Jessica, ela não conseguia se desapegar da garota. Yuri não sabia explicar, mas
ela sentia uma necessidade de ter Jessica. Ela sabia que aquilo estava além de
amizade ou paixão. Ela sabia que aquilo era amor. Mas ela não estava pronta
para amar. Um soluço escapou de sua garganta, somente para fazer caminho para
vários outros escaparem. A garota voltou a morder o lábio inferior, numa inútil
tentativa de parar os soluços.
Ela passara 3 dias sem falar com Jessica. Três insuportáveis
dias. Yuri sentia seu coração apertar todas as vezes que ela lembrava das
tentativas de Jessica. Ligações, mensagens, cartas... Sem contar as várias
vezes que Jessica foi até a casa de Yuri ou parou a morena na rua. Sempre,
sempre que Jessica perguntava o porquê daquilo, a garota sentia seu coração
apertar. "É para a sua própria segurança, Sica...". Era o que Yuri
tinha vontade de responder. Mas, não. Ela preferia mentir. "Estou
ocupada.". Era a sua resposta, curta e fria. Com o passar dos dias,
Jessica foi desistindo. Ela já não procurava Yuri, porém continuava a ligar e
mandar mensagens. Yuri passou as mãos no rosto, limpando a trilha de lágrimas.
Ela respirou fundo. O que está feito, está feito e não há como voltar atrás. A
garota sentiu uma vibração em seu bolso. Yuri respirou fundo, já sabendo quem
lhe mandara uma mensagem.
"Kwon Yuri."
Seu nome era todo o conteúdo da mensagem. A garota arregalou
os olhos, engolindo em seco. Ela releu a mensagem e o remetente. Sim. Jessica
mandara aquela mensagem. Yuri deixou o celular cair na cama. Ela fechou os
olhos, passando a mão pelos cabelos. Agora tudo estava acabado.
–----
– Jessica, eu quero que você mantenha distância daquela
garota. - Sr. Jung pediu. A garota franziu o cenho, confusa.
– Yuri? - Ela indagou. O homem assentiu. - Mas pai...
– Sem 'mas'! - Ele cruzou os braços. Jessica suspirou.
– Eu não entendo... O que Yuri fez de mal? - Ela perguntou.
– Não é o que ela fez... É o que ela fará. - Ele respondeu.
Jessica jogou a cabeça para o lado, sua confusão visível. - Jessica, apenas
faça o que eu digo.
– Mas, pai! Yuri é minha melhor amiga! - Jessica reclamou,
batendo o pé no chão.
– Eu estou tentando lhe poupar, Jessica. - Suspirou. A
garota mordeu o lábio inferior.
– Pai... Me diz o que está acontecendo?
– Eu acho melhor não...
– Pai. - Jessica insistiu. O homem passou a mão pelo rosto,
respirando fundo.
– Você sabe qual é o sobrenome de Yuri? - Ele perguntou. A
outra sacudiu a cabeça. - Kwon... Kwon Yuri.
– K-Kwon... - Jessica arregalou os olhos, chocada. Ela
engoliu em seco.
– Jessica... - Sr. Jung caminhou até a garota, envolvendo-a
em um abraço.
– E-ela m-mentiu! - A garota soluçou, deixando lágrimas
lavarem seu rosto. - E-ela disse que ela me amava! E-então tudo era uma
m-mentira?!
– Eu não sei, meu amor. - Ele suspirou.
– Eu vou acabar com essa garota! - Jessica exclamou, de
súbito.
– Jessica...
– Ninguém... Eu repito, ninguém faz Jessica Jung de burra! -
Ela disse, entre dentes.
– Se acalme, minha filha. - Sr. Jung acaricou os cabelos da
garota numa tentativa falha de acalmá-la.
– Não! - Ela gritou, empurrando a mão do pai. - Você queria
Kwon Yuri morta, certo?! Pois bem, você vai ter Kwon Yuri morta!
– Jessica, matar não é a solução para tudo. - Ele continuou
calmo. Jessica bufou, cruzando os braços. - Porém, eu aconselho que você
mantenha distância... Não podemos confiar nos Kwon.
– Sim, eu sei que não podemos confiar nos Kwon... - Ela
murmurou.
–----
"Me encontre no parque em frente à minha casa daqui há
30 minutos."
Jessica jogou o celular na cama após terminar de escrever a
mensagem. Ela passou as mãos pelo rosto, apagando os traços das lágrimas. Ela
limpou a garganta, olhando seu reflexo no espelho. Ela riu, sarcástica. Seus
olhos estavam vermelhos, seu rosto pálido, seu cabelo bagunçado. Ela desviou o
olhar do espelho, fixando-o no celular. O pequeno aparelho vibrava, indicando
uma ligação. Ela deixou-se cair na cama, suas mãos alcançado o celular. Um
sorriso apareceu em seu rosto ao ver quem estava lhe ligando.
– Krystal! - Jessica atendeu a ligação. Ela ouviu a garota
rir.
– Sica, também não precisa gritar. - Krystal reclamou,
tentando fingir irritação. Jessica apenas riu.
– Krys, onde você está? Você passou o dia inteiro fora de
casa. - A mais velha perguntou, curiosa. O silêncio se fez presente. A única
coisa que Jessica ouvia era a respiração da outra. Ela franziu o cenho. -
Krystal?
– Jessica... Quando eu chegar em casa eu te conto. - A
garota tentou escapar.
– Não, não! - Jessica sacudiu a cabeça. Ela sentia a
curiosidade lhe corroer. - Krystal, eu acho melhor você me contar, senão...
– Ok! - Krystal exclamou, suspirando em seguida. A outra
sorriu, vitoriosa. - Jessica, eu preciso desligar.
– Krystal...
– Eu juro que eu conto quando eu chegar em casa! - Ela disse
antes que Jessica pudesse protestar. - Tchau tchau!
– Jung SooJung! - Tarde demais, a ligação já havia sido
terminada.
Jessica suspirou, irritada. Ela já deveria estar acostumada,
mas parecia impossível se acostumar com as saídas de Krystal. A mais nova
sempre saía de noite e só voltava no outro dia. Jessica sempre tentava arrancar
respostas da garota, porém Krystal sempre conseguia se safar. Seja dizendo que
estava cansada ou contando mentiras sobre seu paradeiro. Você se pergunta: 'e
os pais da garota?'. Muito ocupados para notar a ausência frequente da mesma.
Jessica olhou para o relógio em sua cabeceira. "20 minutos
restantes." Pensou. Ela desviou o olhar para o celular, mordendo o lábio
inferior.
– Krystal pode esperar. - Disse, tomando sua decisão. Ela
agarrou uma roupa qualquer e se dirigiu ao banheiro para tomar um banho.
"Jessica, eu preciso que você venha até o parque que
fica em frente à nossa casa... Nosso pai me ligou e ele está à minha procura...
Me ajuda, Sica! :(" Seu celular piscou, a mensagem aparecendo na tela.
–----
Yuri se balançava de um pé para o outro. Seus braços
cruzados à frente de seu peito, tentando acumular o máximo de calor possível em
seu corpo. Como se era esperado, o mês de Janeiro era um dos mais frios durante
o ano. E por que Yuri estava em pé no meio de um parque, sentindo sua pele
gelar nos lugares onde os flocos de neve tocavam? Simples, porque Jessica Jung
pedira. Yuri sabia que ela precisava resolver tudo com Jessica. Ela precisava
se explicar, contar a verdade. Porém, Yuri não tinha certeza se ela conseguiria
falar. A garota já sentia seus lábios congelarem e seu queixo tremer. Ela
suspirou, observando uma fumaça branca escapar de sua boca. Yuri fechou os
olhos, tentando ignorar aquela sensação de estar sendo congelada viva. Ela
começou a chutar a neve que cercava seus pés. Dizem por aí que você precisa se
manter em movimento para não haver perda de calor, e era exatamente isso que
Yuri estava fazendo. Ela começou a andar em círculos, seus olhos vidrados no
chão. Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto ao ver a trilha de pegadas.
– Yuri-unnie?
– Krystal, o que você está fazendo aqui? - Yuri perguntou,
girando nos calcanhares. A mais nova sorriu de canto, seus olhos fixos no chão.
– Unnie, foi você quem ficou andando em círculos? - Ela
perguntou, apontando para o formato na neve.
– É-é... - Ela assentiu, timidamente. Krystal riu.
– Você deveria saber que está fazendo -5º, unnie... - Ela
disse, cruzando os braços. - Você não deveria estar aqui fora, brincando na
neve... Você pode adoecer, unnie.
– Aish, você fala como minha mãe. - Yuri reclamou, causando
risos em Krystal.
– Unnie, eu só quero o melhor para a minha cunhada. - A
garota piscou. Yuri mordeu o lábio inferior, sentindo seu rosto esquentar.
– Krystal... Sobre esse assunto... - Yuri engoliu em seco,
preparando-se para explicar tudo para a outra.
– Jung SooJung! - Um homem gritou ao longe. Krystal
arregalou os olhos. Aos poucos, era possível ver um homem se aproximando. Ele
tinha as mãos dentro do bolso da calça, seus olhos cobertos por um óculos.
Quando ele estava perto o bastante, ele fitou Yuri para logo após voltar sua
atenção para Krystal. - Volte para casa.
– Mas, pai... - Ela tentou se explicar. Yuri gelou, seus
olhos arregalados. Ela sentiu seu corpo tremer, e sua mente ser tomada pelo
medo.
– Vá. Para. Casa! - Ele rosnou, frio. Krystal franziu o
cenho.
– Você nunca me tratou assim, pai! - Exclamou. Yuri começou
a dar pequenos passos para trás, preparando-se para correr.
– Eu quero você longe desse monstro! - Ele gritou, apontando
para Yuri. A última engoliu em seco.
– Pai, ela é minha amiga! - Krystal rebateu. Yuri sacudiu a
cabeça para a garota, pedindo para que a mesma obedecesse o homem.
– Ela não é sua amiga! Ela está apenas lhe usando! - Krystal
arqueou as sobrancelhas, seus olhar divergindo entre Yuri e Sr. Jung.
– No pequeno espaço de tempo em que nos conhecemos, ela fez
muito mais por mim do que o senhor fez durante toda a minha vida. - A garota
disse, caminhando até Yuri e parando ao seu lado. O homem rangeu os dentes,
puxando uma pistola de dentro de seu casaco. Krystal arregalou os olhos,
chocada. - Pai!
– Eu não vou deixar esse monstro machucar as minhas filhas!
- Ele gritou, engatilhando a arma. Yuri fechou os olhos.
Um disparo se fez presente. Yuri esperou. Nada... Nada
aconteceu. Ela abriu os olhos, encontrando o rosto de Krystal próximo ao seu.
Yuri fez menção de que iria sorrir, porém algo estava errado. O peso de Krystal
estava caindo sobre seu corpo, os olhos da garota estavam molhados, enquanto
lágrimas escorriam pelo seu rosto. A realidade se fez presente. Yuri soltou uma
exclamação, algo quente escorria pelas suas mãos que estavam coladas às costas
de Krystal. Lentamente, a garota começou a deslizar de seu abraço. Yuri se
ajoelhou, segurando Krystal em seu colo. Ela se recusava a deixar a garota
deitar na neve. Por fim, uma lágrima escapou dos olhos de Yuri. A morena mordeu
o lábio inferior, querendo se forte pela mais nova. Krystal forçou um sorriso,
escondendo o rosto no abdômen de Yuri. A última levantou os olhos. Encontrando
nenhum rastro daquele homem. Ela sentiu o ódio se fazer presente em seu ser.
Ele acabara de atirar na própria filha, e mesmo assim, ele fugiu?! Deixando a
garota morrendo aos poucos? Um pequeno cutucão capturou a atenção de Yuri. Ela
abaixou a cabeça, seus olhos fixando-se na face de Krystal.
– U-Unnie... - Ela murmurou. Yuri sorriu, acariciando seu
rosto. - V-você e-está b-bem?
– Sim, Krystal... Graças à você, meu anjo. - Yuri deu tudo
de si para que sua voz saísse limpa, forte. Krystal riu. Seus risos logo se
tornarem tosses.
– U-Unnie... M-me p-promete... - Ela respirou fundo, seu
rosto se distorcendo em dor. - M-me p-promete q-que você v-vai c-cuidar de
J-Jess-ica.
– E-eu prometo, Krys. - Yuri assentiu, lágrimas agora
corriam livremente pelo seu rosto. A morena sentia seu coração se contorcer em
dor, ela não aguentava ver Krystal naquele estado.
– U-Unnie... - Ela chamou mais uma vez, um pequeno sorriso
em seu rosto. - D-diz p-para S-Sica q-que a r-raz-ão d-de e-eu e-star
p-passando a n-noite f-fora...
– Krys, você não precisa me dizer isso.. - Yuri mordeu o
lábio inferior. Sacudindo a cabeça levemente. A mais nova sorriu.
– E-eu e-estou a-apaixonada, u-unnie. - A garota confessou,
seus olhos brilhando. Yuri soltou um pequeno soluço ao ouvir a declaração da
garota. - E-ela é l-linda, u-unnie...
– Krys...
– E-ela m-me f-fez s-sentir d-diferente... E-ela me f-fez
e-enx-ergar o a-amor. - Krystal tossiu, uma gota de sangue escorrendo de sua
boca. - E-eu n-não me ar-rependo d-desses ú-últimos m-meses c-com ela... E-eu
n-não m-me a-arrependo de t-ter p-pulado n-na f-frente da b-bala... E-eu morro,
u-unnie... M-mas eu m-morro f-feliz e-em s-saber q-que eu f-fiz a d-diferença
n-na v-vida de al-guém.
– Você não vai morrer, Krystal. - Yuri tentava convecer não
só a garota, mas também a si mesma. Krystal sorriu, assentindo. - E-eu vou te
levar para um hospital.
– U-unnie... - Com isso, a garota começou a fechar os olhos.
Yuri entrou em pânico.
– Krystal! - Ela deu pequenos tapas no rosto da garota, sem
receber reação. - Krystal!
"Se ela morrer, eu vou acabar com a vida daquele
desgraçado!" Yuri gritou em sua mente, enquanto tentava acordar a garota.
Várias tentativas, vários minutos, vários gritos. Nada parecia fazer efeito. O
rosto de Yuri estava lavado em lágrimas. Seu casaco estava manchado com o
sangue da garota, suas mãos igualmente. Ela soluçava incontrolávelmente. Yuri
nunca sentira algo como aquilo em toda a sua vida. Aquela sensação horrível
estava lhe corroendo por dentro. O pensamento de nunca mais ver Krystal sorrir
a enlouquecia. Yuri levou as mãos ao rosto, sem se importar com o sangue que
pintava as mesmas. Ela não estava suportando aquela dor. Sua amiga, sua pequena
dongsaeng... Aquela garota brincalhona, feliz, matura... Yuri não conseguia
aceitar o pensamento de ela estar morta. Seu corpo estava gelado, seu rosto
pálido. Sem se importar consigo mesma, Yuri arrancou o casaco, envolvendo a
garota com o mesmo. Ela segurou o corpo de Krystal junto ao seu, esperando
transmitir calor humano. "Eu prometo, eu prometo que, se Krystal
sobreviver, eu serei uma pessoa melhor... Eu vou tratá-la melhor... Eu vou
levá-la para o colégio todos os dias... Eu vou comprar quanto sorvete ela
quiser... Eu vou deixá-la desenhar em todos os meus mapas... Eu vou tratá-la como
minha própria irmã..."
– Krys! Eu vi sua mensagem e... K-Krystal? - Yuri ouviu
alguém gritar. Ela conhecia aquela voz. A morena depositou um beijo na testa de
Krystal, abraçando-a pela última vez. A pessoa se aproximava, agora estava
apenas à alguns metros de distância. Yuri deitou Krystal no chão cautelosamente
antes de se levantar. As lágrimas continuavam a escapar de seus olhos como uma
torneira aberta. Yuri mordeu o lábio inferior, dando as costas e começando a
correr. Culpa, dor, ódio, tristeza. Os sentimentos enlouqueciam a garota. -
K-Krystal?! Meu Deus! KRYS! Acorda, pelo amor de Deus! Acorda, Jung SooJung!