julho 21, 2013

Fanfic Sra e Sra Kim
Escrita por ByunBiia
[+18]



Notas da Autora: Oii pessoinhas! *--* Estou feliz que estão gostando e sempre deixando seus comentários ^-^ Estava com preguiça de revisar, então se tiver qualquer erro é só avisar. Let's Go!


Taeyeon pov

Mas que garota enfezada! Ela me lembrava alguém muito familiar. Eu rolei pro lado no minuto em que ela atirou, a bala passou raspando minha orelha. Eu corri e me joguei atrás de uma poltrona. Eu escutei um tiro, mas dessa vez não era pra mim. Ergui a cabeça a tempo de ver uma porta de metal se fechando e ela se jogando contra ela.
– Oh não! não! não! – ela berrou. Avistei a arma que ela tinha derrubado embaixo da poltrona. Me contorci enfiando meu braço embaixo dela e peguei a arma.
Ela atirou contra mim de novo e passou muito perto. Muito mesmo. Eu fiquei com medo de tocar meu nariz e descobrir que ele não estava mais lá.
Então fiquei puta da vida. Essa filha da puta vem na minha missão tentar matar meu alvo, deixa ele escapar e ainda atira contra mim. Quem ela pensa que é! Ninguém atira em Kim Taeyeon!


Tiffany pov

Oh não. O Kim escapou! Eu não acredito nisso! Eu ia matar essa baixinha desgraçada. Eu estava furiosa, ela ia me pagar por isso! Ah se ia! Eu atirei contra ela, mas a filha da puta era rápida. Ela atirou em mim e eu abaixei no minuto exato e que a bala subia, passou raspando minha testa.
Agora a porra ficou séria!
Com as armas apontadas uma contra a outra, as luzes acenderam e nossos olhos se encontraram. Eu fiquei estática, aqueles olhos eram muito familiares. Antes que qualquer coisa possa ser pronunciada vozes irromperam o corredor. Os capangas do Sr.Kim.
Nos olhamos e resolvemos que tínhamos problemas maiores do que uma rixa por um alvo perdido. Atirei contra a janela estilhaçando os vidros e nós corremos saltando por ela. Quando pousamos no chão nosso olhar se cruzou de novo. Eu não podia lidar com isso agora. Eu desviei o olhar e corri o mais rápido que pude pra longe de tudo aquilo.


Taeyeon pov

Eu acelerei o carro me afastando daquela confusão, não podia ser... só não podia. Quando foi que minha vida pessoal se misturou com a profissional? Talvez eu tivesse imaginando coisas, afinal morenas assim existiam varias.
Mas aquela boca, aquelas pernas, aquela bunda... não... era ela, só podia ser ela. Eu dormi com essa mulher durante cinco anos. Eu a reconheceria em qualquer lugar.

Tiffany pov

Irrompi no escritório da Archer absurdamente preocupada. Minha vida tinha virado um caos. Tudo que eu acreditava, que eu tinha de sólido, foi – literalmente – atirado pela janela. Assim que passei pela porta, vários pares de olhos se viraram em minha direção, minha equipe já sabia o que tinha se passado a essa altura, mas ainda esperavam ansiosas pelo meu veredito.
– Perdemos o pacote — informei. — O rato fugiu.
Sooyoung afundou na poltrona, desanimada, e soltou um muxoxo. Ela sabia tanto quanto eu que aquele assunto era demasiado importante. Resumo da ópera: eu meti os pés pelas mãos.
– O que aconteceu? – perguntou Soo.
– T-Um intruso atrapalhou a missão – eu não podia entrega-la sem pelo menos uma conversa – Uma mulher. Quero saber quem é essa vaca e o que ela estava fazendo nas minhas terras...
– Tiffany...
–... e quero falar com o...
– Tiffany!
Virei-me para ver o que era, impaciente. Hyomin engoliu em seco e tremendo me mostrou o telefone. Merda. Para ela interromper assim só poderia ser uma pessoa do outro lado da linha.
— É pra você. Papai.
Olhamos uma para outra, receosas. Ela sabia que eu preferiria mil vezes enfrentar o esquadrão da morte do que atender àquela chamada. Mas a coragem é um dos pré-requisitos do meu traba­lho, portanto não hesitei. Peguei o aparelho e atendi. O sotaque britânico de Papai, principalmente quando estava nervoso, era tão incisivo quanto um picador de gelo. Ouvi tudo que ele tinha a dizer sem interrompê-lo, ciente de que merecia cada uma daquelas tijoladas. Mesmo assim, tentei sair em defesa da minha equipe.
– O rato está na toca e ele está em alerta, será impossível captura-lo agora. — A resposta de Papai não foi fácil de ouvir.
— Senhor, havia um intruso no...
– Eu disse a você que não havia margem para erros dessa vez!
Por algum estranho motivo, senti um calafrio na espinha. Li­vrei-me dele com um leve tremor do corpo, da mesma maneira que um cachorro molhado se livra da água no pêlo.
– Mas havia um intruso no...
– Jamais deixamos testemunhas — interrompeu Papai. — Risco zero. Se esse intruso identificou você...
– Compreendo, senhor.
– Você conhece as regras — continuou Papai, a voz fria como gelo. — Tem 48 horas para limpar a sujeira que deixou para trás, Kim.
Prendi a respiração ao perceber que ele ainda tinha alguma coisa a dizer. Mas a ligação foi interrompida. De fato eu conhecia as regras. Além disso, estava naquele ramo havia tempo suficiente para saber que Papai dizia exatamente o que pensava e fazia exatamente o que dizia. Não haveria uma se­gunda chance. O sucesso era minha única opção.
Bati o telefone na base e voltei para minha equipe. - Temos um novo alvo — informei a elas. — Mas antes preci­samos descobrir quem ela é.

Taeyeon pov

Eu não podia fugir disso. Eu tinha que falar com ela. Eu só... não tinha coragem. Como vou olhar pra cara dela sabendo que mais uma vez mentimos uma pra outra.
Apesar da minha falta de coragem eu tinha que, pelo menos, vê-la uma ultima vez. Lembrando tudo que passamos juntas, nosso casamento, eu sabia como divorcio era complicado e ainda tinha a Seohyun, como ela iria reagir a tudo isso? Eu já tinha passado por isso antes. Mas dessa vez era diferente. Eu conhecia as regras, não seria só separação. Uma de nós não viverá muito tempo.
Tirei meu telefone do bolso e liguei pra ‘empresa’ dela. Sabia que se tentasse o celular ela não atenderia.

Tiffany pov

Como eu poderia esconder isso?! Não tinha como! Uma hora alguém ia descobrir e ia acabar com nós duas.
— É sua esposa — disse Sooyoung atrás de mim. Levei um susto e me virei para trás. Mas ela não estava com cara de quem tivesse descoberto um grande segredo. Apenas segura­va um telefone na mão.
— É sua esposa — repetiu. — Já voltou de Atlanta. Quer sa­ber sobre o jantar.- Ela tinha voltado. De Atlanta. Ou de onde quer que de fato es­tivesse antes. Talvez em algum lugar mais agitado. Com fantasia. O chão pareceu se inclinar. Imagens da minha vida pessoal e do meu trabalho se misturavam, resultando em conclusões que não faziam sentido nenhum.
"Minha esposa... Minha mulher..."
— Diz a ela que... — minha voz sumiu. Dizer a ela o quê?
— Diz que... - Sooyoung olhava para mim, sem compreender o que se passava comigo. — Diz que... o jantar será às sete. - Virei-me na cadeira puxando o porta cigarros que ela me deu há um ano. Tinha escrito a nossa frase: “Às balas que não nos encontraram.”

Taeyeon pov

O jantar será às sete? Isso é tudo que ela consegue dizer? O jantar será às sete?
— O jantar é sempre às sete — resmunguei ao telefone, e depois desliguei. O jantar será às sete, o jantar será às sete...
Santo Deus! Fazia cinco longos anos que eu acertava o relógio pelo horário do maldito jantar. Eu escovava os dentes ao lado dela, dividia o mesmo closetDiabos, eu dormia ao lado dela, completamente indefesa e exposta, pelo que poderia ser uma eternidade!
Me veio a cabeça a penúltima noite antes da viagem... ela sussurrou no meu ouvido “Eu vou matar você por isso Taeyeon” oh... oh caramba... ela realmente pode me matar se quiser.
Ela saía sorrateiramente para assassinar pessoas sempre que eu lhe dava as costas. Ontem mesmo, caralho, tentou me APAGAR — e tudo que consegue dizer é "O jantar será às sete?!".
Eu participava de joguinhos psicológicos com uma das agentes mais traiçoeiras do mercado. Mas essa mulher... Puxa, ela ainda me levaria à Loucura.
Apoiei ambas as mãos numa lata de lixo da esquina, sentindo a tontura quando, de fato, a nossa situação me bateu.
"Agora tenha calma", disse para mim mesma.
Eu era uma profissional treinada para operar mesmo nas situações mais perigosas. Tinha a experiência e as habilitações necessárias para lidar com isso também. Levantei-me, e fui direto para o estacionamento. Tinha uma missão perigosíssima a cumprir.
Eu ia jantar em casa.
Mas primeiro, temos que tirar as crianças de casa...

Tiffany pov

Saí cedo do escritório, talvez pela primeira vez na vida. Disse a Sooyoung que não me sentia bem. Que talvez algum coisa que comi me deixou grampeada. E por falar em grampear...
"Lembrete: verificar carro, casa, corpo, à procura de grampos que aquela psicopata assassina de aluguel possa ter plantado enquanto tenta­va quebrar meu pescoço."
Sooyoung engoliu minha desculpa. Pelo menos não disse nada. Mas seus olhos faziam todas as perguntas. Ainda era cedo para falar de minhas suspeitas. Não podia contar a ninguém — nem mesmo a ela, que sabia quase tudo a meu respeito. Eu ainda não estava pronta.
Precisava ter certeza — ver com os próprios olhos — de que minha vida com Taeyeon havia sido uma simples ilusão de ótica. Quando cheguei em casa, meus dedos doíam de tanto apertar o volante do carro. Minha sanidade mental repousava sobre uma única coisa. O jantar às sete.
Durante todo o trajeto, planejei detalhadamente o menuDecidi que pratos e que toalha usaria. Pensei em parar para comprar flores pra ela. Queria — ou melhor, Precisava — que tudo saísse perfeito. Pelo menos uma última vez.

Taeyeon pov

Antes mesmo de Tiffany chegar eu cheguei em casa e as presas avisei a Seohyun que ela teria que passar a noite fora, enquanto eu apressadamente colocava algumas mudas de roupa dentro de uma bolsa qualquer ela me olhava confusa e me enchia de perguntas:
- Aonde vamos? Porque tenho que sair? Onde esta a Fany-unnie? Tae-unnie o que está acontecendo?
Eu simplesmente a ignorei e continuei a fazer meu trabalho. Terminei de arrumar a bolsa e sai do quarto a passos longo, com a Seobaby logo atrás entrei no carro e ela entrou no banco de trás.
- Tae-unnie, aonde vamos? –ela insistia em perguntar.
Mas nem eu sabia onde leva-la. Então um luz acendeu na minha cabeça, Sunny, apesar de não ser a coisa sensata a fazer, era o único jeito. Dirigi até lá, e sai do carro com a Seo logo atrás, bati duas vezes na porta e a Sun logo apareceu.
- Oh, Taengoo? O que faz aqui e... – ela olhou para a garota ao meu lado – Nossa sabia que você gostava de mulheres mais jovem, mas não imaginei que fosse tanto assim.
- Para de gracinha Sunny, essa é a Seohyun, ela é a sobrinha da Tippany que eu te falei. Você tem compromisso para hoje a noite?
- Tenho, mas... – a interrompi.
- Ótimo! Fica com a Seobaby essa noite, vai, diz que sim, siiiiiim? – perguntei fazendo ageyo, eu odeio, mas foi necessário.
- Aish Taeyeon, eu não sei cuidar de crianças você sabe disso.
- Tecnicamente eu não sou mais uma criança, sou uma adolescente. – Cortou Seohyun.
- Viu? Ela sabe se cuidar é só arrumar comida e um lugar para dormir. Vai Sun, qual é? Quebra essa vai. – ela olhou pensativa por um momento e logo respondeu.
- Ta bom, eu fico com ela. Mas você vai tem que me explicar toda essa historinha depois. – eu abri um grande sorriso para ela e me virei para a Seo.
- Seobaby, essa é a Sunny, amiga da TaeTae-unnie, ela vai ficar com você essa noite okay? – ela me olhou confusa, mas não deu tempo de perguntar nada, eu empurrei ela para dentro da casa da Sunny, com a bolsa. Corri de volta para o meu carro e fiz o caminho de volta para casa.
Os faróis do meu carro iluminaram a fachada de casa, o jardim, a garagem. Coisas para as quais eu sequer olhava mais, tudo tão familiar. De repente, aquela casa perfeita, num dos melhores subúrbios de Seul, pareceu-me o cenário de um novo seriado de TV chamado "Essa vida que não é minha".
Apaguei os faróis e olhei para a casa por um instante, com apenas uma pergunta em mente: que diabos Tiffany serviria no jantar daquela noite? Quando tentou me matar naquela festa, será que sabia que era eu desde o começo, a esposa dela, quem estava ali? Ou achou que eu não passava de uma agente inimiga que se metera no caminho dela?
Meu Deus, como isto era possível: duas pessoas morarem na mes­ma casa, com tantos segredos importantes, e sequer suspeitarem da verdade? Olhei pela janela da cozinha. Nenhum sinal da minha querida esposa. Estaria ela planejando um jantar ou um assassinato?
Ao mesmo tempo apreensiva e furiosa, forcei a aliança no dedo e abri a porta do carro. A dobradiça chiou. Um cachorro latiu ao longe. Arbustos farfalha­vam próximo à porta da frente. Naquela noite, minha casa adorável parecia incrivelmente ameaça­dora, semelhante a uma linda americana com ideias malignas na cabeça. Totalmente alerta, segui pela calçada e abri a porta da frente.
Com cautela, pisei no hall de entrada, uma das mãos carregando a bolsa e a outra no bolso da jaqueta, onde eu guardava minha co­ragem. Deixei a porta se fechar sozinha e segui em frente, olhos atentos para qualquer movimento.
— Timing perfeito. - Pulei de susto, e quase mandei bala no meu próprio pé.
Tiffany. Ela havia surgido do nada, sorrateira e fatal. Vestida para matar, Deus queira que não literalmente. E trazendo nas mãos dois martínis gelados. A mulher perfeita. Como nos velhos tempos. Como se o universo inteiro não tivesse virado de cabeça para baixo desde que eu havia deixado aquela casa pela última vez. Olhei para os drinques e disse:
— Isso é novidade... — Tiffany vivia no meu pé por causa da be­bida.
— Uma novidade boa, eu espero — ela disse, com um sorriso sedutor.
Depois empurrou a taça de cristal na minha direção, e, por mero reflexo, tirei a mão do bolso para pegá-la. Do bolso onde estava a arma. Coincidência? Ou truque esperto de uma assassina experiente? Ela ofereceu os lábios para um beijinho. Beijei-a como de costume, mas sem fechar os olhos. E então notei. Ela também não fechou os dela.
– Voltou mais cedo — falou. Um desafio.
– Estava com saudades.
– Eu também. Para onde levou a Seo? -  ela perguntou.
- Para um lugar seguro.
- Posso saber onde fica esse lugar seguro? – insistiu.
- Ela esta na casa da Sunny. – Ela me olhou com uma expressão zangada, mas logo continuou:
- Tudo bem. – ela disse e, com o queixo, apontou para a sala de jantar.
– Vamos?
– Depois de você. — eu disse.
Com um leve movimento dos ombros, Tiffany virou-se e seguiu na minha frente. Deixei que meus olhos passeassem pelo corpo dela, à procura de alguma pista, talvez de armas. A primeira vez, em muitos anos, que de fato a enxergavam. Verdade seja dita: aquele vestido revelava muito mais do que es­condia. Nenhuma arma a bordo. Pelo menos não do tipo convencional.
Decerto eu teria me deleitado mais com a paisagem não fosse o receio de que, a qualquer minuto, ela pudesse estourar os meus miolos. Quando entrei na sala de jantar, minha apreensão ficou ainda maior. O lugar estava todo emperiquitado, como se fôssemos receber a família real britânica em peso: flores, toalha de linho, talheres para todo lado.
"Fica esperta, Kim", uma voz disse em minha mente. "A vadia vai aprontar a qual­quer instante."
– Achei que você guardasse essas coisas para as ocasiões espe­ciais — falei.
– E jantar com minha linda esposa não é uma ocasião especial?
Ela chegou ao ponto de afastar uma cadeira para que eu sentasse. Sentei-me devagar, meus olhos fixos nos dela, todos os sentidos atentos. Como se fosse o maftre de um restaurante sofisticado, Tiffany retirou o guardanapo de linho de cima do meu prato, abriu-o com um gesto brusco e ruidoso — devo admitir que nesse momento senti um frio na espinha — e por fim estendeu-o em meu colo.
– Muito obrigada, Querida — eu disse, fazendo o jogo dela.
— Por você eu faço tudo, Querida — ela sussurrou. Aposto que sim.
Aproveitei que ela estava atrás de mim e furtivamente escondi minha faca sob o guardanapo. Aparentemente ela não notou; seguiu feliz para a cozinha, jogan­do um sorriso charmoso por sobre o ombro antes de desaparecer. Lutei para reprimir uma sonora gargalhada e peguei meu drinque.
Até que vi algo na cozinha, pouco antes da porta se fechar. Uma embalagem de soda cáustica sobre a bancada da pia. Minha taça congelou no ar, a poucos centímetros da boca. Caramba, como era mesmo o cheiro da soda cáustica? Farejei a bebida. Nenhum cheiro esquisito. Pensei. Quem sabe... Mas isso não provava nada.
Sem tirar os olhos da cozinha, derramei o drinque num vaso de flores sobre a mesa, torcendo para que elas não explodissem. Enquanto esperava, examinei a mesa à procura de... não sabia exatamente do quê: pistas, armas, armadilhas. Os talheres de prata brilhavam, ameaçadores, sob a luz das velas. O vinho se transformou num veículo para o veneno; o centro de mesa, num instrumento de estrangulação; o arranjo de flores, num possível esconderijo para uma granada.
Então minha adorável esposa voltou à sala, carregando um assado nas mãos e sorrindo como uma mistura de coelhinha da Playboy e dona-de-casa exemplar. O assado tinha uma faca cravada no topo, uma faca de aparência sinistra.
– Resolvi sair da dieta, por hoje. Carne assada recheada com bacon.
— Humm... Carne assada com bacon. Meu prato predileto. Mas tem certeza que não vai se sentir mal? – perguntei me fingindo de preocupada – as vezes pra alguém que não é acostumado isso pode cair no seu estômago como veneno.
– Não se preocupe amor. Hoje eu quero uma boa carne mal passada – ela me deu um sorriso maníaco. Ela queria meu coro, essa era a verdade!
A lâmina cintilava sob a luz das velas enquanto Tiffany afiava a faca, empunhando-a como se quisesse deixar bem claro que sabia cortar muito mais que um pedaço de carne. Como se tivesse vida própria, minha mão rapidamente se fechou em torno do pulso dela.
— Não... — murmurei. — Você já teve trabalho demais preparando esta maravilha. Deixa que eu corto.
De início ela resistiu, mas, à custa de muito charme, acabou ce­dendo. Fez questão de se afastar da mesa assim que a faca, afiada como uma gilete, passou às minhas mãos. Segurando a faca no ar, pronto para cravá-la na carne, vi o reflexo de Tiffany sobre a lâmina.
Merda! Ela havia retirado outra faca, ainda maior que a primeira, do bolso de seu aventalzinho ridículo. Como foi que ela fez aquilo caber ali? O facão era grande o suficiente para abrir uma trilha no meio da floresta, mas ela usava-o para cortar ao meio as batatas assadas. Como se fosse a coisa mais natural do mundo.
A situação era sinistra. Nós duas ali, juntinhas, como se fôssemos recém-casadas, talvez procurando meios para degolar uma a outra. Reparando nela, fiquei abismada com a facilidade com que ela manejava uma faca. Diabos, por que nunca havia notado isso antes? Aquela mulher tinha as mãos de um samurai. Perguntei a mim mesma o que ela usava para treinar.
— Como vão as coisas no trabalho? — perguntei casualmente.
— Tudo em paz — ela respondeu. — Na verdade, tivemos um probleminha com uma comissão esta semana.
— É mesmo? — perguntei, todas as antenas levantadas.
— É. Duas empresas contratadas pra executar o mesmo serviço. - Servi uma fatia do assado no prato dela.
— E as coisas se arranjaram depois?
Ela serviu uma batata no meu, a faca um pouquinho próxima de­mais do meu braço, eu tirei meu braço de perto da faca e passei envolta dela.
— Ainda não. — ela falou fechando os olhos como ela sempre fazia quando eu a abraçava por trás — Mas vão se arranjar.
Eu fechei meus olhos apertando seu corpo contra o meu com força. Senti seu cheiro tão próximo. Mordi seu ombro engolindo o choro. Senti seu corpo tremer e sabia que ela estava lutando contra o mesmo. Nosso casamento era uma merda, essa mulher era louca, mas... eu a amava.
– Taeyeon... jantar vai esfriar – ela sussurrou.
– Tudo bem... nós vamos comer só salada mesmo – ela riu de leve, mas, assim como tudo nessa casa, o riso logo morreu.
Sentamos nas cabeceiras da mesa, fora do alcance físico uma da outra. Ela bebericou o vinho e esperou que eu começasse a comer. Olhei para o prato à minha frente, hesitante. E se a comida esti­vesse envenenada?
Depois percebi Tiffany me observando com atenção. Não podia dei­xar que ela notasse meu pavor; portanto, como uma boa Kim não recusei o desafio, dei uma garfada pegando um pouco de tudo no prato e enchi a boca.
— Hummm... Delicioso — eu disse, refreando o impulso de cuspir tudo no chão. — Fez alguma coisa diferente?
Ela me encarou pela primeira vez naquela noite.
— Você sempre pergunta isso - Ora bolas, o que mais eu poderia dizer depois de mil e oitocentas refeições ao lado dela? Para virar o jogo, sorri entre dentes e disse:
— Sempre me esqueço de como esse prato é delicioso.
Ela gostou do que ouviu e sorriu também. Eu brincava com a comida, na tentativa de ganhar tempo.
— Você pode me passar...
Zuuum! Algo veio zunindo na minha direção, e automaticamente lancei a mão na mesa para pegá-lo. O saleiro. Fosse uma Lâmina qualquer, eu estaria morta antes que o sorriso chegasse aos lábios dela.
De certa forma, Tiffany estava fazendo o que sempre fazia: sempre caprichava na arrumação da mesa; sempre servia um jantar legal, como aqueles que aparecem nas revistas; sempre corria atrás da ina­tingível perfeição. Porra, era como se eu comesse no mesmo restaurante todo santo dia.
Mas naquela noite ela estava diferente. Não estávamos apenas num restaurante diferente. Estávamos em outro planeta. Tudo parecia ter um subtexto. Seus gestos pareciam sutilmente diferentes. Observei quando ela levou a mão ao copo de água. Seus movimen­tos pareciam seguros, deliberados; cada um deles, uma linha reta.
Como era possível que eu nunca tivesse percebido os músculos rígidos que delineavam aqueles braços tão lindos? Aquele seu jeito de andar, gracioso como o de uma ninja? O estado de alerta constante, a reação imediata a qualquer barulho?
Como uma verdadeira profissional, Tiffany tinha consciência de cada um de seus movimentos, sabia que reflexos bem condicionados e movimentos seguros muitas vezes significavam a diferença entre a vida e a morte.
Talvez tivesse escondido todas essas coisas de mim. Ou talvez fosse eu que, entediada demais, preocupada demais ou estúpida demais, não tivesse tido olhos para enxergar o que estava bem debaixo do meu nariz aquele tempo todo.
— Como foi em Atlanta? — ela perguntou especificamente. Sabia muito bem que eu não tinha estado lá.
— Tive uns probleminhas com uns números — respondi sem titu­bear. — Algumas coisas não batiam umas com as outras.
— Coisas importantes?
— Vitais.
Nosso olhar se entrecruzou sobre a mesa. Eu podia ver as chamas que ardiam em seus olhos.
— Mais um pouco de vinho? — ofereci. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, adiantei: — Deixe que eu sirvo; afinal, a garrafa está no meio da mesa.

Levantei-me da cadeira e fui servi-la. Gostei de ver o medo subitamente brotar nos olhos dela.


Notas Finais: As coisas estão esquentando hehehe ;3. Gostaram?

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