novembro 22, 2013

Fanfic Oitavo andar
Escrita por MyYoona
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“... Quando você escutar essa mensagem, eu provavelmente não estarei mais aqui. Por iss-“

Seohyun colocou as mãos na cabeça tentando fazer com que esta parasse de girar. Não ouviu o resto do recado deixado em sua secretária eletrônica, mas sentiu quando seu corpo se moveu involuntariamente em direção à porta.

Mesmo que não fosse muito próxima de Deus, concentrou todos os seus pensamentos em uma oração meio desajeitada – havia desaprendido a correta com o passar dos anos – para que não deixasse Yoona fazer alguma besteira.

Ou talvez ela já tivesse feito.

“Não, não, não, não...” repetiu incansavelmente enquanto era observada com estranheza pelo taxista.

“A senhorita não me disse para onde quer que eu lhe leve...” o senhor tentou novamente e dessa vez deu certo, a garota o olhou com os olhos vermelhos e passou a mão pelo rosto.

“Sim, claro. Me leve para o Teheranno e pare em frente ao prédio mais velho da rua.”

A informação foi respondida com um aceno e o silêncio preencheu o carro até o destino final.

Ao dobrar a esquina, uma multidão estava lutando contra ambulância por espaço. Um nó se formou na garganta de Seohyun e as lágrimas simplesmente começaram a brotar e escorregar pelo seu rosto perfeito. O motorista ao perceber o estado em que sua passageira se encontrava, decidiu não se aproximar. Desligou o carro a alguns metros de distância e virou para a moça, com a feição preocupada.

“Acho melhor não se aproximar.”

“É a minha namorada” a respiração estava entrecortada, o lábio inferior tremia e a resposta saiu em um fio de voz.

“Tenho certeza de que ela não quer que a veja naquele estado. Deixe-me ir até lá para você.”

“A Yoona precisa de mim.”

“Não, você precisa de você mesma. Eu já volto.”

Sem ouvir a permissão, o senhor de idade avançada saiu do carro e andou devagar até a multidão. Porém, antes que pudesse se aproximar ainda mais da cena – uma das mais horríveis que já vira em toda a sua vida -, foi impedido por uma policial.

“Não pode ultrapassar esse limite.”

“Estou com a namorada da vítima no meu táxi. Preciso apenas de algumas informações para consolar um coração sofrido.”

A mulher mordeu o lábio e suspirou, fazendo um gesto para que a seguisse.

“A garota se jogou do oitavo andar. Invadiu o apartamento de senhora e pulou. O motivo, aparentemente, foi o término do namoro.” Puxou uma carta de um dos bolsos e entregou nas mãos calejadas do taxista. “Está destinada a Seo JuHyun, que acredito eu, seja a mesma que está em seu carro.”

“Obrigado. Pode me ligar para me dar mais informações sobre... as coisas?”

“Sem problema.” A policial pegou o cartão e deu um pequeno sorriso. “Dê os meus pêsames para a garota.”

“Darei.”

O senhor saiu andando com o pequeno papel nas mãos e logo chegou perto do seu automóvel. Entrou pela porta do motorista e estranhou o silêncio que JuHyun – agora ele sabia o nome da sua passageira – fazia. Ao olhar para trás, viu que ela estava se olhos fechados, com as mãos em frente ao rosto e movia a boca em silêncio. Estaria rezando? Provavelmente sim. Resolveu não interromper esse momento tão necessário e esperou pacientemente a garota terminar o que quer que estivesse fazendo.

“Ela se suicidou mesmo, não é?” A pergunta saiu dolorida. “É por causa dela que a ambulância está parada em frente ao prédio, não é?”

“Infelizmente sim”

“E-Eu não entendo! Já terminamos várias vezes, mas ela nunca tomou medidas drásticas!”

“Ela deixou isso para você.”

A moça passou a mão pelo rosto e pegou a carta com a mão trêmula. Observou o papel amassado e o colocou junto do coração. Fechou os olhos e respirou fundo.

“Não vou conseguir ler. O senhor poderia fazer isso por mim?”

“Como a senhorita quiser.”

Pegou o papel novamente e o abriu, revelando uma caligrafia bonita e vários espaços escuros, o que deveria significar as lágrimas que caíram enquanto a garota escrevia.

“Querida Seo,

Quero pedir desculpas por tudo o que eu já lhe fiz, e principalmente por hoje.

Muitos vão dizer que essa foi uma atitude egoísta – e por até ter sido-, mas foi a minha única saída. Eu não tinha mais forças para continuar. Quer dizer, tinha você, mas não acho justo colocar sob sua responsabilidade o meu bem estar e minha felicidade.

Você, mais do que ninguém, sabe tudo o que passei e o que tive que suportar. Mas cheguei ao meu limite. Não sou uma rocha como todos pensavam. Minhas fraquezas, infelizmente, me venceram e cá estou eu, escrevendo essa carta de despedida. Fui tão covarde que não consegui nem mesmo dizer um adeus pessoalmente. Desculpe-me por isso também.

Sei que essa foi só mais uma briga nossa, mas ela aconteceu exatamente quando eu estava em meu momento mais frágil. Tenho certeza de que você não voltaria para mim e eu não conseguiria viver sem você. Essa foi a única solução que encontrei – mesmo que não seja a melhor.

Espero que você seja feliz e consiga seguir em frente com a sua vida. Termine a faculdade, seja uma ótima médica, salve bastantes vidas. Assim como salvou a minha.

Te amo e continuarei a fazer isso de onde eu estiver.

Da sua eterna apaixonada,

Im Yoona.”

Um soluço tirou o senhor do torpor em que se encontrava e ele fixou seus olhos na garota que desabava no banco de trás do seu velho Uno.

Sem dizer uma palavra, virou para frente e colocou seu cinto, ligando o carro e dando a partida; ficar naquele lugar só pioraria a situação. A levaria para onde ela pudesse ter alguma calma.

Dirigiu por toda a cidade e só parou quando os grandes edifícios ficaram para trás e só a grama verde era vista. Desligou o carro e continuou em silêncio. Seohyun teria todo o tempo do mundo.

“Por que as pessoas fazem isso?”

A pergunta veio depois de um silêncio que pareceu eterno.

“Não sei, querida. As razões para se cometer suicídio são únicas e variam de pessoa para pessoa.”

“Mas... eles deveriam refletir e... E-Essa é uma decisão tão egoísta!”

“Às vezes a dor que sentem é tão grande, que não há espaço para se pensar nos outros.”

As lágrimas voltaram a cair e os soluços escaparam, mesmo com a boca fechada.

“O que eu vou fazer sem ela?”

“Eu não sei, mas você pode mudar tudo e ter a chance de responder essa pergunta para a Yoona.”

A garota limpou os olhos e olhou para o taxista que agora lhe sorria bondoso.

“Vá salvá-la mais uma vez.”

***

Seohyun acordou assustada e com o rosto molhado de suor. Ou seriam lágrimas? Não sabia ao certo. Mas aquele sonho parecia real demais...

Levantou da cama e abriu a janela, recebendo o vento frio da madrugada e tremendo um pouco. Franziu a testa e mordeu o lábio ao lembrar-se de tudo o que sonhou e principalmente da frase dita pelo taxista. Seria um aviso?

Sua mãe sempre lhe disse para acreditar em seus sonhos. Deveria, pela primeira vez, seguir um conselho dela?

“Alô?”

A voz melódica de Yoona entrou pelos seus ouvidos e uma sensação de alívio tomou conta do seu corpo. Estava tão feliz que poderia chorar!

Qual não foi a sua surpresa ao perceber que já estava fazendo isso.

“Eu te amo e não quero que terminemos. Preciso de você na minha vida e sei que também precisa de mim. Vamos ficar juntas e resolver nossas diferenças com uma conversa. Aceito seus defeitos, assim como amo suas qualidades. Só, por favor, me aceite de novo.”

Disse tudo em um só fôlego e mordeu ao lábio ao receber o silêncio como resposta.

“Por favor, diga algo.”

“Estou indo agora para a sua casa.” Foi a resposta e Seo sorriu. O tom de voz da outra havia mudado. Dava para ver que ela estava sorrindo.

“Obrigado.”

A ligação se encerrou e Seohyun voltou para a cama com uma calma que há muito tempo não sentia. Pegou seu livro e resolveu terminar de ler enquanto a sua namorada não chegava.

***

Do outro lado da cidade, Yoona ainda estava com o telefone encostado em sua orelha. Não acreditava no que havia acabado de ouvir. Devagar, foi abaixando a mão e um sorriso tímido foi tomando conta do seu rosto.

Sentou novamente na cadeira e olhou para o que estava tentando fazer antes: uma carta. Fez uma careta e riscou a primeira e única frase escrita no papel: “Querida Seohyun”.

Levantou-se e foi até a geladeira, pegando a torta de amora que sua vizinha do oitavo andar, dona SuHo, havia feito com tanto carinho, mas que ainda não havia tido a vontade de comer. Ligou para o táxi e desceu quando ouviu a campainha tocar, sinalizando que ele já havia chegado.

Ao entrar no automóvel – um clássico – deu de cara com um senhor de rosto simpático.

“Para onde deseja ir?”

“Centro.”

“Se não fosse muita indelicadeza minha, poderia perguntar o que a senhorita está indo fazer lá a essa hora da madrugada?”

Yoona sorriu lindamente olhando para a paisagem que passava e respondeu:

“Estou indo ser salva. Mais uma vez.”


Infelizmente ela não olhou para frente, pois se o tivesse feito, veria que o senhor taxista também estampava no rosto um sorriso orgulhoso de dever cumprido.

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