agosto 08, 2013

Fanfic Sra e Sra Kim
Escrita por ByunBiia
[+18]



Notas da Autora: Oiie gente!!! *--* Primeiro, desculpem-me pela demora, essa semana está muito cheia -.-', prometo me esforçar mais. Segundo, me desculpem, de novo, se tiver qualquer erro é que eu estou morrendo de preguiça de revisar ^-^' (é... hoje o dia tá difícil) Enfim, let's go ler!


Taeyeon pov

E mais uma vez ela se fora, sem olhar pra trás, sem se preocupar com o que as pessoas ao redor dela sentiam, sem se preocupar com o que eu sentia. Tiffany sempre foi uma pessoa turrona, orgulhosa, teimosa e acima de tudo sempre se pôs em primeiro lugar.
Eu sempre fui mais fria, arrogante, e nunca liguei pra nada, nem pra ninguém. Mas no momento em que eu a conheci tudo mudou de figura. Eu sempre coloquei ela em primeiro, mesmo com esse casamento fracassado sempre fiz questão de fazer as vontades dela e sempre me preocupei com ela.
Mas parece que eu estava nessa canoa sozinha e o pior, ela estava furada.

Tiffany pov

Doeu, e doeu muito deixa-la lá. Mas era necessário. Ela provavelmente está esperando uma chance pra me matar, e como diz o ditado “Antes ela do que eu”. Assim que entrei no toalete feminino senti essa dor me sufocar, era desesperador. Um lado meu queria voltar lá e beija-la com tudo. Outro lado queria pegar minha pistola e descarregar na cara dela, até desfigurar aquele rostinho lindo. Quando já não conseguia me conter as lágrimas escaparam, eu sempre as considerei sinal de fraqueza, mas sentir essa dor e chorar ao invés de fincar uma faca no próprio peito pra ameniza-la requeria uma força sobre humana.
Olhando minha imagem refletida no espelho, não reconheci aquela mu­lher frágil. Eu parecia uma das mocinhas dos filmes que eu tanto amava, chorando, sofrendo, mas diferente delas meu final não ia ser aplaudido por ninguém.
Retoquei a maquiagem e censurei a mim mesma por ter baixado a guarda. Além disso, mal podia acreditar que havia deixado a arma em cima da mesa, foi uma estupidez sem tamanho. Isso não combinava nem um pouco comigo, sempre fui perfeccionista como pude esquecer uma coisa tão crucial como isso? Esse era o efeito que Taeyeon tinha sobre mim. Ela me desestabilizava de um jeito que eu esquecia meu próprio nome, muitas vezes ela fazia isso só com um beijo. Bem, se lamentar não adianta. O que eu faço agora?
Numa das extremidades do toalete, uma mulher rechonchuda recostava-se na parede, ao lado de uma ampla seleção de brindes de perfumaria: cremes, loções, sprays de cabelo, perfumes, sabone­tes. Até mesmo cigarros gratuitos. E fósforos também, é claro. Rapidamente avaliei os artigos.
— Boa noite — a mulher disse, sorrindo, à espera de uma bela gorjeta.
— Boa noite — respondi. E então tive uma ideia. — Olha só pra tudo isto aqui. Sabia que muitos destes produtos são inflamáveis!
A mulher fechou um pouco o sorriso, sem saber o que responder. Sorri e esfreguei as mãos uma contra a outra. Eu era dessas que sabem fazer de um limão uma limonada. A TaeTae que se prepare.

Taeyeon pov

Meus olhos estavam pregados na porta daquele toalete, nem piscar eu piscava, porque aquela morena era rápida e provavelmente evaporaria se eu o fizesse. Eu tinha ela em minhas mãos, não ia perder a oportunidade.
Eu conhecia aquele lugar pelo avesso. No inicio do casamento nós duas passávamos mais tempo naquele banheiro que no restaurante. Mas isso agora não vem ao caso.
Então sabia que ali não havia janelas. E sabia que Tiffany era esperta o bastante para não tentar fugir pela porta dos fundos — ninguém ousaria atravessar a cozinha daquele chef, a não ser que tivesse ins­tintos suicidas. Fiquei na mesa segurando minha arma no colo.
"Nenhuma saída, querida, cedo ou tarde você vai ter que voltar pra mim."
Esperei, olhei para a tela do celular checando as horas, continuei a esperar. Ela estava de­morando demais, manobrei a arma de volta ao coldre da coxa e fui até o banheiro. Eu fui com cautela, Tiffany era perigosa, ela derrubou um elevador só pra poder acabar comigo. Não duvido nada que ela exploda o restaurante. Um lado meu queria acreditar que ela estava abalada e que estaria sofrendo tanto quanto eu com aquilo. O outro lado dizia que ela estava armando algo e que eu tinha que ficar esperta. Eu estava prestes a conferir o que se passava com ela quando a camareira do banheiro das mulheres passou por mim como um morcego saído do inferno, como se tivesse visto o diabo com os próprios olhos. Ou talvez a diaba.
Oh-oh...
Então um estrondo veio da banheiro, o chão tremeu e os candelabros chacoalharam. A porta do banheiro começou a cuspir fumaça, e tudo cheirava a desodorante. E então a baderna se instalou, as pessoas gritavam e corriam em direção a saída, o alarme disparou e tudo virou um verdadeiro inferno.
Tentei abrir caminho através da multidão, mas a histeria era ainda maior, fui jogada pra trás por um homem acima do peso que corria feito um louco pra saída. Cadê o cavalheirismo desse povo?
Foi então que a vi, cabeça baixada saindo pela tangente, passando pelo estande da recepcionista junto à porta principal. Tentei alcançá-la, porém mal pude me mexer. Tiffany desapareceu na multidão como um fantasma. Um sorriso orgulhoso tomou conta do meu rosto, ela era linda, inteligente e tinha uma imaginação assustadora.
Quando voltei a realidade da situação o orgulho sumiu, lembrei que ela não era mais minha e que suas qualidades que varias vezes ressaltei eram um perigo. Principalmente pra mim. Ela tinha causado a explosão e sequer olhou pra trás, sequer se importou se algo aconteceria comigo. Era essa a diferença entre nós duas, eu pra ela era só mais uma, ela pra mim era tudo.
Por fim me dei conta, eu tinha que ir atrás dela, não podia deixar ela escapar de novo. Tomei o rumo da porta, abrindo caminho a cotoveladas e me esgueirando pelos vão até a saída. Por fim cheguei a rua — a tempo de ver Tiffany sumir no Mercedes-Benz.
Merda!
Ela tinha conseguido mais uma vez. E agora? Olhei na direção que ela havia tomado, pensando no que fazer. Alguém me tocou timidamente no ombro. Virei-me para trás para ver o que era.
— Desculpe a intromissão — disse um dos refugiados do restau­rante —, mas a senhora não está... ticando?
Ticando? Parei pra ouvir e pra meu desespero eu estava ticando mesmo! O barulho vinha de algum lugar no meu vestido, mas de onde? E em que momento ela tinha colocado aquilo ali?
Eu fiquei igual uma idiota babando por ela, enquanto a vadia bancava a gostosona só para plantar alguma coisa no meu vestido!
O ruído parecia vir de todos os lados. Foda-se! Abri o zíper e tirei o vestido mais rápido que pude e joguei-o para o... Buuum! Pedacinhos de pano caíram do alto como confetes ao vento. O sujeito que me havia alertado tremia debaixo de uma caixa de coleta dos correios. Agora eu estava realmente puta da vida. Eu adorava aquele vestido.
Eu xinguei tudo e todos que estavam na minha frente, amaldiçoei até a vigésima geração de Tiffany. E apenas de calcinha e sutiã peguei um taxi recebendo olhares cobiçosos do motorista, que quase bateu o carro duas vezes. Eu nunca tinha passado tanta vergonha na minha vida. Tiffany ia me pagar por isso!

Tiffany pov

Não pude resistir, dei a volta no quarteirão e voltei a tempo de ver o desespero de Taeyeon ao arrancar o vestido e ele explodir. Tive um ataque de riso ao vê-la ali de lingerie, furiosa e xingando Deus e o mundo. Ela se enfiou no táxi e foi embora. Eu queria saber pra onde, mas não tinha coragem de segui-la. Agora ela viria atrás de mim com força total, eu tinha que fugir.
Como o célebre mágico Houdini, eu havia conseguido escapar daquele restaurante contrariando todas as probabilidades. Mas meu coração ainda estava atado por cordas e correntes. A partir dali, para onde eu deveria seguir?
Reduzi a marcha do Mercedes para dobrar uma esquina. Como eu gostava de dirigir aquele carro, especialmente à noite. Nessas ocasiões eu conseguia convencer a mim mesma de que a vida tinha lá o seu propósito, de que eu estava indo para algum lugar, e ainda por cima em grande estilo.
Mas naquela noite foi diferente. Eu ainda sentia o gosto dos lábios de Taeyeon nos meus, seu cheiro. Aquele beijo foi mais uma tortura pra mim do que pra ela. Sentia-me como uma maluca esquizofrênica. Que diabos eu estava fazendo?
Ao longo dos últimos seis anos minha vida nunca havia carecido de sentido. De um lado eu tinha meu trabalho, o perigo, a adrena­lina; de outro, uma casa linda e bem organizada, festas na casa dos vizinhos, um jardim perfeitamente cuidado. Jantares às sete.
Sempre havia me esforçado para arquivar, organizar e compar­timentar minha vida. Para ser a melhor agente, a melhor esposa, a melhor amante... Mas sempre faltava algo, mas eu nunca conseguia saber exatamente o quê.
Agora meus dois universos paralelos, antes na mais perfeita ordem, haviam se misturado irremediavelmente — as fronteiras haviam se diluído. Todos os arquivos tinham sido lançados para o alto.
Minha vida havia escapado ao meu controle, e eu estava mor­rendo de medo — o que deixaria minhas colegas da Archer chocadas. "Tiffany Kim não tem medo de nada", diriam. Mas elas estavam enganadas. Aquele abalo sísmico no meu mundo havia me deixado com todos os fios de cabelo em pé.
Liguei o rádio na esperança de tirar da mente aqueles pensa­mentos negativos. Começou uma sucessão de músicas bregas e românticas ao estremo, mudei de rádio e só piorou, mudei de estação de novo e o locutor falou:
— E agora vou levá-los numa viagem madrugada afora, uma via­gem gostosa e sexy, com... “Jazz para apaixonados". E lembrem-se: nós ficaremos de pé enquanto vocês estiverem de pé.
"Tenha a santa paciência!" Já estava disposta a desligar o rádio quando o celular tocou."Quem poderia...?" Taeyeon...
Abri o aparelho e conferi o identificador de chamadas. Sim, era ela. Meu coração disparou como se sofresse uma overdose de cafeína. Mas não sabia dizer se isso era uma coisa boa ou uma coisa ruim. Hesitei, mas depois atendi.
— Alô.
— Essa foi a segunda vez que você tentou me matar hoje. - Caramba, com aquela voz ela poderia virar uma superstar do sexo por telefone. Ainda bem que eu tinha acabado de reduzir diante de um sinal vermelho.
— Ah, não chora, vai — eu disse com uma calma afetada. — Foi só uma bombinha.
— Quero que você saiba — ela rosnou — que estou indo pra casa e, chegando lá, vou queimar cada objeto que você comprou em toda a sua vida.
Acelerei o motor, fazendo-o rugir. Foi como se Taeyeon tivesse dito: "Estou indo pra casa pra fazer amor até você implorar pra eu parar.". Abri um sorriso de voracidade, afinal, eu ainda não havia jan­tado.
O sinal ainda estava vermelho, mas quem se importava com isso? Não havia ninguém na rua, e talvez a mulher do rádio tivesse razão. Um pouco de perigo, uma voltinha na montanha-russa...
— Vamos ver quem chega lá primeiro — sussurrei. Engatei o drive e pisei fundo o acelerador.

Taeyeon pov

Nossa, com aquela voz ela podia virar uma superstar do sexo por telefone. Meu coração batia a mil por hora. Seria o perigo? A adrenalina? Ou quem sabe seria outra coisa?
Fui até a casa de Sunny peguei outro vestido e sai feito uma louca. Não parei para analisar meus sentimentos; sabia apenas que preci­sava meter as mãos na minha carrasca antes que a noite chegasse ao fim. Só depois poderia parar um pouquinho e refletir sobre o assunto. Um sedã preto tinha acabado de estacionar junto ao meio-fio. O motorista passou a cabeça pela janela e ofereceu:
— Limusine, senhora?
Olhei o carro de ponta a ponta. Exatamente o que eu precisava.
Minutos depois eu estava a caminho da auto-estrada, costurando o trânsito. A mão esquerda no volante, o celular na direita. Digamos que eu tinha dado ao motorista uma noite de folga.
"Espero que ele não leve uma multa por minha causa", pensei. Eu tinha um encontro, e nada nesse mundo me faria chegar atrasada.
E dali a pouco a auto-estrada já se esparramava à minha frente, levando-me de volta ao que um dia tinha sido a minha casa. Onde minha adorável esposa esperava por mim. Olhei para a rodovia. Olhei de relance para o celular. Olhei de volta para a rodovia.
— Foda-se — eu disse, e apertei um dos números da memória. Claro que estava ligando para Tiffany, para quem mais poderia ser? E ela não teve a menor pressa para atender.
— Ainda não chegou? — foi logo dizendo, sem nenhum "alô".
— Preciso saber de uma coisa — falei secamente. — A primeira coisa que passou pela sua cabeça quando me viu pela primeira vez.
Silêncio absoluto. Pelo menos uma vez na vida, nenhuma respos­ta, nenhuma piadinha inteligente. Ela estava desprevenida.
— Eu respondo se você responder primeiro — disse por fim.
"Ah, não, não vai ficar de sacanagem agora, não!"
Eu estava farta de jogar. Nosso casamento inteiro tinha sido um jogo. Queria, nem que fosse por uma única vez, deixar toda aquela encenação de lado.
— Você parecia uma manhã de Natal — respondi. — Não saberia como dizer de outra forma. - Achei que o silêncio fosse se estender por toda a eternidade. Depois: Por que está me dizendo isso agora?
— Acho que... — Meu Deus, por que será que eu estava fazendo aquilo? — Acho que, quando chegamos ao fim de alguma coisa, au­tomaticamente pensamos no início dela.
Ela não disse nada. O barulho do trânsito vazava pelo telefone. Com certeza estava dirigindo com a janela aberta. Eu podia imaginar seus cabelos varridos pelo vento.
— Achei apenas que você devia saber a verdade.
Tiffany continuou muda. Dava a impressão de que tinha caído no sono. Ou parado para rea­bastecer. Teria ouvido alguma coisa do que eu disse? Minha vontade era de gritar. "Fala comigo, Tiffany. Porra, diz alguma coisa!"
— Então vai, fala — pedi. — Diz a verdade.
— Quando te vi... — a voz agora era suave, amena. — Achei que...
— Fala — sussurrei.
— Achei que você era o mais lindo alvo que eu jamais tinha visto em toda a vida.
Balancei a cabeça, muda, digerindo aquelas palavras. Saboreando cada uma delas. Tinham gosto de merda.
— Então pra você foi sempre uma questão de negócios — eu disse. — Desde o início.
— Desde o início — ela disse. — Negócios. Pura e simplesmente.
Caí duas faixas para a esquerda e segui pela pista de alta velocida­de. Mas achei que devia agradecer-lhe. Por ter mantido a cabeça fria, por ter-me dado a oportunidade de esfriar a minha própria cabeça.
— Obrigado — eu disse, com propósito. — Era isso que eu pre­cisava ouvir.
Desliguei o telefone, minha armadura de ferro já de volta ao seu devido lugar. Na época em que eu estava no colégio e todos tremiam ao nome Kim Taeyeon. Tiffany não conhecia esse lado meu, e eu ia apresentar a ela, hoje. Pisei fundo o acelerador.

Tiffany pov

Manhã de Natal. Ela disse que eu parecia uma manhã de Natal.
Passamos os últimos anos do nosso casamento nos afogando no mais completo tédio, e só AGORA ela me aparece com essa histó­ria de manhã de Natal? Isso era demais para mim. Paixão, raiva, medo, sexo... Tudo isso eu tirava de letra. Mas uma declaração como aquela, não.
Ela havia deixado a porta entreaberta. E eu havia olhado pela fresta, cheia de desejos... mas apavorada. Taeyeon havia se revelado uma mentirosa de marca maior, capaz de jogar os jogos mais perigosos com inquestionável competência e a mais absoluta frieza. Eu já não sabia mais quem ela era, o que era real, o que não passava de uma simples tática de guerra. Portanto, alguma coisa me fez pisar no freio.

Taeyeon pov

Enfim, lar, maldito lar. Cruzei a última colina voando, mas ela já estava lá, estacionando o carro diante da garagem. Não podia deixar que entrasse em casa primeiro. Joguei o carro no nosso jardim, dei um cavalo-de-pau sobre o gramado e cobri o Mer­cedes de nacos de terra. Não pude ver a expressão no rosto dela quando ela saltou do carro, mas seria capaz de jurar que não havia gostado nem um pouco da minha manobra. Que se dane! Não era ela quem cortava aquela grama três vezes por semana.
Desliguei o motor, pulei do carro e, saltando canteiros e arbustos, irrompi na direção da porta de entrada de modo a chegar lá antes de Tiffany. Abri um sorriso de vitória quando pus a mão na maçaneta.
— Merda! — A porta estava trancada e aferrolhada, e minhas chaves não estavam comigo. Quando me virei para trás, vi que ela já entrava pela porta la­teral.
Caramba! Aquela casa se transformaria numa fortaleza nas mãos de uma agente tão carimbada como Tiffany. Eu tinha de entrar! Corri para o quintal. Talvez pudesse arrombar a porta dos fundos. Mas assim que contornei a casa, a porta se abriu por conta própria. Do outro lado estava Tiffany, transfigurada em amazona: cabelos re­voltos ao vento, olhos refletindo o luar, pés afastados numa postura de Rambo prestes a atacar.
Acalentava nos braços uma submetralhadora de botar medo em qualquer um. Congelei no lugar. Tiffany estava de tirar o fôlego. Não restava dúvida de que sabia manejar muito bem aquela arma. Mas teria coragem suficiente?
Seria capaz de me olhar nos olhos e me despachar para o inferno depois daqueles momentos de prazer e tortura na pista de dança? De­pois das coisas que eu havia dito pelo telefone? Por mais que me odiasse, teria a frieza necessária para puxar o gatilho? Ela se mexeu ligeiramente, e isso me bastou como resposta:
"É claro que teria!"
Imediatamente pulei para a direita.
Blam!
Deitada no chão e cuspindo terra, eu já me preparava para morrer — sabia que, por mais rápido que conseguisse me arrastar dali, não teria a menor chance de escapar da mira dela. Não havia nada que eu pudesse fazer. Todavia... a morte não veio.
Fiquei aliviada ao constatar que minha cabeça não tinha sido reduzida a uma poeira loira no chão. E surpresa ao ver Tiffany voltar para o interior da casa e bater a porta com estrépito. Ouvi o tique da tranca. Tradução: "Fique longe da minha casa!".
— Sinto muito, Pany. — murmurei enquanto me levantava. — Mas meu nome ainda está naquela escritura.
Corri até a porta de tela do porão, botei minha podadeira para funcionar e entrei. Depois subi as escadas, atravessei a porta com o máximo de cautela e passei o escritório com a rapidez de uma sombra. Uma vez lá, abri um nicho secreto na pa­rede e de lá tirei uma pistola: prontinha para cuspir fogo e devida­mente silenciada.
Nenhuma necessidade de desviar a atenção dos vizinhos do reality show a que sem dúvida estariam assistindo. Depois saí para o corredor.
Tudo estava terrivelmente calmo. E assustador — os recantos da minha casa, antes tão familiares, haviam subitamente se transforma­do num terreno desconhecido. Tiffany saberia da minha presença ali? Estaria à espreita em algum lugar? Talvez achasse que tinha me afu­gentado com aquela demonstração gratuita de poder de fogo. Talvez achasse que estava segura em sua fortaleza trancada a ferrolhos e tivesse ido dormir.
Dei um passo em direção às escadas e com o rabo do olho vi um vulto passar correndo de um lado para outro. Seria Tiffany?
Blam, blam, blam...
Joguei-me ao chão, evitando com sucesso a saraivada de balas que se abateu sobre a parede oposta, estilhaçando porta-retratos e mandando uma luminária para bem longe dali. Então ela ainda não tinha ido dormir. E ainda estava puta comigo.
Com Tiffany enfurecida em meu encalço, corri para o abrigo mais próximo: a cozinha. Atirei de volta e rolei sobre a bancada central.
Ela atirou de novo, mas abri a tempo a porta da geladeira. As balas ricochetearam no aço como se o nosso freezer fosse o escudo de um guerreiro grego. Opa, foi mal. Se Tiffany ainda não quisesse me matar, nada a segura­ria agora. Tinha um carinho todo especial por aquela geladeira. Havia demorado três meses para escolher o modelo.
Blam! Blam!
Isso mesmo. Esposa exterminadora à solta. Caralho. Talvez fosse o caso de passar para a sala de jantar. No caminho até a porta, disparei mais uma rodada de tiros. Taças de cristal ex­plodiram em fileira, como garrafas numa barraquinha de tiro ao alvo. Armários vieram abaixo, despejando no chão suas vísceras gastro­nómicas. O bule de chá predileto dela também levou bala, assim como a amiguinha dele, a chaleira. Jamais apitaria outra vez.
Tiffany ficou estupefata e parou um instante para avaliar os estragos causados no seu cómodo favorito da casa. Eletrodomésticos, prate­leiras, enfeites — sua preciosa cozinha tinha se reduzido a pó. Depois se virou para mim. Olhando naqueles olhos flamejantes pude ter uma clara ideia de como seriam as profundezas do inferno.
Calor demais para mim. Achei melhor cair fora dali. Continuei na direção da porta, atirando para trás. De repente, dic, dic, dic... Merda. A munição tinha acabado. Dei uma última olhada na Mulher-Demônio e escapei pela saída mais próxima. De volta à escuridão do jardim.
Mas em vez de vir atrás de mim, Tiffany simplesmente bateu a porta e passou a chave.
— Que porra! — Por que ela insistia em me deixar do lado de fora?
Isso não era nada bom. Ela estava me dando uma surra. Corri até a estufa na esperança de encontrar uma arma qualquer. Sabia que Tiffany e sua gangue haviam limpado todo o meu arsenal, mas talvez fosse possível transformar uma das ferramentas numa arma letal.
Revirei toda a tralha à procura de alguma coisa, aquele lugar precisava de uma faxina! E então avistei algo promissor: um tesourão de poda da melhor qualidade.
Avaliei o instrumento numa das mãos: excelente, era suficiente­mente pesado. E versátil. Serviria para abater, furar, cortar, arrancar. Não era a tecnologia de ponta com a qual eu estava acostumada, mas dadas as circunstâncias achei que poderia ser útil.
Voltei ao jardim e, protegida pela noite, comecei a dar golpes no ar com o tesourão. Mas quando cheguei à porta do porão, ela estava trancada. Obviamente, a Miss Eficiência já havia passado por ali e colocado o cadeado na tranca. Talvez eu ainda conseguisse entrar, mas a operação seria demo­rada e decerto muito barulhenta. Então optei por buscar uma alter­nativa. Dei uma volta em torno da casa, espreitando pelas janelas. Sabia que Tiffany ainda estava a espreita esperando qualquer movimento meu.
"O escritório!", pensei. "Ela nunca entra no escritório."
De mansinho, fui até a janela do escritório e arrisquei uma olhada. Estava vazio. Nenhum vestígio de strip-tease sobre a mesa. A janela es­tava trancada, mas, enfiando a pontinha do tesourão entre o parapeito e a esquadria, consegui arrombá-la.
"Já não se fazem casas como antigamente", pensei. Ainda nenhum sinal de dela. Então pulei para dentro, tesourão em punho. Depois de conferir os arredores, tomei o caminho da cozinha. Su­pus que Tiffany já teria saído dali, inconformada com a destruição. Uma vez dentro, peguei uma panela de aço. Depois parei. Meus olhos detectaram algo ainda mais interessante — uma frigideira de cobre, top de linha. Tiffany sempre comprava o que havia de melhor.
Então voltei ao campo de batalha — armada de meu inseparável tesourão e da minha fidelíssima frigideira. Como dizem por aí, o importante não é o que a pessoa tem, é o que ela faz com as coisas que tem.
Lentamente atravessei a sala de visitas, olhando para todos os lados, conferindo cada canto e espiando atrás de cada peça de mo­biliário. Até ali, tudo bem. Mas quando pus o pé no vestíbulo...
Bang, bang, bang!
Como um atirador de elite, ela abriu fogo do topo das escadas. Voltei rapidamente para a sala de visitas e me espremi contra a parede, esperando. Silêncio total.
Depois de um instante, estendi a frigideira um pouco além da quina da porta, na esperança de ver a posição dela espelhada na superfície de cobre.
Blam!
Tiffany arrancou a frigideira da minha mão com um único tiro, jo­gando-a do outro lado da sala. Então me perguntei: "Por que aquela operação se mostrava mais difícil do que as outras?".Na maioria das vezes eu concebia um plano, seguia esse plano e corria atrás do meu alvo. Frio, confiante, eficaz. Sem nenhum envol­vimento emocional. Quando reagia, tratava-se apenas de uma questão de sobrevivência. Nada pessoal.
Mas essa história com Tiffany... Talvez tivesse começado como uma missão de rotina, encomendada pelo patrão dela. Assim como a mi­nha tinha sido encomendada por Mamãe. Mas agora tudo havia se revestido de um caráter pessoal. E foi aí que as coisas ficaram perigosas. Senti um par de olhos sobre mim e imediatamente virei para ver o que era, tesourão ainda em punho.
Minha vontade foi de rir.

Lá estava o ursão dela, recostado na lareira. Apesar dos feri­mentos, sorria para mim como se eu fosse sua melhor amiga. E lá também estavam todas as estatuetas dela, perfiladas numa prateleira. Decerto ela havia recolhido algumas lembranças de nossa vida juntos para levar quando fosse embora. Ou para queimar numa fogueira mais tarde. De um jeito ou de outro, aquilo me deu uma ideia.


Notas Finais: Então... no próximo capitulo aparecerá uma nova soshi. (Ebaaa) Sugestões, criticas, elogios, outras coisas?

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