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- Sra e Sra Kim Capítulo 11
agosto 02, 2013
Fanfic Sra e Sra Kim
Escrita por ByunBiia
[+18]
Notas da Autora: Hello gente bonita!!! ?(+·?·)+ Eu to tipo assim, muito feliz. Obrigada a todos que favoritaram, comentaram e aos que somente leram. Amo vocês tudo!!! ( ignorem, acho que usei umas dorgas vencidas ae) Ta bom, já chega, vou deixar vocês lerem. <(?_?)> Ps.: Desculpa, se tiver qualquer erro ae é só avisar.
Taeyeon
pov
Sunny
não parecia surpresa ao me ver entrar, toda esfolada e com cara de poucos
amigos. Ela arqueou a sobrancelha e balançou a cabeça negativamente, eu estava
inquieta. Ela me olhava com pena enquanto eu andava de um lado pro outro
derrubando cacos de vidro por toda sua sala.
—
Você está dizendo que...
Ela
se deitou todo esticado no sofá da sala, vestindo um roupão de banho e comendo
um sanduiche com aparência de estragado, enquanto eu andava pensando qual seria
meu próximo passo.
—
Está dizendo que poderia ter atirado à queima-roupa e não atirou?
Eu
me ajoelhei entre os entulhos carbonizados que peguei no escritório de Tiffany,
comecei a analisar, vasculhando aquele entulho em busca de... do quê mesmo? Sei
lá... de alguma coisa. Algo que pudesse dar sentido à história toda. Ou talvez
estivesse apenas adiando o inevitável.
–
Taengoo! — ela disse de repente se sentando — Como você deixou isso acontecer?!
–
Continua procurando, Sunny, caladinha.
–
Procurando o quê? Fósseis? Você não está com tempo pra brincar de arqueóloga.
Eles te deram quarenta e oito horas, e só te restam o quê? Vinte e duas? Vinte
e três?
—
Dezoito e uns quebrados.
—
Dezoito horas até despacharem vocês duas para o inferno! Taeyeon,
chega de embromação. Você precisa apagar essa vadia já!
Olhei
para ela, severamente.
—
Não preciso que você me diga como lidar com a minha própria mulher. E pare de
chamar ela de vadia.
Sunny
balançou a cabeça, impaciente. Não era de tapar o sol com a peneira.
—
Ela não é sua mulher. - Demorei um pouco para digerir estas palavras.
- Você precisa aceitar isso — ela continuou um pouco mais amena. — Ela não
é sua mulher. É o inimigo. Vai por mim. Ela agora deve estar
lá, com as amiguinhas, arrumando um jeito de acabar com você. E ficar com a
casa, o carro, o gato, até a torradeira...
—
Soonkyu! — gritei.
Ela
estava indo longe demais. Talvez em direção ao campo de guerra ao qual se
resumira quase todos os seus relacionamentos no passado. De repente, avistei um
pedacinho de papel, minúsculo e poeirento, que me deixou intrigada. Sunny se
aproximou para ver o que estava escrito nele. Apenas quatro letras:
"TZKY.”.
—
Pô, será que dá pra comprar uma vogal? — brincou. Talvez fosse uma pista. Mas
ela não concordou e preferiu continuar a me importunar:
—
Você tem que apagar ela, Taengoo.
Sim,
mas como? Não se tratava de uma cabecinha de vento qualquer. Nem de
uma matadora de aluguel ordinária. Tiffany era boa no que fazia, por mais que
me custasse admitir isso. Muito boa. Mas não era páreo para mim.
Apenas um desafio. Eu era a melhor.
Sunny
prosseguiu com a saraivada de conselhos:
—
Tem que entrar na vida dela... na cabeça dela... encontrar uma porta... Vá
pra casa!
Para
casa? E onde é que ficava isso? A ideia não quis sair da minha cabeça. Ir para
casa. Humm... Ridículo? Talvez não. Nem sei se ela estaria lá.
Talvez
já tivesse desaparecido. Ou talvez estivesse mesmo lá, confiando que eu jamais
colocasse os pés naquele bairro outra vez. O que a deixaria ainda mais
vulnerável.
—
E Tae, é melhor você não ir sozinha — advertiu Sunny. — Leva um escudo. Alguém
pra levar o primeiro tiro caso ela esteja escondida e armada até os dentes na
chaminé!
Joguei
os braços para o alto exasperada e disse:
—
E onde vou encontrar esse escudo? - Depois parei e pensei. Um rosto me veio à
mente. O escudo perfeito, que além de tudo morava debaixo do meu nariz. Em
dois segundos eu já estava na soleira do meu vizinho. Toquei a maldita campainha.
Quantas
vezes naqueles últimos cinco anos eu havia parado diante daquela mesma porta,
levando uma garrafa de vinho? Ou segurando uma bandeja de salgadinhos enquanto
Tiffany carregava outro aperitivo qualquer?
Como
aquela última visita. Tiffany chegando na última hora, arfando, com aquele
brilho estranho no olhar. Eu estava tão preocupada em esconder o que
eu tinha feito que sequer enxerguei o que se passava com ela. Achei que
estivesse um pouquinho ansiosa por causa da festa. Por onde ela teria andado naquela
noite? Que diabos estava fazendo? E com quem?
O
Senhor Lee teve o azar de estar em casa. "Carma ruim, meu amigo",
pensei ao vê-lo abrir a porta com um daqueles chapéus de chef ridículo na
cabeça e um avental de churrasco onde se lia "Cuidado com a salsicha
quente". O cara era um perfeito panaca dos subúrbios.
—
Olá — eu disse, animada, entrando rapidamente no papel de dama de família.
Não foi difícil convencê-lo a dar um pulinho até minha casa. Disse um simples
“acho que era um rato” e com uma cara assustada disse “e seria bom se um homem
forte como você pudesse mata-lo” Ele adorou. Acho até que se sentiu lisonjeado.
De
repente percebi, com uma pontinha de remorso, que nunca o tinha convidado para
ir à minha casa, muito embora tivesse comparecido à dele inúmeras vezes. Ele
praticamente trotou até a minha varanda. Com muito cuidado, passei os olhos
pelos arbustos do jardim, à procura de armas apontadas em nossa direção. Mas as
azáleas me pareceram inofensivas. Destranquei a porta da frente e empurrei-a
com a ponta do pé. Silêncio.
A
porta se abriu lentamente, e eu espiei para dentro. Nenhum sinal dela. Na
qualidade de anfitriã, fiz sinal para que meu escudo — quer dizer, meu
convidado — entrasse primeiro.
O
Sr.Lee sorrindo como se fosse um cavaleiro empunhando uma espada a fim de
defender sua dama. Quanto a mim, preparei-me internamente para ouvir
o hall de entrada explodir. Ou pelo menos a cabeça do cara. Mas nada
aconteceu.
—
É inacreditável que eu nunca tivesse vindo aqui antes. — exclamou ele, olhando
ao seu redor sem nenhum constrangimento.
Eu
também olhei ao meu redor. E fiquei inquieta. Talvez fosse uma cartada
inteligente de Tiffany. Deixar que eu entrasse em casa e esperar até que eu me
sentisse suficientemente confiante para abaixar a guarda. Alerta, eu seguia
atrás dele, com a cabeça baixa e uma das mãos no coldre do revólver.
—
Este piso é sensacional! O que é? Teca?
Olhei
para o piso e disse:
—
Não tenho a menor ideia. Vem, vou te mostrar a casa inteira. - Ambos seguíamos
de olhos bem abertos enquanto atravessávamos a penumbra em que se transformara
minha antiga casa. Lee, por causa da curiosidade. Eu, por causa da apreensão.
Aos
poucos chegamos à sala de visitas. E subitamente ele deu um gritinho duvidoso.
Agachei o mais rápido que pude e, sem tirar a mão do coldre, varri a sala com
os olhos. Mas não vi nada de interesse.
—
O que foi? – perguntei apreensiva. O Sr.Lee apontou para o lavabo, cuja porta
estava semiaberta.
—
Mármore de Carrara!
Ufa!
Soltei a respiração e acenei para que ele seguisse em frente e olhasse o que
quisesse. Assim que ele entrou no banheiro para admirar o acabamento, sai de
fininho e subi as escadas.
Arma em
punho, quebrei para a esquerda e entrei no nosso quarto. Ou melhor, entrei
no quarto. "Você não mora mais aqui", disse a
mim mesma. "Se é que um dia você morou...".
Depois
de uma rápida olhada atrás da porta, vasculhei as gavetas de Tiffany, à procura
de armas ou... na verdade, não sabia exatamente o que estava procurando. Algum
tipo de explicação, eu acho. Mas as gavetas estavam meio vazias — talvez ela já
tivesse retirado dali o pouco que queria guardar para si depois de cinco anos
de casamento. Na verdade, o lugar dava a impressão de ter sido saqueado por uma
gangue de profissionais. E eu sabia muito bem que gangue era essa.
Segui
para o closet logo adiante, abrindo caminho com o revólver, só para
garantir. Ela havia deixado um montão de roupas para trás, misturadas com as
minhas — fantasias de esposas suburbanas já sem nenhuma serventia. Afastei uma
das suas camisolas de seda com o cano do revólver.
Antes que
pudesse me conter, puxei o tecido contra o rosto e fechei os olhos. O cheiro
lembrava o silêncio da noite, os lençóis amassados sobre a cama, minha
mulher... Aish! "Ela não é sua mulher, ela não é sua
mulher...", repeti para mim mesma.
Virando
a cabeça, vi um corpo jogado num canto: o meu urso de pelúcia que ela havia
ganhado numa feira de rua e me dado como premio de consolação. "Sorte de
principiante", foi o que ela disse então. Sei. O urso estava com o peito
dilacerado. Eu sabia muito bem como ele estava se sentindo.
Em
seguida vi um objeto escuro na lata de lixo. Uma fita de vídeo. Guardei a arma
na cintura da calça, peguei a fita e li a etiqueta pregada no dorso. Era a fita
da nossa lua-de-mel. Senti uma pontada no estômago. "Ela não é sua
mulher...".
Então
avistei um bloco de notas na cabeceira da cama, do lado dela. Peguei o bloco e
tirei do bolso do paletó um spray mais ou menos do tamanho de um
batom. Uma rápida baforada de vapor ultravioleta sobre o papel bastou para revelar
o que estava escrito ali: Lubetzky Corretagem Imobiliária. E um endereço.
Bingo!
Ali estavam às quatro letras misteriosas: TZKY.
Perfeito.
Obviamente a Archer precisaria de uma sede nova depois do inesperado incêndio
da véspera. E Tiffany, muito gentil, havia deixado para mim um cartãozinho com
o novo endereço. Segui para o próximo quarto. O quarto da Seo, ao contrario do
anterior, lá tudo estava na mais perfeita ordem, abri o guarda-roupas e tinha
poucas coisas, presumi que Tiffany havia levado ela junto. “Tomara que
ela esteja em um lugar bem longe disso tudo.” Pensei. “Talvez...
haja uma chance de mudar isso tudo e...” Não isso é impossível.
Rapidamente
inventei uma desculpa para meu convidado: disse que havia subitamente me
lembrado de um compromisso e prometi que muito em breve Tiffany e eu teríamos o
maior prazer em recebê-los, ele e a mulher, para uns drinques ou para jantar.
Uma mentirinha esfarrapada e fácil de dizer.
Pra
meu desespero ele achou um bicho – algo parecido com um gambá – escondido na
cozinha. Fiz ele se livrar do bicho o mais rápido possível. Acompanhei-o até
sua varanda e depois dei meia-volta, seguindo direto para a estufa. Uma vez na
escuridão, tranquei a porta, busquei uma lanterna e abri o alçapão. Pulei para
dentro e...
"Mas
o que foi que..."
Mal
acreditei no que vi; ou melhor, no que não vi. Meu dinheiro, minhas
armas...tudo havia sumido. Nem mesmo um misero canivete tinha ficado para
trás. Meu arsenal secreto havia sido totalmente pilhado... por Tiffany e sua
fiel criadagem, não restava nenhuma dúvida.
"Aquela
vaca!"
Foi
o banho de água fria que faltava para dissipar de uma vez por todas aquela
minha estúpida recaída sentimentalóide. Com o ânimo redobrado, subi a escada e
deixei para trás o subsolo vazio. A profissional estava de volta. E agora era
guerra. Ela ia descobrir o quanto sai caro mexer com um Kim!
Quase
caí para trás ao olhar para o alto do espigão de oitenta e tantos andares,
novinho em folha, que se lançava em direção ao céu cor de anil. Alguém estava
montado na grana. Conferi o endereço que aparecia no bloco de anotações de
Tiffany. Era ali mesmo. Octogésimo segundo andar. Nunca soube que o negócio de
assistência técnica na área de informática desse tanto dinheiro.
O
prédio ainda estava em construção, mas aparentemente a Archer não tinha tempo a
perder. Afinal, tinham um assassinato para planejar: o meu.
Vestindo
um uniforme preto, com o cabelo feito um coque e uma maleta executiva, eu podia
me passar pela engenheira ou quiçá a dona do lugar. Portanto, não tive dificuldade
para cruzar os andaimes. Ganhei até um capacete de um dos operários pra fazer
“a vistoria com segurança”.
Dentro
do elevador, apertei o botão que me interessava e fiquei ali, olhando para os
números: 70, 71, 72, 73... o 74, não se acendeu. 75, 76... De repente, o carro
parou entre dois andares.
Esperei
por um instante para ver se se tratava de um truque de espionagem premeditado
ou de apenas um probleminha rotineiro. Por fim, uma voz masculina disse pelo
alto-falante:
— Aqui
é da segurança. Aparentemente há um problema com o elevador. Mandaremos um
engenheiro pra dar uma olhada, senhora, apenas alguns minutos.
—
Não, muito obrigada — respondi. — Prefiro ficar aqui, esperando que o problema
se resolva sozinho.
Um
momento de silêncio. Depois:
— A senhora
está brincando, não está?
Não
respondi. Então o guarda se manifestou novamente, impaciente demais para um
reles segurança:
— Então,
está brincando ou não está?
Na
verdade, aquele jeito de falar lembrava demais o tom de impaciência da minha
mulher quando se metia numa discussão. Sorri calmamente para a câmera de
segurança fixada na parede. Nunca se sabe quem está nos observando nesse tipo
de situação. E mandei um beijinho para ela.
–
Olá, amor. – sussurrei sorrindo amplamente ao escutar alguém bufar do lado de
lá.
Tiffany
pov
Então
era isto: ela havia descoberto o endereço a partir da anotação que eu havia
feito no bloco da mesinha-de-cabeceira. E agora estava lá. Eu sabia muito bem
para quê, e o que planejava fazer. Eu olhava para as imagens dela, presa no
elevador entre dois andares. Merda! Ela sempre ficava irresistível em
roupas pretas.
"Ela
é meu alvo, minha inimiga", tive
de me lembrar.
Eu
havia falado com ela como se fosse um guarda de segurança, minha voz distorcida
por um modulador de modo a ficar mais grave. Quando ela não me respondeu, fui
obrigada a repetir:
—
Está brincando ou não está?
No
monitor, ela levantou o queixo e olhou diretamente nos meus olhos. Eu tinha
certeza de que, com ou sem modulador, ela sabia exatamente com quem estava
falando. Sobretudo quando mandou um beijo.
E com uma
cara de pau imensa sussurrou sorrindo: - Olá, amor!
"Vadia!"
Deixei
de lado a voz falsa e disse: — Este é o primeiro e último aviso que eu lhe dou,
Taeyeon.
Ela
sorriu para a câmera, e acho que ouvi uma de minhas assistentes mais jovens
suspirar. Aquele sorriso sempre fora uma de suas armas mais poderosas.
— Você
sabe que não vou a lugar nenhum, amor — ela retrucou sem se alterar.
—
E não vai mesmo — devolvi. — Neste exato momento você está trancada num caixote
de aço hermeticamente fechado e pendurado a uma altura de 76 andares.
Taeyeon
esmurrou as portas do elevador, mas elas não se mexeram. Tentou alcançar a
escotilha de emergência, mas ela era baixa demais.
– O que
você tem aí em cima? — perguntou.
–
Você não gostaria de...
– Cargas
ocas no cabo de contrapeso? — ela
arriscou. — E também nos sistemas primário e secundário de frenagem?
—
Ela as encontrou! — disse Hyomin, surpresa. Sorri. Eu também fiquei
impressionada.
—
Mas não todas. — revelei a Hyomin, antes de voltar ao microfone.
—
Tae, por acaso também viu a carga-base no cabo principal? - O sorriso de um
milhão de dólares murchou pela metade. Estava claro que não tinha visto.
— De
agora em diante só vou pegar o expresso.
—
Acha que sou burra o bastante pra deixar um mapa da mina ao lado da cama? Puxa,
TaeTae, achei que você fosse mais que um rostinho bonito.
Foi
o que bastou para acabar de vez com o sorriso dela. Quanto a mim, tive de
reprimir a vontade de tripudiar. Taeyeon cerrou o maxilar, os olhos faiscando
na direção dos meus. Depois balançou a cabeça e disse:
— Você
não vai detonar.
—
Ah, não?
—
Não. - Estávamos jogando uma sinistra partida de pôquer; muito divertida para
mim, mas nem tanto para ela, pendurado no alto de um fosso de elevador.
—
Acha mesmo que não vou?
— Acho.
Ela
respondia sem hesitar, segura, petulante. De repente minha cabeça se deixou
levar pela dor e pela raiva de quem havia sido traída. O coração duro como
pedra, virei-me para Jiyeon e dei o sinal que ela esperava. Jiyeon apertou os
botões na mesma hora. As luzes verdes do monitor ficaram vermelhas.
Tradução: Armado. Comecei a contagem regressiva:
—
Cinco, quatro...
— Contar
pra quê, Pany? — ela desafiou — Se vai mesmo detonar, detona
logo. Vamos lá: três, dois, um... fogo!
Engraçadinha.
Ela estava me provocando, e eu detesto ser provocada.
—
São essas as suas últimas palavras? - Um sorriso maldoso brotou em seus lábios.
— Não, são
estas: eu detestei as cortinas novas! – Filha da Puta!
—
Adeus, Taeyeon.
Se
estivesse esperando por um coração mole ou por uma comutação de pena, tinha
esperado à toa. Coloquei os dedos sobre o botão que mandaria aquele rostinho
arrogante para o inferno... Aquele rostinho. Aqueles olhos, aqueles lábios.
Aquele corpo...
Foi
então que algo aconteceu. Algo que nunca havia acontecido antes, nem mesmo nos
primeiros anos de carreira.
Travei.
Minha mão
literalmente congelou sobre o botão. Não consegui ir em frente. Deixei a mão
cair no colo, horrorizada comigo mesma. "Eu sabia!", era
o que dizia o sorriso presunçoso nos lábios dela. Insuportável. Mas antes que
eu pudesse pensar no que viria a seguir, ouvi um estrondo terrível:
Buuuuum!
Taeyeon
ficou igualmente surpresa quando juntas nos demos conta: as cargas tinham
explodido!
O
carro de elevador de duas toneladas despencou como um saco de tijolos. Vi,
estupefata, quando Taeyeon foi bruscamente jogada contra o teto do carro,
movida pela força da queda. Mas eu não tinha apertado botão nenhum! Que diabos
poderia ter acontecido? De repente minha atenção se voltou para uma palavra
que não parava de piscar no notebook de Jiyeon: ATIVAR.
Virei-me
para ela, os olhos fumegando como duas explosões nucleares simultâneas.
—
O que foi? — falou Jiyeon. — Você disse "adeus", não disse?
Saltei
da cadeira e grudei os olhos no monitor sem poder fazer absolutamente nada.
Chocada com o que estava acontecendo. Tomada de terror...
"Rápido!
Talvez eu possa..."
Zzzztttt! O monitor ciciou como se dissesse: "Sua tonta!"
O
rosto de Taeyeon sumiu da tela, substituído por um vazio estático, mudo.
Taeyeon
pov
Com
a velocidade de um trem de carga, o carro despencava rumo ao fundo do fosso. A
força da queda me empurrava contra o teto. Mesmo assim, consegui dar um
sorrisinho de adeus para Tiffany quando atravessei a escotilha e subi no topo
do elevador em queda.
A
vibração fez com que eu soltasse a maleta. De dentro dela caiu as facas e
ferramentas que usei no elevador. Voltei a cabeça para dentro do elevador, onde
agora se ouvia uma versão pasteurizada de "Every Heart - BoA". Um
absurdo. Por que uma maldade dessas com uma canção tão linda?
Pulei
para dentro do carro para pegar uma chave de grifa que chacoalhava no chão e
voltei ao topo o mais rápido que pude. Ali, afundei a chave no que parecia ser
um mecanismo de frenagem secundário. De início, a coisa não saiu do lugar, mas
acabou cedendo. E então algo aconteceu. A velocidade da queda começou a
diminuir. Cada vez mais.
Até que
finalmente o carro parou. No quarto andar. O número estava grafado no dorso da
porta. Fiquei pensando numa maneira de abri-la. Bang!
O
que quer que estivesse nos segurando não segurava mais. E o elevador voltou a
cair fosso abaixo, duas toneladas de metal, para depois se esborrachar no chão
com um impacto ensurdecedor.
Tiffany
pov
Acabou.
Santo Deus, como eu pude...
Olhando
para o outro lado da rua, vi uma nuvem de poeira e estilhaços vazar pelas
portas do arranha-céu ainda em construção. Acidente de trabalho. É o que diriam
depois. Ninguém jamais saberia o que de fato tinha acontecido.
Eu sequer
estava no prédio quando tudo aconteceu. Minha equipe e eu estávamos
perfeitamente seguras a poucos metros dali, dentro da nossa van preta
— um centro de comando móvel de onde eu havia orquestrado a coisa toda. Na
verdade, Taeyeon passou bem ao nosso lado quando estava a caminho do prédio, e
em nenhum momento de nossa conversa percebeu que não estávamos no octogésimo
segundo andar.
Em
termos estritamente técnicos, eu não tinha feito nada. Jiyeon havia detonado os
explosivos. Mas eu tinha planejado tudo. Tinha armado as cargas com
minhas próprias mãos. Tinha premeditadamente deixado à impressão daquele
endereço no bloquinho de anotações. A isca foi das mais rudimentares, coisa de
criança, mas Taeyeon mordeu-a com a inocência de uma ovelhinha.
Tudo
não passou de uma armadilha. Na qual ela havia caído como um pato. Portanto,
que diferença fazia não ter sido eu quem apertou o fatídico botão?
Minha
intenção havia sido o tempo todo apertá-lo. Afinal era esse o plano. Minhas
mãos estavam sujas de sangue — do sangue Da minha TaeTae. Minha amada esposa...
O
que senti depois? Horror? Remorso? Pesar?
Não sei
dizer. Um atordoamento, talvez, como o de um sonâmbulo que acaba de acordar no
meio de um lugar desconhecido. Como é que eu fui parar ali?
Por
fim ouvi o alvoroço das sirenes dos carros de polícia e das ambulâncias que
cercavam o local do acidente. Mas sabia que as ambulâncias seriam
desnecessárias. Sou muito boa no que faço. Tinha certeza de que nenhuma pista
havia ficado para trás.
Nenhum
corpo.
Taeyeon
tinha... ido embora.
As
luzes dos carros de polícia rodopiavam no ar como as luzes de uma discoteca
surreal. Sentada ao meu lado, Sooyoung analisava a expressão em meus olhos. Mas
virei o rosto antes que ela pudesse descobrir o que eu estava sentindo.
Eu
era uma profissional. Como uma cirurgiã, não podia me permitir nenhuma espécie
de sentimento se quisesse realizar bem o meu trabalho. Meus olhos se voltaram
para o tumulto do outro lado da rua. Sim, eu tive coragem. Fiz exatamente o que
ela teria feito se eu não tivesse feito antes.
Taeyeon
pov
—
Ela foi capaz — eu disse, ofegando. — Ela foi mesmo capaz...
Levei
alguns segundos para me convencer de que não estava no céu — nem no inferno. De
que ainda estava viva, pendurada pela ponta dos dedos a uma aba, quatro andares
acima do elevador em escombros. Escombros que deveriam ter incluído pedacinhos
do meu crânio, do meu esqueleto inteiro.
Meu Deus.
Ela foi capaz.
Cheguei
a achar que jamais tivesse coragem. Mas teve. Talvez tivesse pensado: "É
ela ou eu”.
E você,
Taengoo? Teria a mesma coragem que ela?
Se
tivesse a oportunidade, teria estourado os miolos da vaca antes que ela pudesse
despachá-la para as profundezas do inferno? Teria, Taeyeon? Pois ela teve. Não
pensou duas vezes.
De
volta à realidade: eu precisava usar parte da adrenalina que desperdiçava
desejando a morte de Tiffany na tentativa de sair dali de alguma forma — e
acertar minhas contas tão logo possível.
Tiffany
pov
Mais
uma viagem de táxi pelas ruas da cidade. Luzes cintilando como diamantes no ar
fresco da noite. Eu tinha tomado um banho rápido e trocado de roupa: a máquina
mortífera acabara de cumprir uma missão e agora podia trocar computadores e
armas por novos adereços: batom, rímel, um vestido novo, sapatos de salto alto.
O táxi
parou junto ao meio-fio, e um porteiro me ajudou a sair. Diante de um dos
restaurantes mais sofisticados de Seul, conferi minha aparência no reflexo
sobre a janela de vidro laminado. O vestido me favorecia: preto,
feminino, sexy. Eu estava de volta ao papel de Tiffany Hwang.
Santo
Deus, eu precisava beber alguma coisa. Então entrei, mal reparando nos olhares
de admiração que me seguiam enquanto o chefe me conduzia até a mesa.
Mesa para dois.
—
Champanhe, por favor — eu disse enquanto me sentava.
—
Pois não, Sra. Kim.
As
pessoas me conheciam ali. Taeyeon e eu éramos assíduas frequentadoras. Aquele
era — ou melhor, tínhamos sido — um dos nossos restaurantes
prediletos.
Pisquei
as pálpebras para afugentar as lágrimas que ameaçavam brotar em meus olhos e
examinei o ambiente — em parte por instinto e hábito, em parte por
curiosidade. A sala parecia fervilhar de pessoas felizes. Amigos, familiares,
casais apaixonados... Pelo menos todo mundo estava com alguém.
A
solidão não era nenhuma novidade para mim. Boa parte da minha vida eu tinha
passado sozinha. Mas naquela noite... Eu nunca havia me
sentido tão sozinha.
Fechei
os olhos e dei um longo gole no champanhe — a bebida das comemorações —,
desejando que aquela efervescência contaminasse meu espírito. Afinal, não me
faltavam motivos para comemorar, certo?
Eu
havia sobrevivido ao desmantelamento de uma situação que já não se mostrava
mais operante. A frase era boa. Precisava anotá-la.
Mas,
pensando bem... Os casais se separavam a toda hora, e em razão dos conflitos
mais banais. Caramba, eu não tinha tido um conflito com minha esposa. Tinha
tido uma verdadeira guerra — com armas, explosivos, e o escambau. Não
podíamos simplesmente dizer uma a outra: "Então tá, valeu, a gente se vê
por aí". Nosso relacionamento era de outra natureza. Do tipo "matar
ou morrer".
Até que a
morte nos separe.
Naquela
ânsia de dizer o tão esperado "sim", ninguém realmente para pra
pensar nessas palavras. Então era isto: nossos joguinhos de amor e ódio tinham
chegado a seu fatídico fim. Eu tinha vencido. E por sorte ainda estava viva.
No
entanto, ao depor a taça de cristal sobre a toalha impecavelmente branca, tive
a impressão de que, à minha frente, o prato e os talheres intocados e a cadeira
vazia zombavam de mim.
Meu
coração não se deixava convencer de que estávamos ali para comemorar. De
repente, risadas misturaram-se aos meus pensamentos. Tentei desesperadamente
descobrir de onde elas vinham. Não deveria ter olhado. Vinham de dois
pombinhos apaixonados, sentados num canto distante, totalmente imersos na
adoração um do outro e alheios a tudo o mais que se passava ao redor, inclusive
à vexaminosa expressão de inveja que decerto cobria meu rosto.
Lembrando
a mim mesma de jamais desejar o impossível outra vez, levantei a taça vazia
entre os dedos. E, como se tivesse lido meus pensamentos, uma garçonete surgiu
ao meu lado para servir mais um pouco do champanhe.
—
Obrigada — murmurei, piscando os olhos para limpar a umidade.
— Madame.
- Meu Deus, ela falou igualzinho a Taeyeon.
Então
olhei para a mulher... loira, branca, corpo escultural, baixinha, vestida de
preto, sorriso de deboche... quase dei um grito de susto!
Era
Taeyeon quem estava ali! Viva e com todos os ossos no lugar... Mas como? Bolhas
parecidas com as do champanhe começaram a dançar na periferia do meu campo de
visão, como se pedissem que eu desviasse o olhar.
Mas
segurei firme e devolvi o olhar fixo dela. Santo Deus, além de viva, ela estava
absurdamente linda naquele vestido escuro. Muito calma para alguém que acabara
de ludibriar a morte.
Suponho
que deveria estar espantada. Mas os anos de prática e treinamento vieram ao meu
auxílio, carregando-me numa espécie de onda até que eu pudesse recuperar o
controle. Minha mão tremeu ligeiramente quando levei a taça à boca, mas dei um
longo gole como se estivesse esperando por Taeyeon a noite toda. Deixei que ela
falasse primeiro.
— Pensei
em várias coisas pra te dizer neste momento — falou por fim. — "Querida,
por sua causa estou no fundo do poço..." ou "Foi
você quem me deixou assim, tão caída...!”.
Casualmente
engoli o champanhe e perguntei:
—
E então, vai dizer o quê?
Os
olhos dela quase perfuravam os meus.
— Quero o
divórcio. - Uffff. Soco no estômago.
Meu
rosto? Imagem em dose-up. Meu perfil mais favorável voltado
para a câmera. Interpretação digna de um Oscar: apertando as pálpebras como se
avaliasse cuidadosamente a proposta dela, falei: — Gosto da ideia. Foi aqui que
você me pediu em casamento; a simetria chega a ser bonita.
—
Posso me sentar? – Taeyeon puxou a cadeira.
—
Por favor. - Tão logo ela se sentou e acomodou o guardanapo no colo, um garçom
de verdade se aproximou da mesa.
—
Champanhe, senhora? – Em nenhum momento ela despregou os olhos de mim.
—
O champanhe é para as comemorações.
Ela
permaneceu em silêncio o suficiente para que eu me lembrasse: ela havia dito a
mesmíssima coisa naquela noite do passado. Mas desta vez acrescentou, áspera:
— Vou
querer um martíni. - A interpretação dela era seca, controlada. "Isso
deveria ser um filme", pensei. Sem quebrar o nosso olhar recíproco,
aproveitei a deixa dela e disse:
—
Vou acompanhá-la no martíni.
O
garçom recolheu minha taça de champanhe e desapareceu. Taeyeon estudava meu
rosto através do lume das velas, e eu me esforçava ao máximo para parecer
bonita e indiferente.
—
Você não pediu que levassem o meu prato e os meus talheres — ela disse depois
de um tempo. — Não estava esperando por mim, estava?
Dei
de ombros.
—
Digamos que eu seja uma mulher sentimental.
—
Está surpresa?
—
Por você ter tido tempo de fazer compras?
—
Por não ter atirado ainda.
Não
pude conter o riso. Para duas pessoas determinadas a matar uma à outra, éramos
extremamente parecidas. Eu deveria ter imaginado que, sob o guardanapo de
linho, ela escondia mais do que uma roupa intima comprometedora.
Afinal,
na qualidade de profissional calejada, eu tinha feito exatamente a mesma coisa.
Obedecendo a um reflexo, eu havia tirado de um coldre que fazia às vezes de
liga de meia uma pistola minúscula que depois escondi sob o guardanapo.
Naquele exato momento a arma estava apontada diretamente para ela.
—
Não, isso também não me deixa surpresa — respondi.
E
assim deixamos claro uma para a outra que sabíamos muito bem qual era a
situação ali. Sorrimos como duas inimigas que, de tão semelhantes, acabam por
desenvolver uma estranha amizade. Igual eu sorrio pra Yuri.
—
Sabe do que mais gosto nesse restaurante? — Taeyeon brincou.
—
Está sempre cheio de testemunhas. — E com um sorriso propus uma trégua. — Mãos
sobre a mesa?
"Será
que posso confiar nela?" pensei.
Claro que não.
Acontece
que estávamos no meio de um restaurante sofisticado. Um lugar onde éramos
conhecidas. Nada adequado para um assassinato. Além do mais, quem de nós
saísse viva daquela situação jamais conseguiria uma mesa ali novamente.
Lentamente
levantei as mãos do colo e coloquei-as sobre a mesa. Taeyeon fez o mesmo.
"Se
não veio aqui pra me apagar, por que diabos veio então?"
Achei
melhor resolvermos nossos assuntos de trabalho durante os aperitivos, antes que
pedíssemos a comida. O chefe daquele lugar era um génio da culinária, e
subitamente me senti faminta.
—
Então — eu disse — você veio aqui para discutir os termos do divórcio.
Ficamos
caladas quando o garçom chegou para servir os martínis. Taeyeon levou o seu à
boca sem se dar ao trabalho de fazer o nosso brinde habitual. Depois
inclinou-se para frente deixando seu decote a mostra. Eu já amava aquele
vestido.
—
Nossa situação é bastante incomum — falou. — Você obviamente quer me ver
morta; e eu, bem, devo admitir que a sua longevidade é cada vez menos
importante para mim. — ela roçou os dedos no queixo, pensativa. — Que tal
abrirmos fogo agora mesmo e deixar que vença a melhor?
—
Isso seria uma pena — eu disse. — Aposto que me expulsariam daqui se vissem seu
corpo estatelado no chão.
Os
olhos dela faiscavam; o ar à nossa volta parecia crepitar de tensão.
—
Então nosso problema se resume a estas mãos— Taeyeon mostrou as mãos, um
sorriso irónico nos lábios — e o que fazer com elas.
Meu
corpo se contorceu na cadeira. Taeyeon tinha mãos maravilhosas e dedos
habilidosos. Naquele instante eu podia pensar num milhão de coisas que ela
poderia fazer com elas, embora nenhuma tivesse a mais remota relação com o
nosso problema.
A
sala estava cada vez mais quente. Foi então que o timbre sensual de um sax
alto se interpôs entre nós, enfeitiçando-nos com uma linda melodia. Um sorriso
maroto brotou nos lábios dela, convidando-me a fazer o mesmo.
—
Quer dançar? — ela sussurrou. Não escondi minha surpresa. Não havíamos dançado
desde aquela primeira noite em Bogotá.
—
Achei que você não gostasse de...
—
Fazia parte do disfarce.
—
A preguiça também?
Taeyeon
não se deixou afetar. Permaneceu como estava, com a mão estendida num convite.
Quando coloquei minha mão na dela e fiquei de pé, ela sussurrou no meu ouvido:
—
Elas ficam na mesa?
Fiz
que sim com a cabeça, e ambas depusemos sobre a toalha nossas armas embrulhadas
em guardanapos de linho. De repente, Taeyeon me enlaçou num abraço apaixonado.
Assustada, não resisti quando suas mãos começaram a percorrer meu corpo:
ombros, cintura, quadris... Jamais havia sido revistada de maneira tão sensual.
—
Só pra garantir... — ela disse a meia voz.
—
Satisfeita?
—
Claro que não.
—
Tarada...
Lívida,
rodopiei o corpo dela e encostei-a contra uma parede escondida atrás de um vaso
de plantas. (Horas na academia me haviam rendido muito mais do que belas
curvas.) Meu corpo pressionando o dela, o jazz embalando
nosso complicado abraço, fiz com que se submetesse à mesma tortura que pouco
antes ela mesma havia impingido a mim. Minhas mãos esquadrinhavam seu corpo: os
seios, as costas delicadas e os quadris sensacionais...
Por
mera distração, baixei a guarda e dei a ela a oportunidade de se desvencilhar
do meu abraço e puxar-me pelo cotovelo até a pista de dança. Tentei escapar,
mas logo me vi aprisionada contra seu corpo.
—
Acha que esta história vai ter um final feliz? — ela sussurrou tão logo nos
deixamos levar pela música. Tentei ignorar o prazer que sentia com a respiração
dela no meu pescoço.
—
Final feliz, só nas histórias que ainda não terminaram. - Em resposta ela me
apertou ainda mais e me conduziu, aos rodopios, por todo o salão. E
continuamos a dançar. Uma dança do acasalamento ou um duelo? Quem poderia
saber...?
Fosse
o que fosse, Taeyeon conhecia todos os passos daquele tango de paixão, ódio, remorso...
e dor. Ela estava me torturando ali, na frente de todo mundo. Então fiz o que
havia muito eu tinha aprendido a fazer quando sentia dor: reagi.
—
Na sua opinião, — desferi — por que nossa história não deu certo? Porque
vivíamos vidas separadas? Ou por causa das mentiras?
—
Tenho uma teoria — respondeu. — Recém-criada.
—
Sou toda ouvidos. - ela tomou minha mão direita e me guiou pela cintura.
— Você matou
nós duas. - Uma flecha venenosa direto no meu coração.
—
Interessante — retruquei. Mas ainda havia mais.
—
Seu alheamento, sua eficiência fria, especialmente na cama... Pra você, nosso
casamento era uma missão - ela continuou —, algo a ser analisado, planejado e
executado. Mas não vivido.
Humilhada
e furiosa, tratei de sair daquela situação: reuni minhas forças e afastei-me
aos rodopios. Mas Taeyeon me puxou de volta, como se eu fosse um ioiô atado a
um fio de barbante. E mais uma vez me aprisionou: minhas costas contra seu
peito, meus quadris encaixados em seus quadris, seu queixo apoiado no meu ombro.
—
E você fugia! — contra-ataquei. Ela conduziu-me até um recanto mais
escuro do salão e ali paramos, ofegantes e suadas, mas sem desfazer o nosso
abraço. Queria que ficássemos cara a cara, olhos nos olhos.
—
Que importância isso tinha pra você — perguntou, avultando-se sobre mim —, já
que nosso casamento não passava de uma dissimulação?
Ela
me segurava tão forte que eu mal podia respirar. As palavras escorregaram da
minha boca.
—
Quem disse que nosso casamento era uma dissimulação? - Achei que ela fosse me
triturar.
—
E não era? - Engoli a seco.
—
Bem... E pra você, era?
—
Perguntei primeiro.
A melodia
do saxofone passeava em minhas veias como uma espécie de anfetamina, fazendo
com que meu coração por pouco saltasse à boca. Taeyeon me perfurava com os
olhos, inebriava-me com seu abraço sensual. "Quem é esta mulher, e
o que ela fez com a frouxa da minha esposa?"
—
Então vamos contar até três — ela propôs. Fiz que sim com a cabeça.
—
Um, dois... três!
Eu
sentia seu coração bater forte e rápido enquanto nos abraçávamos, suspensos na
penumbra. E por um instante cheguei a pensar que... a me sentir como... a
desejar que... Mas as palavras... Não havia palavras.
Como
naqueles pesadelos em que a gente quer gritar, precisa gritar, mas os lábios
não se mexem, a voz não chega à garganta. Isso mesmo, um pesadelo. Eu ali, nos
braços dela. Tinha um milhão de coisas para dizer a ela, mas algo me puxava
para trás.
E
depois de cada segundo que ela não dizia nada, eu me sentia ainda menos
encorajada a falar. Até que o silêncio nos afastou por completo. A verdade nua
e crua se interpusera entre nós como uma espada — cortando todos os nossos
laços e falando por si mesma. Eu podia ver a resposta nos olhos dela.
"Nada de final feliz."
Num
ato impensado eu me curvei pra frente, ultrapassando a linha que nos separava e
colei nossas bocas. Num beijo ardente. Um beijo que a muito não acontecia.
Senti seus braços me apertarem com força enquanto nossas bocas se atacavam.
Quando por fim nos afastamos, eu percebi a burrada que eu tinha feito.
–
Não é o suficiente. Não pra mim. – eu sussurrei. Ela falou de repente, a voz
dura e fria.
—
Então nossa história pode terminar aqui ou pode terminar lá fora. Mas, de um
jeito ou de outro, termina hoje.
—
Me deixe ir! – implorei, completamente humilhada.
—
Não estou te segurando. - Aquelas palavras calaram fundo no meu coração.
"Idiota!" O que aparentemente tinha sentido no toque dela, visto nos
olhos dela, não havia passado de uma miragem. Real para mim; nada além de uma
jogada estratégica para ela. E naquele instante percebi o que realmente estava
errado na história toda.
Taeyeon
já havia se desligado de mim, mas eu ainda não havia me desligado dela. E a
verdade mais terrível era: talvez jamais fosse capaz de fazê-lo.
Virei
o rosto, achando que fosse me estilhaçar no chão como uma taça de champanhe.
Tentei reencontrar a força que me havia sustentado durante aqueles anos todos.
Por fim afastei-me de Taeyeon e perguntei ao garçom mais próximo:
—
Por favor, onde fica o toalete?
—
Por ali, senhora.
—
Obrigada.
E
continuei andando, controlando-me para não cair, para não sair dali correndo
como uma fugitiva. Podia sentir os olhos dela ainda pregados em mim. Um olhar
quente, que só podia ser de ódio. Fazia muito que não me importava com o que os
outros pensassem de mim. Então por que aquilo me machucava tanto?
Notas Finais: A coisa está difícil para o lado Taeny viu...