agosto 02, 2013

Fanfic Sra e Sra Kim
Escrita por ByunBiia
[+18]



Notas da Autora: Hello gente bonita!!! ?(+·?·)+ Eu to tipo assim, muito feliz. Obrigada a todos que favoritaram, comentaram e aos que somente leram. Amo vocês tudo!!! ( ignorem, acho que usei umas dorgas vencidas ae) Ta bom, já chega, vou deixar vocês lerem. <(?_?)> Ps.: Desculpa, se tiver qualquer erro ae é só avisar.


Taeyeon pov

Sunny não parecia surpresa ao me ver entrar, toda esfolada e com cara de poucos amigos. Ela arqueou a sobrancelha e balançou a cabeça negativamente, eu estava inquieta. Ela me olhava com pena enquanto eu andava de um lado pro outro derrubando cacos de vidro por toda sua sala.
— Você está dizendo que...
Ela se deitou todo esticado no sofá da sala, vestindo um roupão de banho e comendo um sanduiche com aparência de estragado, enquanto eu andava pensando qual seria meu próximo passo.
— Está dizendo que poderia ter atirado à queima-roupa e não atirou?
Eu me ajoelhei entre os entulhos carbonizados que peguei no escritório de Tiffany, comecei a analisar, vasculhando aquele entulho em busca de... do quê mesmo? Sei lá... de alguma coisa. Algo que pudesse dar sentido à história toda. Ou talvez estivesse apenas adiando o inevitável.
– Taengoo! — ela disse de repente se sentando — Como você deixou isso acontecer?!
– Continua procurando, Sunny, caladinha.
– Procurando o quê? Fósseis? Você não está com tempo pra brincar de arqueóloga. Eles te deram quarenta e oito horas, e só te restam o quê? Vinte e duas? Vinte e três?
— Dezoito e uns quebrados.
— Dezoito horas até despacharem vocês duas para o inferno! Taeyeon, chega de embromação. Você precisa apagar essa vadia já!
Olhei para ela, severamente.
— Não preciso que você me diga como lidar com a minha própria mulher. E pare de chamar ela de vadia.
Sunny balançou a cabeça, impaciente. Não era de tapar o sol com a peneira.
— Ela não é sua mulher. - Demorei um pouco para digerir estas palavras. - Você precisa aceitar isso — ela continuou um pouco mais amena. — Ela não é sua mulher. É o inimigoVai por mim. Ela agora deve estar lá, com as amiguinhas, arrumando um jeito de acabar com você. E ficar com a casa, o carro, o gato, até a torradeira...
— Soonkyu! — gritei.
Ela estava indo longe demais. Talvez em direção ao campo de guerra ao qual se resumira quase todos os seus relacionamentos no passado. De repente, avistei um pedacinho de papel, minúsculo e poei­rento, que me deixou intrigada. Sunny se aproximou para ver o que estava escrito nele. Apenas quatro letras: "TZKY.”.
— Pô, será que dá pra comprar uma vogal? — brincou. Talvez fosse uma pista. Mas ela não concordou e preferiu continuar a me importunar:
— Você tem que apagar ela, Taengoo.
Sim, mas como? Não se tratava de uma cabecinha de vento qual­quer. Nem de uma matadora de aluguel ordinária. Tiffany era boa no que fazia, por mais que me custasse admitir isso. Muito boa. Mas não era páreo para mim. Apenas um desafio. Eu era a melhor.
Sunny prosseguiu com a saraivada de conselhos:
— Tem que entrar na vida dela... na cabeça dela... encontrar uma porta... Vá pra casa!
Para casa? E onde é que ficava isso? A ideia não quis sair da minha cabeça. Ir para casa. Humm... Ridículo? Talvez não. Nem sei se ela estaria lá.
Talvez já tivesse desaparecido. Ou talvez estivesse mesmo lá, con­fiando que eu jamais colocasse os pés naquele bairro outra vez. O que a deixaria ainda mais vulnerável.
— E Tae, é melhor você não ir sozinha — advertiu Sunny. — Leva um escudo. Alguém pra levar o primeiro tiro caso ela esteja escondida e armada até os dentes na chaminé!
Joguei os braços para o alto exasperada e disse:
— E onde vou encontrar esse escudo? - Depois parei e pensei. Um rosto me veio à mente. O escudo perfei­to, que além de tudo morava debaixo do meu nariz. Em dois segundos eu já estava na soleira do meu vizinho. Toquei a maldita campainha.
Quantas vezes naqueles últimos cinco anos eu havia parado diante daquela mesma porta, levando uma garrafa de vinho? Ou segurando uma bandeja de salgadinhos enquanto Tiffany carregava outro aperitivo qualquer?
Como aquela última visita. Tiffany chegando na última hora, arfando, com aquele brilho estranho no olhar. Eu estava tão preocupada em esconder o que eu tinha feito que sequer enxerguei o que se passava com ela. Achei que estivesse um pouquinho ansiosa por causa da festa. Por onde ela teria andado naquela noite? Que diabos estava fa­zendo? E com quem?
O Senhor Lee teve o azar de estar em casa. "Carma ruim, meu amigo", pensei ao vê-lo abrir a porta com um daqueles chapéus de chef ridículo na cabeça e um avental de churrasco onde se lia "Cui­dado com a salsicha quente". O cara era um perfeito panaca dos subúrbios.
— Olá — eu disse, animada, entrando rapidamente no papel de dama de família. Não foi difícil convencê-lo a dar um pulinho até minha casa. Disse um simples “acho que era um rato” e com uma cara assustada disse “e seria bom se um homem forte como você pudesse mata-lo” Ele adorou. Acho até que se sentiu lison­jeado.
De repente percebi, com uma pontinha de remorso, que nunca o tinha convidado para ir à minha casa, muito embora tivesse compa­recido à dele inúmeras vezes. Ele praticamente trotou até a minha varanda. Com muito cui­dado, passei os olhos pelos arbustos do jardim, à procura de armas apontadas em nossa direção. Mas as azáleas me pareceram inofen­sivas. Destranquei a porta da frente e empurrei-a com a ponta do pé. Silêncio.
A porta se abriu lentamente, e eu espiei para dentro. Nenhum sinal dela. Na qualidade de anfitriã, fiz sinal para que meu escudo — quer dizer, meu convidado — entrasse primeiro.
O Sr.Lee sorrindo como se fosse um cavaleiro empunhando uma espada a fim de defender sua dama. Quanto a mim, preparei-me internamente para ouvir o hall de en­trada explodir. Ou pelo menos a cabeça do cara. Mas nada aconteceu.
— É inacreditável que eu nunca tivesse vindo aqui antes. — excla­mou ele, olhando ao seu redor sem nenhum constrangimento.
Eu também olhei ao meu redor. E fiquei inquieta. Talvez fosse uma cartada inteligente de Tiffany. Deixar que eu entrasse em casa e espe­rar até que eu me sentisse suficientemente confiante para abaixar a guarda. Alerta, eu seguia atrás dele, com a cabeça baixa e uma das mãos no coldre do revólver.
— Este piso é sensacional! O que é? Teca?
Olhei para o piso e disse:
— Não tenho a menor ideia. Vem, vou te mostrar a casa inteira. - Ambos seguíamos de olhos bem abertos enquanto atravessávamos a penumbra em que se transformara minha antiga casa. Lee, por causa da curiosidade. Eu, por causa da apreensão.
Aos poucos chegamos à sala de visitas. E subitamente ele deu um gritinho duvidoso. Agachei o mais rápido que pude e, sem tirar a mão do coldre, varri a sala com os olhos. Mas não vi nada de interesse.
— O que foi? – perguntei apreensiva. O Sr.Lee apontou para o lavabo, cuja porta estava semiaberta.
— Mármore de Carrara!
Ufa! Soltei a respiração e acenei para que ele seguisse em frente e olhasse o que quisesse. Assim que ele entrou no banheiro para admirar o acabamento, sai de fininho e subi as escadas.
Arma em punho, quebrei para a esquerda e entrei no nosso quarto. Ou melhor, entrei no quarto. "Você não mora mais aqui", disse a mim mesma. "Se é que um dia você morou...".
Depois de uma rápida olhada atrás da porta, vasculhei as gavetas de Tiffany, à procura de armas ou... na verdade, não sabia exatamente o que estava procurando. Algum tipo de explicação, eu acho. Mas as gavetas estavam meio vazias — talvez ela já tivesse retirado dali o pouco que queria guardar para si depois de cinco anos de casamento. Na verdade, o lugar dava a impressão de ter sido saqueado por uma gangue de profissionais. E eu sabia muito bem que gangue era essa.
Segui para o closet logo adiante, abrindo caminho com o revólver, só para garantir. Ela havia deixado um montão de roupas para trás, misturadas com as minhas — fantasias de esposas suburbanas já sem nenhuma serventia. Afastei uma das suas camisolas de seda com o cano do revólver.
Antes que pudesse me conter, puxei o tecido contra o rosto e fechei os olhos. O cheiro lembrava o silêncio da noite, os lençóis amassados sobre a cama, minha mulher... Aish! "Ela não é sua mulher, ela não é sua mulher...", repeti para mim mesma.
Virando a cabeça, vi um corpo jogado num canto: o meu urso de pelú­cia que ela havia ganhado numa feira de rua e me dado como premio de consolação. "Sorte de principiante", foi o que ela disse então. Sei. O urso estava com o peito dilacerado. Eu sabia muito bem como ele estava se sentindo.
Em seguida vi um objeto escuro na lata de lixo. Uma fita de vídeo. Guardei a arma na cintura da calça, peguei a fita e li a etiqueta pregada no dorso. Era a fita da nossa lua-de-mel. Senti uma pontada no estômago. "Ela não é sua mulher...".
Então avistei um bloco de notas na cabeceira da cama, do lado dela. Peguei o bloco e tirei do bolso do paletó um spray mais ou menos do tamanho de um batom. Uma rápida baforada de vapor ultravioleta sobre o papel bastou para re­velar o que estava escrito ali: Lubetzky Corretagem Imobiliária. E um endereço.
Bingo! Ali estavam às quatro letras misteriosas: TZKY.
Perfeito. Obviamente a Archer precisaria de uma sede nova depois do inesperado incêndio da véspera. E Tiffany, muito gentil, ha­via deixado para mim um cartãozinho com o novo endereço. Segui para o próximo quarto. O quarto da Seo, ao contrario do anterior, lá tudo estava na mais perfeita ordem, abri o guarda-roupas e tinha poucas coisas, presumi que Tiffany havia levado ela junto. “Tomara que ela esteja em um lugar bem longe disso tudo.” Pensei. “Talvez... haja uma chance de mudar isso tudo e...” Não isso é impossível.
Rapidamente inventei uma desculpa para meu convidado: disse que havia subitamente me lembrado de um compromisso e prometi que muito em breve Tiffany e eu teríamos o maior prazer em recebê-los, ele e a mulher, para uns drinques ou para jantar. Uma mentirinha esfarrapada e fácil de dizer.
Pra meu desespero ele achou um bicho – algo parecido com um gambá – escondido na cozinha. Fiz ele se livrar do bicho o mais rápido possível. Acompanhei-o até sua varanda e depois dei meia-volta, se­guindo direto para a estufa. Uma vez na escuri­dão, tranquei a porta, busquei uma lanterna e abri o alçapão. Pulei para dentro e...
"Mas o que foi que..."
Mal acreditei no que vi; ou melhor, no que não vi. Meu dinheiro, minhas armas...tudo havia sumido. Nem mesmo um misero canivete tinha ficado para trás. Meu arsenal secreto havia sido totalmente pilhado... por Tiffany e sua fiel criadagem, não restava nenhuma dúvida.
"Aquela vaca!"
Foi o banho de água fria que faltava para dissipar de uma vez por todas aquela minha estúpida recaída sentimentalóide. Com o ânimo redobrado, subi a escada e deixei para trás o subsolo vazio. A profissional estava de volta. E agora era guerra. Ela ia descobrir o quanto sai caro mexer com um Kim!
Quase caí para trás ao olhar para o alto do espigão de oitenta e tantos andares, novinho em folha, que se lançava em direção ao céu cor de anil. Alguém estava montado na grana. Conferi o endereço que aparecia no bloco de anotações de Tiffany. Era ali mesmo. Octogésimo segundo andar. Nunca soube que o negócio de assistência técnica na área de in­formática desse tanto dinheiro.
O prédio ainda estava em construção, mas aparentemente a Archer não tinha tempo a perder. Afinal, tinham um assassinato para planejar: o meu.
Vestindo um uniforme preto, com o cabelo feito um coque e uma maleta executiva, eu podia me passar pela engenheira ou quiçá a dona do lugar. Portanto, não tive dificuldade para cruzar os andaimes. Ganhei até um capacete de um dos operários pra fazer “a vistoria com segurança”.
Dentro do elevador, apertei o botão que me interessava e fiquei ali, olhando para os números: 70, 71, 72, 73... o 74, não se acendeu. 75, 76... De repente, o carro parou entre dois andares.
Esperei por um instante para ver se se tratava de um truque de espionagem premeditado ou de apenas um probleminha rotineiro. Por fim, uma voz masculina disse pelo alto-falante:
— Aqui é da segurança. Aparentemente há um problema com o ele­vador. Mandaremos um engenheiro pra dar uma olhada, senhora, apenas alguns minutos.
— Não, muito obrigada — respondi. — Prefiro ficar aqui, espe­rando que o problema se resolva sozinho.
Um momento de silêncio. Depois:
— A senhora está brincando, não está?
Não respondi. Então o guarda se manifestou novamente, impa­ciente demais para um reles segurança:
— Então, está brincando ou não está?
Na verdade, aquele jeito de falar lembrava demais o tom de impa­ciência da minha mulher quando se metia numa discussão. Sorri calmamente para a câmera de segurança fixada na parede. Nunca se sabe quem está nos observando nesse tipo de situação. E mandei um beijinho para ela.
– Olá, amor. – sussurrei sorrindo amplamente ao escutar alguém bufar do lado de lá.

Tiffany pov

Então era isto: ela havia descoberto o endereço a partir da anota­ção que eu havia feito no bloco da mesinha-de-cabeceira. E agora estava lá. Eu sabia muito bem para quê, e o que planejava fazer. Eu olhava para as imagens dela, presa no elevador entre dois andares. Merda! Ela sempre ficava irresistível em roupas pretas.
"Ela é meu alvo, minha inimiga", tive de me lembrar.
Eu havia falado com ela como se fosse um guarda de segurança, minha voz distorcida por um modulador de modo a ficar mais grave. Quando ela não me respondeu, fui obrigada a repetir:
— Está brincando ou não está?
No monitor, ela levantou o queixo e olhou diretamente nos meus olhos. Eu tinha certeza de que, com ou sem modulador, ela sabia exatamente com quem estava falando. Sobretudo quando mandou um beijo.
E com uma cara de pau imensa sussurrou sorrindo: - Olá, amor!
"Vadia!"
Deixei de lado a voz falsa e disse: — Este é o primeiro e último aviso que eu lhe dou, Taeyeon.
Ela sorriu para a câmera, e acho que ouvi uma de minhas as­sistentes mais jovens suspirar. Aquele sorriso sempre fora uma de suas armas mais poderosas.
— Você sabe que não vou a lugar nenhum, amor — ela retrucou sem se alterar.
— E não vai mesmo — devolvi. — Neste exato momento você está trancada num caixote de aço hermeticamente fechado e pen­durado a uma altura de 76 andares.
Taeyeon esmurrou as portas do elevador, mas elas não se mexe­ram. Tentou alcançar a escotilha de emergência, mas ela era baixa demais.
– O que você tem aí em cima? — perguntou.
– Você não gostaria de...
– Cargas ocas no cabo de contrapeso? — ela arriscou. — E tam­bém nos sistemas primário e secundário de frenagem?
— Ela as encontrou! — disse Hyomin, surpresa. Sorri. Eu também fiquei impressionada.
— Mas não todas. — revelei a Hyomin, antes de voltar ao microfone.
— Tae, por acaso também viu a carga-base no cabo principal? - O sorriso de um milhão de dólares murchou pela metade. Esta­va claro que não tinha visto.
— De agora em diante só vou pegar o expresso.
— Acha que sou burra o bastante pra deixar um mapa da mina ao lado da cama? Puxa, TaeTae, achei que você fosse mais que um rostinho bonito.
Foi o que bastou para acabar de vez com o sorriso dela. Quanto a mim, tive de reprimir a vontade de tripudiar. Taeyeon cerrou o maxilar, os olhos faiscando na direção dos meus. Depois balançou a cabeça e disse:
— Você não vai detonar.
— Ah, não?
— Não. - Estávamos jogando uma sinistra partida de pôquer; muito di­vertida para mim, mas nem tanto para ela, pendurado no alto de um fosso de elevador.
— Acha mesmo que não vou?
— Acho.
Ela respondia sem hesitar, segura, petulante. De repente minha cabeça se deixou levar pela dor e pela raiva de quem havia sido traída. O coração duro como pedra, virei-me para Jiyeon e dei o sinal que ela esperava. Jiyeon apertou os botões na mesma hora. As luzes verdes do mo­nitor ficaram vermelhas. Tradução: ArmadoComecei a contagem regressiva:
— Cinco, quatro...
— Contar pra quê, Pany? — ela desafiou — Se vai mesmo detonar, detona logo. Vamos lá: três, dois, um... fogo!
Engraçadinha. Ela estava me provocando, e eu detesto ser pro­vocada.
— São essas as suas últimas palavras? - Um sorriso maldoso brotou em seus lábios.
— Não, são estas: eu detestei as cortinas novas! – Filha da Puta!
— Adeus, Taeyeon.
Se estivesse esperando por um coração mole ou por uma co­mutação de pena, tinha esperado à toa. Coloquei os dedos sobre o botão que mandaria aquele rostinho arrogante para o inferno... Aquele rostinho. Aqueles olhos, aqueles lábios. Aquele corpo...
Foi então que algo aconteceu. Algo que nunca havia acontecido antes, nem mesmo nos primeiros anos de carreira.
Travei.
Minha mão literalmente congelou sobre o botão. Não consegui ir em frente. Deixei a mão cair no colo, horrorizada comigo mesma. "Eu sabia!", era o que dizia o sorriso presunçoso nos lábios dela. Insuportável. Mas antes que eu pudesse pensar no que viria a seguir, ouvi um estrondo terrível:
Buuuuum!
Taeyeon ficou igualmente surpresa quando juntas nos demos con­ta: as cargas tinham explodido!
O carro de elevador de duas toneladas despencou como um saco de tijolos. Vi, estupefata, quando Taeyeon foi bruscamente jogada contra o teto do carro, movida pela força da queda. Mas eu não tinha apertado botão nenhum! Que diabos poderia ter acontecido? De repente minha atenção se voltou para uma pa­lavra que não parava de piscar no notebook de Jiyeon: ATIVAR.
Virei-me para ela, os olhos fumegando como duas explosões nucleares simultâneas.
— O que foi? — falou Jiyeon. — Você disse "adeus", não disse?
Saltei da cadeira e grudei os olhos no monitor sem poder fazer absolutamente nada. Chocada com o que estava acontecendo. To­mada de terror...
"Rápido! Talvez eu possa..."
Zzzztttt! O monitor ciciou como se dissesse: "Sua tonta!"
O rosto de Taeyeon sumiu da tela, substituído por um vazio estáti­co, mudo.

Taeyeon pov

Com a velocidade de um trem de carga, o carro despencava rumo ao fundo do fosso. A força da queda me empurrava contra o teto. Mesmo assim, consegui dar um sorrisinho de adeus para Tiffany quando atravessei a escotilha e subi no topo do elevador em queda.
A vibração fez com que eu soltasse a maleta. De dentro dela caiu as facas e ferramentas que usei no elevador. Voltei a cabeça para dentro do elevador, onde agora se ouvia uma versão pasteuriza­da de "Every Heart - BoA". Um absurdo. Por que uma maldade dessas com uma canção tão linda?
Pulei para dentro do carro para pegar uma chave de grifa que chacoalhava no chão e voltei ao topo o mais rápido que pude. Ali, afundei a chave no que parecia ser um mecanismo de frenagem se­cundário. De início, a coisa não saiu do lugar, mas acabou cedendo. E então algo aconteceu. A velocidade da queda começou a diminuir. Cada vez mais.
Até que finalmente o carro parou. No quarto andar. O número estava grafado no dorso da porta. Fiquei pensando numa maneira de abri-la. Bang!
O que quer que estivesse nos segurando não segurava mais. E o elevador voltou a cair fosso abaixo, duas toneladas de metal, para depois se esborrachar no chão com um impacto ensurdecedor.

Tiffany pov

Acabou. Santo Deus, como eu pude...
Olhando para o outro lado da rua, vi uma nuvem de poeira e esti­lhaços vazar pelas portas do arranha-céu ainda em construção. Acidente de trabalho. É o que diriam depois. Ninguém jamais saberia o que de fato tinha acontecido.
Eu sequer estava no prédio quando tudo aconteceu. Minha equipe e eu estávamos perfeitamente seguras a poucos metros dali, dentro da nossa van preta — um centro de comando móvel de onde eu havia orquestrado a coisa toda. Na verdade, Taeyeon passou bem ao nosso lado quando estava a caminho do prédio, e em ne­nhum momento de nossa conversa percebeu que não estávamos no octogésimo segundo andar.
Em termos estritamente técnicos, eu não tinha feito nada. Jiyeon havia detonado os explosivos. Mas eu tinha planejado tudo. Tinha armado as cargas com mi­nhas próprias mãos. Tinha premeditadamente deixado à impres­são daquele endereço no bloquinho de anotações. A isca foi das mais rudimentares, coisa de criança, mas Taeyeon mordeu-a com a inocência de uma ovelhinha.
Tudo não passou de uma armadilha. Na qual ela havia caído como um pato. Portanto, que diferença fazia não ter sido eu quem apertou o fatídico botão?
Minha intenção havia sido o tempo todo apertá-lo. Afinal era esse o plano. Minhas mãos estavam sujas de sangue — do sangue Da minha TaeTae. Minha amada esposa...
O que senti depois? Horror? Remorso? Pesar?
Não sei dizer. Um atordoamento, talvez, como o de um sonâm­bulo que acaba de acordar no meio de um lugar desconhecido. Como é que eu fui parar ali?
Por fim ouvi o alvoroço das sirenes dos carros de polícia e das ambulâncias que cercavam o local do acidente. Mas sabia que as ambulâncias seriam desnecessárias. Sou muito boa no que faço. Tinha certeza de que nenhuma pista havia ficado para trás.
Nenhum corpo.
Taeyeon tinha... ido embora.
As luzes dos carros de polícia rodopiavam no ar como as luzes de uma discoteca surreal. Sentada ao meu lado, Sooyoung analisava a expressão em meus olhos. Mas virei o rosto antes que ela pudesse descobrir o que eu estava sentindo.
Eu era uma profissional. Como uma cirurgiã, não podia me per­mitir nenhuma espécie de sentimento se quisesse realizar bem o meu trabalho. Meus olhos se voltaram para o tumulto do outro lado da rua. Sim, eu tive coragem. Fiz exatamente o que ela teria feito se eu não tivesse feito antes.

Taeyeon pov

— Ela foi capaz — eu disse, ofegando. — Ela foi mesmo capaz...
Levei alguns segundos para me convencer de que não estava no céu — nem no inferno. De que ainda estava viva, pendurada pela ponta dos dedos a uma aba, quatro andares acima do elevador em escombros. Escombros que deveriam ter incluído pedacinhos do meu crânio, do meu esqueleto inteiro.
Meu Deus. Ela foi capaz.
Cheguei a achar que jamais tivesse coragem. Mas teve. Talvez tivesse pensado: "É ela ou eu”.
E você, Taengoo? Teria a mesma coragem que ela?
Se tivesse a oportunidade, teria estourado os miolos da vaca antes que ela pudesse despachá-la para as profundezas do inferno? Teria, Taeyeon? Pois ela teve. Não pensou duas vezes.
De volta à realidade: eu precisava usar parte da adrenalina que desperdiçava desejando a morte de Tiffany na tentativa de sair dali de alguma forma — e acertar minhas contas tão logo possível.

Tiffany pov

Mais uma viagem de táxi pelas ruas da cidade. Luzes cintilando como diamantes no ar fresco da noite. Eu tinha tomado um banho rápido e trocado de roupa: a má­quina mortífera acabara de cumprir uma missão e agora podia trocar computadores e armas por novos adereços: batom, rímel, um vestido novo, sapatos de salto alto.
O táxi parou junto ao meio-fio, e um porteiro me ajudou a sair. Diante de um dos restaurantes mais sofisticados de Seul, conferi minha aparência no reflexo sobre a janela de vidro lamina­do. O vestido me favorecia: preto, feminino, sexyEu estava de volta ao papel de Tiffany Hwang.
Santo Deus, eu precisava beber alguma coisa. Então entrei, mal reparando nos olhares de admiração que me seguiam enquanto o chefe me conduzia até a mesa. Mesa para dois.
— Champanhe, por favor — eu disse enquanto me sentava.
— Pois não, Sra. Kim.
As pessoas me conheciam ali. Taeyeon e eu éramos assíduas fre­quentadoras. Aquele era — ou melhor, tínhamos sido — um dos nossos restaurantes prediletos.
Pisquei as pálpebras para afugentar as lágrimas que ameaçavam brotar em meus olhos e examinei o ambiente — em parte por ins­tinto e hábito, em parte por curiosidade. A sala parecia fervilhar de pessoas felizes. Amigos, familiares, casais apaixonados... Pelo me­nos todo mundo estava com alguém.
A solidão não era nenhuma novidade para mim. Boa parte da minha vida eu tinha passado sozinha. Mas naquela noite... Eu nunca havia me sentido tão sozinha.
Fechei os olhos e dei um longo gole no champanhe — a bebida das comemorações —, desejando que aquela efervescência conta­minasse meu espírito. Afinal, não me faltavam motivos para come­morar, certo?
Eu havia sobrevivido ao desmantelamento de uma situação que já não se mostrava mais operante. A frase era boa. Precisava anotá-la.
Mas, pensando bem... Os casais se separavam a toda hora, e em razão dos conflitos mais banais. Caramba, eu não tinha tido um conflito com minha esposa. Tinha tido uma verdadeira guerra — com armas, explosivos, e o escambau. Não podíamos simplesmente dizer uma a outra: "Então tá, valeu, a gente se vê por aí". Nosso re­lacionamento era de outra natureza. Do tipo "matar ou morrer".
Até que a morte nos separe.
Naquela ânsia de dizer o tão esperado "sim", ninguém realmente para pra pensar nessas palavras. Então era isto: nossos joguinhos de amor e ódio tinham chegado a seu fatídico fim. Eu tinha vencido. E por sorte ainda estava viva.
No entanto, ao depor a taça de cristal sobre a toalha impecavel­mente branca, tive a impressão de que, à minha frente, o prato e os talheres intocados e a cadeira vazia zombavam de mim.
Meu coração não se deixava convencer de que estávamos ali para comemorar. De repente, risadas misturaram-se aos meus pensamentos. Ten­tei desesperadamente descobrir de onde elas vinham. Não deve­ria ter olhado. Vinham de dois pombinhos apaixonados, sentados num canto distante, totalmente imersos na adoração um do outro e alheios a tudo o mais que se passava ao redor, inclusive à vexaminosa expressão de inveja que decerto cobria meu rosto.
Lembrando a mim mesma de jamais desejar o impossível outra vez, levantei a taça vazia entre os dedos. E, como se tivesse lido meus pensamentos, uma garçonete surgiu ao meu lado para servir mais um pouco do champanhe.
— Obrigada — murmurei, piscando os olhos para limpar a umidade.
— Madame. - Meu Deus, ela falou igualzinho a Taeyeon.
Então olhei para a mulher... loira, branca, corpo escultural, baixinha, vestida de preto, sorriso de deboche... quase dei um grito de susto!
Era Taeyeon quem estava ali! Viva e com todos os ossos no lugar... Mas como? Bolhas parecidas com as do champanhe começaram a dançar na periferia do meu campo de visão, como se pedissem que eu desviasse o olhar.
Mas segurei firme e devolvi o olhar fixo dela. Santo Deus, além de viva, ela estava absurdamente linda naque­le vestido escuro. Muito calma para alguém que acabara de ludibriar a morte.
Suponho que deveria estar espantada. Mas os anos de prática e treinamento vieram ao meu auxílio, car­regando-me numa espécie de onda até que eu pudesse recuperar o controle. Minha mão tremeu ligeiramente quando levei a taça à boca, mas dei um longo gole como se estivesse esperando por Taeyeon a noite toda. Deixei que ela falasse primeiro.
— Pensei em várias coisas pra te dizer neste momento — falou por fim. — "Querida, por sua causa estou no fundo do poço..." ou "Foi você quem me deixou assim, tão caída...!”.
Casualmente engoli o champanhe e perguntei:
— E então, vai dizer o quê?
Os olhos dela quase perfuravam os meus.
— Quero o divórcio. - Uffff. Soco no estômago.
Meu rosto? Imagem em dose-upMeu perfil mais favorável vol­tado para a câmera. Interpretação digna de um Oscar: apertando as pálpebras como se avaliasse cuidadosamente a proposta dela, falei: — Gosto da ideia. Foi aqui que você me pediu em casamento; a simetria chega a ser bonita.
— Posso me sentar? – Taeyeon puxou a cadeira.
— Por favor. - Tão logo ela se sentou e acomodou o guardanapo no colo, um garçom de verdade se aproximou da mesa.
— Champanhe, senhora? – Em nenhum momento ela despregou os olhos de mim.
— O champanhe é para as comemorações.
Ela permaneceu em silêncio o suficiente para que eu me lem­brasse: ela havia dito a mesmíssima coisa naquela noite do passado. Mas desta vez acrescentou, áspera:
— Vou querer um martíni. - A interpretação dela era seca, controlada. "Isso deveria ser um filme", pensei. Sem quebrar o nosso olhar recíproco, aproveitei a deixa dela e disse:
— Vou acompanhá-la no martíni.
O garçom recolheu minha taça de champanhe e desapareceu. Taeyeon estudava meu rosto através do lume das velas, e eu me es­forçava ao máximo para parecer bonita e indiferente.
— Você não pediu que levassem o meu prato e os meus talheres — ela disse depois de um tempo. — Não estava esperando por mim, estava?
Dei de ombros.
— Digamos que eu seja uma mulher sentimental.
— Está surpresa?
— Por você ter tido tempo de fazer compras?
— Por não ter atirado ainda.
Não pude conter o riso. Para duas pessoas determinadas a matar uma à outra, éramos extremamente parecidas. Eu deveria ter imaginado que, sob o guardanapo de linho, ela escondia mais do que uma roupa intima comprometedora.
Afinal, na qualidade de profissional calejada, eu tinha feito exatamente a mesma coisa. Obedecendo a um reflexo, eu havia tirado de um coldre que fazia às vezes de liga de meia uma pistola minús­cula que depois escondi sob o guardanapo. Naquele exato momen­to a arma estava apontada diretamente para ela.
— Não, isso também não me deixa surpresa — respondi.
E assim deixamos claro uma para a outra que sabíamos muito bem qual era a situação ali. Sorrimos como duas inimigas que, de tão semelhantes, acabam por desenvolver uma estranha amizade. Igual eu sorrio pra Yuri.
— Sabe do que mais gosto nesse restaurante? — Taeyeon brincou.
— Está sempre cheio de testemunhas. — E com um sorriso pro­pus uma trégua. — Mãos sobre a mesa?
"Será que posso confiar nela?" pensei. Claro que não.
Acontece que estávamos no meio de um restaurante sofisticado. Um lugar onde éramos conhecidas. Nada adequado para um as­sassinato. Além do mais, quem de nós saísse viva daquela situação jamais conseguiria uma mesa ali novamente.
Lentamente levantei as mãos do colo e coloquei-as sobre a mesa. Taeyeon fez o mesmo.
"Se não veio aqui pra me apagar, por que diabos veio então?"
Achei melhor resolvermos nossos assuntos de trabalho durante os aperitivos, antes que pedíssemos a comida. O chefe daquele lugar era um génio da culinária, e subitamente me senti faminta.
— Então — eu disse — você veio aqui para discutir os termos do divórcio.
Ficamos caladas quando o garçom chegou para servir os martínis. Taeyeon levou o seu à boca sem se dar ao trabalho de fazer o nosso brinde habitual. Depois inclinou-se para frente deixando seu decote a mostra. Eu já amava aquele vestido.
— Nossa situação é bastante incomum — falou. — Você ob­viamente quer me ver morta; e eu, bem, devo admitir que a sua longevidade é cada vez menos importante para mim. — ela ro­çou os dedos no queixo, pensativa. — Que tal abrirmos fogo agora mesmo e deixar que vença a melhor?
— Isso seria uma pena — eu disse. — Aposto que me expulsariam daqui se vissem seu corpo estatelado no chão.
Os olhos dela faiscavam; o ar à nossa volta parecia crepitar de tensão.
— Então nosso problema se resume a estas mãos— Taeyeon mostrou as mãos, um sorriso irónico nos lábios — e o que fazer com elas.
Meu corpo se contorceu na cadeira. Taeyeon tinha mãos maravilho­sas e dedos habilidosos. Naquele instante eu podia pensar num milhão de coisas que ela poderia fazer com elas, embora nenhuma tivesse a mais remota relação com o nosso problema.
A sala estava cada vez mais quente. Foi então que o timbre sen­sual de um sax alto se interpôs entre nós, enfeitiçando-nos com uma linda melodia. Um sorriso maroto brotou nos lábios dela, convidan­do-me a fazer o mesmo.
— Quer dançar? — ela sussurrou. Não escondi minha surpresa. Não havíamos dançado desde aquela primeira noite em Bogotá.
— Achei que você não gostasse de...
— Fazia parte do disfarce.
— A preguiça também?
Taeyeon não se deixou afetar. Permaneceu como estava, com a mão estendida num convite. Quando coloquei minha mão na dela e fiquei de pé, ela sussur­rou no meu ouvido:
— Elas ficam na mesa?
Fiz que sim com a cabeça, e ambas depusemos sobre a toalha nossas armas embrulhadas em guardanapos de linho. De repente, Taeyeon me enlaçou num abraço apaixonado. Assus­tada, não resisti quando suas mãos começaram a percorrer meu corpo: ombros, cintura, quadris... Jamais havia sido revistada de maneira tão sensual.
— Só pra garantir... — ela disse a meia voz.
— Satisfeita?
— Claro que não.
— Tarada...
Lívida, rodopiei o corpo dela e encostei-a contra uma parede escondida atrás de um vaso de plantas. (Horas na academia me haviam rendido muito mais do que belas curvas.) Meu corpo pres­sionando o dela, o jazz embalando nosso complicado abraço, fiz com que se submetesse à mesma tortura que pouco antes ela mesma havia impingido a mim. Minhas mãos esquadrinhavam seu corpo: os seios, as costas delicadas e os qua­dris sensacionais...
Por mera distração, baixei a guarda e dei a ela a oportunidade de se desvencilhar do meu abraço e puxar-me pelo cotovelo até a pista de dança. Tentei escapar, mas logo me vi aprisionada contra seu corpo.
— Acha que esta história vai ter um final feliz? — ela sussurrou tão logo nos deixamos levar pela música. Tentei ignorar o prazer que sentia com a respiração dela no meu pescoço.
— Final feliz, só nas histórias que ainda não terminaram. - Em resposta ela me apertou ainda mais e me conduziu, aos ro­dopios, por todo o salão. E continuamos a dançar. Uma dança do acasalamento ou um duelo? Quem poderia saber...?
Fosse o que fosse, Taeyeon conhecia todos os passos daquele tango de paixão, ódio, remorso... e dor. Ela estava me torturando ali, na frente de todo mundo. Então fiz o que havia muito eu tinha aprendido a fazer quando sentia dor: reagi.
— Na sua opinião, — desferi — por que nossa história não deu certo? Porque vivíamos vidas separadas? Ou por causa das mentiras?
— Tenho uma teoria — respondeu. — Recém-criada.
— Sou toda ouvidos. - ela tomou minha mão direita e me guiou pela cintura.
— Você matou nós duas. - Uma flecha venenosa direto no meu coração.
— Interessante — retruquei. Mas ainda havia mais.
— Seu alheamento, sua eficiência fria, especialmente na cama... Pra você, nosso casamento era uma missão - ela continuou —, algo a ser analisado, planejado e executado. Mas não vivido.
Humilhada e furiosa, tratei de sair daquela situação: reuni minhas forças e afastei-me aos rodopios. Mas Taeyeon me puxou de volta, como se eu fosse um ioiô atado a um fio de barbante. E mais uma vez me aprisionou: minhas costas contra seu peito, meus quadris encaixados em seus quadris, seu queixo apoiado no meu ombro.
— E você fugia! — contra-ataquei. Ela conduziu-me até um recanto mais escuro do salão e ali paramos, ofegantes e suadas, mas sem desfazer o nosso abraço. Queria que ficássemos cara a cara, olhos nos olhos.
— Que importância isso tinha pra você — perguntou, avultan­do-se sobre mim —, já que nosso casamento não passava de uma dissimulação?
Ela me segurava tão forte que eu mal podia respirar. As palavras escorregaram da minha boca.
— Quem disse que nosso casamento era uma dissimulação? - Achei que ela fosse me triturar.
— E não era? - Engoli a seco.
— Bem... E pra você, era?
— Perguntei primeiro.
A melodia do saxofone passeava em minhas veias como uma espécie de anfetamina, fazendo com que meu coração por pou­co saltasse à boca. Taeyeon me perfurava com os olhos, inebriava-me com seu abraço sensual. "Quem é esta mulher, e o que ela fez com a frouxa da minha esposa?"
— Então vamos contar até três — ela propôs. Fiz que sim com a cabeça.
— Um, dois... três!
Eu sentia seu coração bater forte e rápido enquanto nos abraçávamos, suspensos na penumbra. E por um instante cheguei a pensar que... a me sentir como... a desejar que... Mas as palavras... Não havia palavras.
Como naqueles pesadelos em que a gente quer gritar, precisa gritar, mas os lábios não se mexem, a voz não chega à garganta. Isso mesmo, um pesadelo. Eu ali, nos braços dela. Tinha um milhão de coisas para dizer a ela, mas algo me puxava para trás.
E depois de cada segundo que ela não dizia nada, eu me sentia ainda menos encorajada a falar. Até que o silêncio nos afastou por completo. A verdade nua e crua se interpusera entre nós como uma espada — cortando todos os nossos laços e falando por si mesma. Eu podia ver a resposta nos olhos dela. "Nada de final feliz."
Num ato impensado eu me curvei pra frente, ultrapassando a linha que nos separava e colei nossas bocas. Num beijo ardente. Um beijo que a muito não acontecia. Senti seus braços me apertarem com força enquanto nossas bocas se atacavam. Quando por fim nos afastamos, eu percebi a burrada que eu tinha feito.
– Não é o suficiente. Não pra mim. – eu sussurrei. Ela falou de repente, a voz dura e fria.
— Então nossa histó­ria pode terminar aqui ou pode terminar lá fora. Mas, de um jeito ou de outro, termina hoje.
— Me deixe ir! – implorei, completamente humilhada.
— Não estou te segurando. - Aquelas palavras calaram fundo no meu coração.
"Idiota!" O que aparentemente tinha sentido no toque dela, vis­to nos olhos dela, não havia passado de uma miragem. Real para mim; nada além de uma jogada estratégica para ela. E naquele ins­tante percebi o que realmente estava errado na história toda.
Taeyeon já havia se desligado de mim, mas eu ainda não havia me desligado dela. E a verdade mais terrível era: talvez jamais fosse capaz de fazê-lo.
Virei o rosto, achando que fosse me estilhaçar no chão como uma taça de champanhe. Tentei reencontrar a força que me havia sustentado durante aqueles anos todos. Por fim afastei-me de Taeyeon e perguntei ao garçom mais próximo:
— Por favor, onde fica o toalete?
— Por ali, senhora.
— Obrigada.

E continuei andando, controlando-me para não cair, para não sair dali correndo como uma fugitiva. Podia sentir os olhos dela ainda pregados em mim. Um olhar quente, que só podia ser de ódio. Fazia muito que não me importava com o que os outros pen­sassem de mim. Então por que aquilo me machucava tanto?


Notas Finais: A coisa está difícil para o lado Taeny viu...

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