dezembro 21, 2012

Fanfic All My Love Is For You
Escrita por MyYoona
[+16]





Dia 1095. 30 de Novembro de 2012. Faltam cinco dias para o aniversário de 25 anos de Yuri. E faz três anos que ela entrou em coma.



Yoona, como sempre, estava sentada ao lado da cama onde a esposa se encontrava deitada e cheia de tubos e aparelhos ligados ao seu corpo. Sempre passava no hospital antes de ir trabalhar, para dar bom dia; com a esperança de que aquele cumprimento fosse respondido. Infelizmente, sabia que as chances disso acontecer eram baixas - quase inexistentes, na verdade. Mas nada a fazia perder a fé. Sabia que a mais velha era brincalhona e adorava lhe pregar peças, e sempre pedia, nas curtas orações matinais, que alguém a avisasse que a brincadeira já havia perdido a graça. E enquanto fazia a sua visita diária, adorava ficar relembrando os momentos que passaram juntas e o começo da sua história juntas.



As duas se conheceram na faculdade e a morena aproveitou o fato de fazerem cursos o mesmo curso, para jogar o seu charme matador para cima da outra, que aceitou as investidas sem pestanejar. Namoraram por pouco tempo e, no mesmo dia da formatura, se viu defronte a uma Yuri emocionada e envergonhada, que subiu no palco e fez um pedido de casamento na frente de todos os formandos e seus convidados. A resposta não poderia ser outra: Yoona saiu correndo e quebrou a distância que havia entre ela e a sua namorada - no caso, futura esposa - gritando para o mundo inteiro ouvir: "Eu aceito".



Claro que essa notícia não foi recebida com a mesma alegria por seus familiares. A família de Yuri alegava o fato de "elas estarem começando a vida agora e não tinham maturidade suficiente para lidar com uma responsabilidade desse porte". Já a família de Yoona era mais radical e usavam argumentos mais pesados do tipo "Deus não aprova relacionamentos homossexuais" e "ser lésbica é a pior desgraça que pode acontecer na vida de uma mulher". Ignorando ambas as partes, as duas seguiram com a decisão e resolveram que, se não as aceitavam do jeito que eram, essas pessoas não eram dignas de atenção. E assim o contato das garotas com suas respectivas famílias foi ficando cada vez mais raro, até deixar de existir. Yoona se arrependia, poucas vezes, da medida drástica que tomou. E uma delas foi quando sua esposa sofreu o acidente que a deixou em seu estado atual. Pensava em como teria sido um pouco reconfortante quando ao receber o telefonema que lhe deu a notícia, tivesse sido embalada pelos braços fortes do seu pai, ou pelos braços macios da irmã. Até mesmo se tivesse a cabeça acariciada pelas mãos da mãe que nunca conheceu. Sabia que a morena também sentia-se assim, desamparada, Mas era orgulhosa demais para admitir que precisava do carinho de alguém. "Não conte para ninguém: mas preciso de você tanto quanto do ar para respirar.", sussurrou uma vez e Yoona se sentiu felicíssima pelo fato da grande Kwon Yuri admitir, assim,, sem esforço algum, que precisava dela. De saber que ela a amava sem reservas. Afinal, nesse caso, precisar é sinônimo de amar, não é?



A mais nova piscou os olhos e acordou do pequeno devaneio, olhou o celular: sete chamadas perdidas de Taeyeon.



Sorriu ao imaginar o rosto vermelho da amiga e as suas reclamações quase inaudíveis ao ouvir a mensagem avisando que o  número correspondente não atendia. Guardou o aparelho novamente na bolsa e olhou para a mulher deitada ao seu lado. Chegou perto da sua orelha e sussurrou, como se fosse um segredo confidencial:



- Não irei trabalhar hoje. Acho que deve ter alguma vantagem em ser diretora daquela empresa - Sorriu e beijou os cabelos negros que tanto adorava.



Voltou a encostar-se confortavelmente na poltrona que já lhe era tão familiar e tirou um livro de dentro da bolsa:  O caçador de pipas. O livro preferido de Yuri.



- Sabia que o estou  lendo pela décima vez? - Perguntou casualmente e o abriu na página marcada - E estou bem na parte que você mais gosta - Sorriu para o rosto desacordado - Quer ouvir? Eu sei que sim.



"Mas, agora, ele estava  fazendo alguma coisa, fazendo um gesto com as  mãos como quem indica urgência. Então, compreendi.



- Hassan, nós...



- Eu sei - disse ele se desvencilhando do meu abraço - Inshaallah, vamos festejar mais tarde. Agora vou apanhar aquela pipa azul para você - acrescentou. Largou o carretel e saiu correndo, com a borda do chapan verde arrastando na neve atrás de si.



- Hassan! - gritei eu - Volte com ela!



Ele já estava dobrando a esquina, com as  botas de borracha levantando neve do chão. Parou e se virou. Pôs as mãos em concha junto da boca.



- Por você, faria isso mil vezes - disse ele. E deu aquele sorriso de Hassan, desaparecendo então na esquina. Só voltei a vê-lo sorrir assim tão descontraído vinte e seis anos mais tarde, olhando uma foto Polaroid desbotada."



- Lindo, não é? - Fechou o livro.



- Sem a menor dúvida.



Uma voz masculina respondeu e Yoona  reconhecendo como sendo do médico de Yuri, Dr. Jang.



- Bom dia, Srta. Kwon. Sabia que a encontraria aqui.



Dr. Jang, é o chefe da ala neurológica do maior e melhor hospital particular de Seul. E apesar do seu bom humor característico, Yoona já não ficava tão feliz em vê-lo.



- Bom dia, como está?



- Melhor impossível e acredito que você esteja bem na medida do possível, não é?

Depois de feita a pergunta várias vezes, e recebendo a mesma resposta em todas elas, não era impossível que ele já a houvesse aprendido. A jovem concordou com um movimento de cabeça.



- Bom... Hoje não passei aqui somente para vê-la, Srta. Kwon. Temos algumas conversas pendentes.



Yoona sentiu a cabeça latejar ao desconfiar do assunto a ser tratado. Permaneceu em silêncio.



- Hoje faz três anos desde que Yuri se acidentou e desde então não houve resultados significativos...



Colocou as mas nas têmporas, massageando-as com cuidado. Podia sentir as lágrimas ardendo seus olhos e os soluços rasgando sua garganta.



- ... Eutanásia, como é conhecido o ato de desligar os aparelhos é  uma das opções - Concluiu cuidadosamente, o médico.



- Você está me dizendo que eu deveria matar a minha esposa?



Essa  linha de raciocínio assustou o jovem médico, que apressou-se em explicar.



- Você não irá matá-la, Srta. Kwon, porque, tecnicamente, ela já está morta.



Aquela afirmação foi como um tapa na cara de Yoona. Sentiu que não conseguiria segurar o choro.



- Não...



- Ela não respira sozinha.



- Não...



- Seu cérebro está danificado demais e não responde a nenhum estímulo.



- Não...



- Tenho certeza de que isso é o melhor para ela.



- NÃO!



Dessa vez a palavra saíra alto o suficiente para que o médico a ouvisse.



- Não ache que só porque tem um diploma na sua sala, que você pode vir aqui e dizer o que é melhor para a minha esposa. Sabe há quanto tempo estamos juntas? Há oito anos. A oito malditos anos! - Gritou - Eu sei que ela dorme com a língua para fora. Sei que fala sozinha quando está irritada ou com medo. Você já ouviu rir? Já a viu encantar a todos com o seu maravilhoso jeito de dançar?  Não!  - Passou a mão no rosto e ficou alguns minutos quieta. Quando voltou a falar, sua voz saiu contida e embargada pelo choro recente - Eu conheço a minha Yuri melhor do que qualquer pessoa. Sei o que é melhor para ela. Agora saia daqui e volte a fazer o seu trabalho. Afinal, é para isso que eu lhe pago.



Evitou olhar para o Dr. Jang, pois temia encontrar em seus olhos o que via no olhar de todos que sabiam de sua situação: pena. Então, apenas voltou a se sentar e a segurar a mão de Yuri entre as suas. E assim não percebeu quando o médico lhe deixou sozinha.



- Ouviu isso, Yul? Querem te tirar de mim - Deu uma risada forçada, trêmula - Não se preocupe. Não irão conseguir.



***



Yuri estava sentada na frente do balcão da cozinha e olhava para Yoona, que cortava alguns legumes. Nenhuma das duas falavam. Essa  era uma das melhores coisas do relacionamento: não precisavam ficar falando o tempo todo para evitar o silêncio, pois ele era agradável. Palavras não precisavam ser ditas; elas viajavam de coração para coração.



- Sabia que, quando adolescente, queria ser Chef de Cozinha? - A mais nova falou e recebeu um olhar divertido da outra.



- Sério? E por que não seguiu carreira?



- Não acho que cozinho tão bem assim - Admitiu enquanto colocava pimentões dentro da panela - E como Arquitetura era minha segunda paixão...



- Mas você também  não desenha tão bem assim.



Yoona olhou com falsa indignação para a morena que tentava conter o riso.



- E tem alguma coisa em que eu seja boa, Sra. Não tenho defeitos?



- Sim. Em me fazer feliz.



Ao ouvir isso, corou rapidamente. Apesar de vários anos juntas, ainda não havia se acostumado a essas declarações repentinas.



- Babo - Sussurrou.



- Saranghae , Yoona-ah.



- Saranghae, Yuri-ah.





Yoona sorriu ao se lembrar desse dia. Mas logo o sorriso se esvaiu. Essa lembrança parecia ter acontecido há décadas atrás, talvez até em outra vida. No entanto, foi o último dia que viu Yuri com vida. Apertou ainda mais a mão macia. Não queria que os momentos que viveu com a esposa fossem lembrados desse jeito, como se tivessem sido vividos há muito tempo. A esperança a estava abandonando. Yoona temia que ela fosse embora por completo e que, por causa disso, concordasse com os médicos. Dissesse que não havia mais jeito, que pudessem desligar os aparelhos. E então, conformada, dissesse adeus ao amor da sua vida.



A simples idéia de que isso poderia acontecer a desesperou e o soluço que saiu da sua garganta estava carregado de culpa, raiva e medo. Misturados. Dando ao momento, a trilha sonora da agonia.



***



- Yoong?



Ao ouvir seu nome ser chamado, abriu um dos olhos para ver de quem se tratava. Era Taeyeon, sua melhor amiga. Esta percebeu o rosto levemente vermelho e inchado, e suspirou.



- Ah, Yoong... - Abriu os braços e os colocou em volta do corpo da mais velha, em um gesto protetor. Como se quisesse livrá-la de todo o sofrimento.



- Hoje vieram falar comigo de novo, Tae - Sua voz não passava de um sussurro - E-Eles querem que eu autorize o desligamento dos aparelhos.



- Sei o quanto é difícil pra vo- - Foi interrompida.



- Mas como eu posso fazer isso? – Perguntou ainda no mesmo tom – Eu prometi que nunca a abandonaria. Que estaria ao seu lado na saúde e na doença. Como eles podem achar que eu simplesmente irei esquecer o juramento mais importante da minha vida?



- Vamos dar uma volta – Taeyeon disse e puxou delicadamente Yoona pela mão.



A loira, mais do que ninguém, sabia a situação que a amiga estava vivendo. Era amiga de Yoona desde pequena e quando conheceu Yuri, as três se tornaram inseparáveis. Tanto, que, juntas, construíram a grande empresa que levava no nome, a mistura de seus sobrenomes. Lembra, como se fosse ontem, o dia em que ficou sabendo do acidente que deixou a amiga naquele estado. Do aperto no coração que sentiu ao ver os tubos e fios no corpo sem movimento. E lembra, com ainda mais clareza, da falta de ar que sentiu ao ouvir os médicos falarem que, talvez, muito provável que sim, Yuri não acordaria.



Mas Taeyeon não perdeu a cabeça em nenhum momento, pelo menos não na frente dos outros. Precisava se manter forte por Yoona. E por ela mesma. Por isso, só chorava a noite, antes de ir dormir. Para que ninguém visse o quanto aquilo a atingia. Todos já estavam sofrendo demais e não precisavam de uma fraca.



Enquanto andavam pelo hospital, Yoona fungava e se agarrava ao braço da amiga. Tentava não pensar no caos que estava a sua vida. E Taeyeon lhe fazia bem. Gostava de quando a amiga cantava... Trazia uma paz que pensava haver sido roubada. Pararam, então, na lanchonete e compraram o que ambas adoravam: sorvete. Sentaram em uma mesa afastada e começaram a comer em silêncio. A mais velha queria fazer perguntas, mas sabia que aquele não era o momento certo.



- Acho que você devia ir embora comigo – Falou depois de um tempo.



- Por quê?

- Bom, você passa tempo demais aqui, Yoona – Suspirou – Não está vivendo! Acho que Yuri não iria querer te ver assim... Principalmente porque não está cuidando da empresa e você sabe que ela era o seu xodó.



A outra riu.



- É, tem razão. Ela não gostaria. Vamos embora então – Levantou-se – Só irei me despedir e pegar minha bolsa.



Taeyeon assentiu e ficou no mesmo lugar, terminando de tomar seu sorvete.



Yoona levantou e andou pelos corredores tão familiares, de volta ao quarto de Yuri. E a encontrou do mesmo jeito que a havia deixado. Todo dia ela rezava para que, quando abrisse a porta, encontrasse uma mão fora do lugar ou a cabeça pendida pro lado... Qualquer coisa! Qualquer movimento que comprovasse que a morena ainda estava viva e que essa idéia de eutanásia era uma besteira.



Colocou a bolsa no ombro e foi até a cama, se inclinou e dei um beijo demorado na testa da amada.



- Amanhã estarei de volta, ok? Saranghae.

E saiu, dando uma última olhada para trás.



***



Cinco dias depois...



Yoona levantou se sentindo estranha. Sempre se sentia assim quando chegava essa data, 5 de dezembro, o aniversário de Yuri. Antes, esse dia era de pura alegria: acordava cedo, preparava um café maravilhoso, comprava um buquê de flores – apesar da morena odiar flores – e a noite dava o seu presente, normalmente depois do sexo. Tinha virado rotinha.



E agora... O que fazia?



Acordava, tomava café, comprava flores e ia direto para o hospital. Colocava o buquê no vaso que ficava no lado da cama e sorria ao imaginar a cara da mais velha ao ver aquilo:



“Yah, Yoongie! Você sabe que eu tenho alergia a flores. Por que nunca me dá algo que eu gosto? Aish!”



E ficava reclamando o dia inteiro e até para quem não quisesse ouvir. Mas sempre agradecia depois. Sempre



Suspirou e pegou a sua bolsa, pronta para sair de casa. No carro, enquanto procurava o seu cd preferido, uma música começou a tocar na rádio e chamou sua atenção:



Nagare teku keshiki futo shinkokyushite (O cenário que flui de repente me faz respirar fundo)



Miageta sora no hate anata no koe ga shita (Olhando no horizonte do céu escuto sua voz)



Tokuhanarete ite mo me o tojireba (Mesmo se você me deixar longe, se eu fechar meus olhos)



Hora kokoro wa soba ni iru (Seu coração estará perto)



All my love is for you, nothing left to lose (Todo o meu amor é para você, não tenho nada a perder)



Dare yori mo ai no imi o chikara o shitsu terukara (Porque eu sei o significado e a força do seu amor mais do que qualquer outra pessoa)



Yoona sorriu e aumentou o volume, dirigindo mais rápido para chegar ao hospital. Estacionou em frente à grande construção branca e entrou, cumprimentando todos que estavam na recepção – depois de três anos, era normal que já tivesse feito amigos. Andou até o quarto e estranhou ao ouvir mais vozes lá dentro. Elas falavam baixo, como se não quisesse que ninguém escutasse o que era discutido. A morena semicerrou os olhos e abriu a porta, encontrando o médico e os pais de Yuri, que se assustaram ao vê-la ali.



- Oh, Srta. Kwon... – O rapaz forçou um sorriso – Que bom vê-la! Bom dia.



- Bom dia... – Respondeu ainda desconfiada – O que fazem aqui?



A pergunta pode ter saído meio ríspida, e, mesmo que Yoona fosse uma mulher extremamente educada, não suportava os pais da sua esposa. Além deles não aprovarem o casamento e já terem feito de tudo para separá-las – até que finalmente desistiram -, não vieram saber notícias da filha quando ela sofreu o acidente. Alegaram que sabiam que ela estava em boas mãos e que Yoona tinha o dever de cuidar da mulher. Desde então, nunca mais se falaram e o asco que sentia pelos seus sogros só aumentou.



- Viemos visitar a nossa filha – O homem, já grisalho, respondeu com a sua voz grossa.



- Agora lembraram que têm filha?



- Você não sabe o quanto foi difícil para nós ficarmos longe da Yuri – Agora foi à vez da mulher responder – Queríamos estar aqui, mas nosso trabalho não permitiu.



- Meu trabalho também não permite, mas todos os dias venho aqui. Nem que seja por apenas alguns minutos – Respirou fundo – Mesmo assim, antes tarde do que nunca. Sabem, pelo menos, que dia é hoje?



- É o aniversário dela – O pai de Yuri respondeu.



Yoona quase sorriu.



- Vejo eu que, por mais que quisessem, não conseguiram tirá-la de suas vidas, hein?

O médico que até então estava quieto, pigarreou atraindo a atenção de todos.



- Srta. Kwon, temos que ter uma conversa séria...



- O que aconteceu? – A morena sentiu seu coração acelerar ao ouvir a palavra “séria”.



- Bom – Ele ajeitou os óculos – Há alguns dias, toquei em um assunto delicado com a Srta...



- E você já sabe qual é a minha resposta.



- Então, esse é o caso – Ele respirou fundo e encarou Yoona – Sua decisão é irrelevante agora.



- O QUÊ?



- O Sr. e Sra. Kwon conversaram comigo e expuseram o ponto de vista deles e...



- Não...



- Eles acham que o desligamento dos aparelhos é a melhor opção.



- Não... Não podem fazer isso!



Yoona já sentia sua visão ficar embaçada por causa das lágrimas que saíam furiosamente pelos seus olhos. Sentia seu corpo começar a fraquejar e já não via mais razões para lutar. Desabou no chão e se encolheu, abraçando suas pernas, evitando olhar para o casal à sua frente. Eles não podiam simplesmente tirar Yuri da sua vida! Não participaram de nenhuma etapa da sua longa estadia aqui no hospital. Não passaram noites em claro, observando cada parte do corpo para ver se alguma se movimentava. Não brigaram com os médicos quando estes diziam que não havia esperança... Eles não fizeram nada. E agora se acham no direito de vir aqui e a vida da sua esposa?



Yoona continuou chorando e não deve ter percebido quando desmaiou.



***



“- Yoongie...



Ao ouvir seu nome ser chamado, Yoona deixou de lado os seus projetos e se virou para Yuri, que estava deitada na cama, com o queixo apoiado na mão e m bico nos lábios.



- O que foi?



- Você não está me dando atenção esses dias – Respondeu com tom choroso – Sinto sua falta, baby.



- Preciso terminar essa planta para amanhã, Yul. E não fale como se eu preferisse ficar trabalhando a ficar com você.



- Deixe esses papéis e venha aqui, depois te ajudo a terminar. Prometo.

A mais nova riu.



- Você nunca me ajuda. Só quer ficar aí deitada.



- Confie em mim desta vez, sim?



- Por que eu não consigo te dizer não?



Yuri riu e seus braços se abriram, prontos para receber a outra. Yoona sentou nas pernas da morena e colocou os braços em seu pescoço, buscando seus lábios em seguida. O beijo começou lento, mas foi ficando mais rápido à medida que as mãos da sua esposa arranhavam suas pernas descobertas e apertavam sua cintura. Yoona soltou um suspiro alto ao sentir uma mordida em sua orelha, seguida de um chupão no pescoço.



- Isso vai ficar marcado – Conseguiu falar com a voz trêmula.



- Ótimo! – E chupou de novo.



As mãos de Yuri tiraram sua blusa e sua boca desceu para o colo e seios de Yoona, a fazendo gemer baixo e começar a rebolar no colo da esposa. A mais velha sorriu: já havia deixado a outra no clima. Com essa certeza, deitou Yoona na cama e ficou por cima, trilhando beijos por todo aquele corpo que tanto idolatrava e sabendo que aquele projeto provavelmente seria terminado às pressas.



- Yoong? Você pode me ouvir?



Aquela voz... Era Taeyeon, tinha certeza. Se encolheu ainda mais nos braços da melhor amiga e sentiu o aperto em torno de si ficar mais forte.



- Eles já fizeram? – Perguntou e não sabia se queria realmente ouvir a reposta.



- Não... Estão esperando você. Mas eu não acho uma boa idéia você ir até lá...



- Ela é a minha esposa, Tae – Respondeu e limpou as lágrimas do rosto – Eu preciso estar naquele quarto.



A loira suspirou e ajudou Yoona a levantar. Sabia que quando a amiga tomava uma decisão, era quase impossível fazê-la mudar de idéia. Abriu a porta de um quarto qualquer onde colocaram Yoona depois que ela desmaiou e segurou a sua mão fortemente enquanto andavam até o quarto 243. Ao chegarem à porta, Taeyeon sentiu que a amiga não queria se mexer e seu rosto mostrava puro medo.



- Lembre-se: estarei com você durante todo o tempo.



A morena lhe deu um sorriso fraco e acenou positivamente quando perguntou se poderia abrir a porta.



Dentro do quarto estavam o médico, os pais de Yuri e mais alguns enfermeiros. Os mais velhos evitaram olhar para Yoona quando esta também entrou. O médico pigarreou e secou o suor da testa.



- Está na hora. Prontos?



Todos balançaram a cabeça em afirmativo. Yoona ainda hesitou antes de, também, concordar. O Dr. Jang, então, deu as ordens para os enfermeiros e eles começaram o processo.  Apertaram o botão e os olhos de todos se focaram no visor onde mostrava os batimentos cardíacos de Yuri. Todos viram quando o número começou a baixar, baixar, baixar... E atingir o zero. Todos ouviram o barulho que indicou que Yuri não estava mais viva. Definitivamente.



Taeyeon tentou abraçar Yoona, mas esta se desvencilhou e andou lentamente até a cama de Yuri. Deitou ao seu lado e tirou a máscara por onde o ar entrava no corpo da sua esposa, dando um selinho demorado em seus lábios sem vida.



- Prometo amá-la e respeitá-la por todos os dias da nossa vida. Até que a morte nos separe – Repetiu parte do juramento que fez há cinco anos, quando decidiu que Yuri seria a sua vida.



Todos saíram do quarto para deixar que a morena se despedisse. Os pais de Yuri choravam e decidiram ir embora. Taeyeon tentou de todas as formas segurar as lágrimas, mas foi impossível. Acabara de perder uma amiga. Companheira de muitos anos. Esposa da sua melhor amiga. Sócia e colega de trabalho. Definitivamente precisava colocar sua tristeza para fora. Então, pela primeira vez, Taeyeon sentou-se na cadeira, colocou as mãos no rosto e chorou.



***



Taeyeon se ofereceu para dormir hoje em seu apartamento, mas Yoona recusou. Hoje queria ficar sozinha e não iria fazer nada demais, explicou para a amiga. Finalmente convencida, a loira a abraçou forte mais uma vez e seguiu para o elevador, deixando a maknae da turma finalmente sozinha.



Yoona fechou a porta atrás e se encostou sobre ela, observando o apartamento. Escuro e vazio. Exatamente como a sua vida. Sorriu amarga e foi para o seu quarto, pois queria chorar. Ao deitar na cama e fechar os olhos, sentiu um peso a mais ao seu lado. Com a visão embaçada e o quarto escuro, demorou para perceber que havia alguém deitada em sua cama. Pensou em gritar, mas uma calma a invadiu. Então, ligou o abajur e se deparou com Yuri sorrindo.



- Yul?



- Hey, baby – Ela respondeu e o coração de Yoona se aqueceu ao ouvir a voz da amada.



- C-Como você veio parar aqui?



- Ora, eu sempre estive aqui – Respondeu divertida – Você que nunca percebeu.



- Como?



- Bom, eu morri no dia do meu acidente, amor. Mas você se recusava a acreditar e fez de tudo para me salvar. Não estou reclamando! – Sorriu ternamente – Fico tão feliz em saber o quanto eu sou importante para você... Mas nós não podemos interferir em tudo.



Yuri parou, esperando a interrupção que não veio. Decidiu continuar.



- Então, desde aquele dia eu estou sempre contigo... Só esperando o dia que você finalmente entendesse que eu já não pertenço a esse mundo.



- É, eu entendi – Uma lágrima rolou pela sua bochecha e ela sentiu a mão de Yuri limpá-la. Assustou-se ao ver que poderia tocá-la, mas sorriu e pegou a sua mão e a beijou – Vou sentir tanto a sua falta.



- E eu já sinto – Olhou docemente para a esposa – Mas antes de ir embora, quero que me prometa uma coisa.



- O quê?



- Que você vai viver a sua vida. Continuar trabalhando, encontrar um novo amor – Seu rosto fez uma careta nessa parte e Yoona riu – E ser feliz. Promete?



- E-Eu vou tentar...



- Quero que me prometa, Yoona.



- Ok, eu prometo.



- Ótimo – Sorriu triunfante.



- Por que eu não consigo te dizer não?



Yuri riu alto e se aproximou para lhe dar um último beijo. Yoona aproveitou ao máximo e deixou uma lágrima cair, quando viu sua amada se afastar.



- Lembre-se: Seja feliz! Eu estarei lá em cima – Apontou para o céu – E farei de tudo para que isso seja possível. Saranghae, Yoongie.



- Saranghae, Yul.



E então ela desapareceu.



Se foi verdade isso que aconteceu, ninguém poderá explicar, mas essa breve conversa fez com que Yoona visse que Yuri já havia aceitado o que o destino lhe preparou. Agora só precisava Yoona aceitar também.



"Anata wa sasaete kuretav (Você me apoiou)



Yureru densha de tatsu yori mo (Mesmo eu estando em um trem sacudindo)



Kantanda yotte hohoende (Seu simples sorriso é o melhor)



Sekai ga owatte mo anata no egao o (Mesmo se o mundo acabar, eu vou acreditar em seu rosto sorridente para a eternidade)



Eien ni shinjiyou to ano toki kimete ita (Decidi naquele momento)



Toku hanarete ite mo me o tojireba hora kokoro wa soba ni iru (Mesmo se você me deixar longe, se eu fechar os olhos, seu coração estará próximo)



All my love is for you, nothing left to lose (Todo o meu amor é para você, nada a perder)"



FIM! 

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