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- Linha Tênue Capítulo 4 - Uma vida inteira pela frente
dezembro 22, 2013
Fanfic Linha Tênue
Escrita por MyYoona
[+18]
- Baby, acorde.
Senti um beijo no meu ombro e me mexi o suficiente para
puxar a coberta e cobrir a cabeça. Um sono descomunal me atingia e nada me
tiraria da cama agora. Nem mesmo Jessica.
- Não é hoje que você tem aquele trabalho importante sobre o
Código Civil para apresentar?
A xinguei mentalmente.
- Sim, Sica - Respondi com a voz abafada.
- Sua aula é as oito horas, não é?
Respirei fundo tentando controlar a raiva e grunhi em
resposta.
- Hum - Senti sua mão fazer leves círculos em minhas costas
nuas e relaxei - Já são oito e trinta e cinco.
O QUÊ?
Abri os olhos e levantei num pulo e não liguei para o fato
de estar nua - já que sentiria vergonha se fosse outra situação. O meu maior
problema era chegar o mais rápido possível a faculdade. Essa droga de trabalho
vale metade da minha nota e se não apresentá-lo estarei, sim, aquela palavra
com seis letras: ferrada.
- Ferrada tem sete letras, Krys - Jessica me corrigiu - Não
seis.
O olhar que lancei a fez encolher os ombros e segurar a
risada. Se tem algo em que os Jungs são bons é fazer com que as pessoas se
calem com apenas um olhar. Sempre agradeci esse dom.
- Os dois "r" tem som de um, então conta como se
fosse uma letra só - Respondi impaciente - Yah, por que não me acordou antes?
Ela arqueou uma sobrancelha.
- Acordei há alguns minutos atrás e não sabia do seu
compromisso - Mordeu a maçã que só agora percebi estar em sua mão - E a culpa
foi sua por não ter se lembrado. Não seja mal agradecida e vá se arrumar que te
levarei.
Peguei minha toalha e passei a mão por sua testa.
- Quem é você e o que fez com a minha irmã?
Ela revirou os olhos.
- Acordei de bom humor, ok?
- Sei bem quem te deixou feliz assim - Beijei seus lábios
rapidamente e segui para o banheiro antes que ela me desse uma resposta e eu
ficasse por baixo.
Acho que nunca fiquei pronta para ir a um lugar tão rápido.
Até Jessica ficou surpresa e logo me puxou para fora de casa antes que eu
movesse minhas pernas por conta própria. Enquanto seguíamos para a faculdade,
senti meu celular vibrar e o peguei, guardando-o assim que vi o nome de Kai na
tela. Ele tinha tentado falar comigo por todo o fim de semana, mas eu só o
atendi uma vez e apenas para o proibir de ir até a minha casa. E fiquei
surpresa ao constatar que ele já não surtia efeito nenhum em mim. Se fosse em
qualquer outro dia, teria aceitado suas desculpas antes mesmo dele pedir e
voltaria a ser a namorada perfeita. Mas eu havia mudado e não me arrependo.
O sorriso que me foi lançado quando paramos em um sinal
vermelho apenas confirmou ainda mais que eu tinha feito a escolha certa.
- Chegamos- Ela gritou e eu saí correndo do carro, voltando
alguns segundos depois e juntando nossos lábios mais uma vez.
- Me deseje sorte - Pedi.
- Sorte é para quem não se preparou e você estudou como uma
louca. Só vá lá e repita tudo o que disse para mim enquanto eu assistia
televisão.
- Você prestou atenção? - Perguntei surpresa.
- Claro que não - Dei um soco fraco em seu braço - Agora
corra que já está mais do que atrasada.
- Obrigada - Sorrimos e eu corri para dentro do prédio.
Suspirei ao ver a quantidade de degraus que me separavam da
minha sala, mas não podia esperar mais. Subi o mais rápido que pude e por rum
momento pensei que meu coração iria sair do peito, tamanha rapidez com que
batia. Abri a porta da sala com força e todos me encararam, inclusive o
professor que me olhou de cima a baixo e arrumou seus óculos antes de abrir a
boca e sua voz irritante entrar pelos meus ouvidos:
- Algum motivo para o seu atraso de - Olhou o relógio - Uma
hora e vinte minutos?
Dei um sorriso amarelo.
- Trânsito.
- Sério? A sua sorte então é que a sua apresentação é agora
- Pulei discretamente em alívio - Pode ir lá para frente.
Me curvei e segui para a frente da turma sendo observada
pelos meus colegas. Esbocei um sorriso e apertei o papel que estava em minhas
mãos.
- Bom dia, desculpem o atraso e a entrada brusca - Sorri e
todos me acompanharam - Agora que tudo voltou ao normal, vamos ao trabalho: o
Código Civil coreano...
Passei a hora seguinte desenvolvendo o tema, explicando o
porquê da sua criação e os benefícios que trazia para o nosso país e acho que
estava indo bem, já que os meus colegas não estavam com a habitual cara de
tédio e pareciam até interessados. Para o meu alívio, ninguém levantou a mão
para fazer perguntas e eu pude encerrar o meu trabalho com aplausos e até com
um sorriso por parte do meu professor, que é carrancudo por natureza.
- Parabéns, srta. Jung. Pode ir se sentar.
Eu deveria ter feito o que foi pedido, mas saí da sala e
corri até o campus da turma de dança, onde sabia que encontraria Amber. Ela,
com certeza, estaria esperando a namorada. E eu estava certa. Em frente ao
prédio alaranjado, cabelos loiros arrepiados me fizeram sorrir. Corri até onde
estava e pulei em suas costas; e ela, para nossa sorte, segurou habilmente as
minhas pernas e riu.
- Qualquer dia desses tenho certeza de que iremos cair.
Beijei sua bochecha.
- Você nunca deixaria acontecer isso comigo, Amber - Falei
com segurança.
- Sim, o que você quer?
- Vamos para um lugar mais afastado - Virei o pescoço e
avistei um banco vazio - Ali está ótimo. Me leve até lá.
Ela bufou e se despediu das amigas, seguindo para o lugar
indicado enquanto resmungava sobre como eu a fazia de escrava e não ligava para
os seus sentimentos. Revirei os olhos e apertei sua bochecha.
- Sem dramas, Liu - Sentei no banco e ela fez o mesmo -
Tenho muitas novidades para contar.
- Sério? - Seus olhinhos brilharam - O quê?
Curiosidade, um dos grandes defeitos da minha melhor amiga.
- Eu meio que estou com a Jessica.
Sua feição congelou e ela demorou alguns segundos para
expressar alguma reação.
- O quê?
Algumas pessoas que estavam por perto olharam para nós e eu
tapei sua boca com a mão.
- Sem gritar - Disse irritada - Não preciso que todos
escutem.
- Desculpe - Encolheu os ombros e voltou a me olhar animada
- Mas me conte como isso aconteceu!
- Bom, quando cheguei em casa fiquei sabendo que Jessica
iria para os Estados Unidos estudar e eu meio que pirei. Fui para o seu quarto
e tivemos uma conversa reveladora - Mordi o lábio - Nos beijamos e ela me pediu
para ir para o EUA também.
Senti duas mãos apertarem minhas bochechas e o rubor me
atingiu em cheio. Aish, meu corpo poderia colaborar e não manchar a minha
imagem de Ice Princess Jr.
- Vocês duas são tão fofas!
Revirei os olhos, mania que adquiri nesses últimos dois
dias.
- E você vai, não é?
- Não.
A minha resposta a fez arquear as sobrancelhas em resposta.
- Por quê?
- Não vou arriscar tudo por algo que não tem futuro.
- E como você sabe que não vai ter?
Bom, eu não sabia. Mas tenho certeza de que nunca poderei
beijá-la em público, não vou poder demonstrar carinho de uma forma mais
íntima... E eu não sei me esconder. Se gosto de alguém faço de tudo para que
todos saibam o que sinto, mesmo que inconscientemente. Como posso viver uma
relação escondida?
- Vocês vão achar um jeito - Amber segurou minha mão -
Quando queremos algo, sempre arranjamos um jeito de torná-la realidade.
Ok, eu preciso aprender a parar de pensar alto. Mesmo
estando perto da minha melhor amiga, tem coisas que ela não precisa saber
- Falar é mais fácil do que fazer, Amber.
Não tinha a intenção de ser grossa, mas o tom saiu mesmo
assim.
- Desculpe - Pedi assim que vi seu rosto e ela fez uma
careta, dispensando as desculpas com a mão.
- Que nada, você está certa. Não sei o que sente e o meu
olhar de fora nem sempre é o correto... Mas eu só quero que você saiba que
estou do seu lado para o que der e vier.
Nos abraçamos e meu coração inflou ainda mais. Aquela garota
que me irritava desde os dez anos de idade era a melhor coisa que havia me
acontecido desde que cheguei à Coréia.
- Então quer dizer que Jessica é minha cunhada? - Assenti
timidamente com a cabeça - E olha que nem precisei namorar com você para isso!
Revirei os olhos mais uma vez e sorri, pulando novamente em
suas costas. Senti um beijo em minha bochecha direita. Amber correu ao ver que
Victória saía do prédio e a minha vontade de voltar para casa para ficar com
Jessi aumentou consideravelmente.
***
- Jessi, chegu- - Um forte cheiro de queimado invadiu minhas
narinas e eu arregalei os olhos - JESSICA?
Corri para a cozinha e a cena que encontrei me fez
gargalhar: Jessica em frente ao fogão com braços cruzados e olhando chateada
para as panelas com um bico nos lábios. Será que ela se esqueceu de que não
sabe cozinhar? A última vez que havia tentado tinha conseguido o feito de
queimar a própria blusa. Ninguém sabe como aconteceu, só que quando eu, mamãe e
papai chegamos, encontramos a casa fedendo e a Sica encolhida num canto,
chorando.
- O que você estava fazendo? Ou melhor, tentando fazer?
- Cozinhar.
- Mas você é um desastre nisso - Comentei olhando para a
fumaça que saía de todas as panelas.
Quando coloquei meus olhos nela, percebi que era fuzilada
pelos seus. Ri alto. Que culpa tenho de ser sincera?
- Esse é o seu almoço, SooJung - Fiquei séria no mesmo
instante - Vamos, continue rindo!
Eu estava estática. E não era pelo fato dela ter me chamado
pelo meu nome coreano - coisa que só faz quando está extremamente irritada -,
mas sim por ter tentado cozinhar para mim. Jessica é a personificação da
preguiça e é mais provável que morra de fome do que ir para a cozinha preparar
algo para comer. Então eu deveria ser especial, não é?
"Não, ela só estava muito entediada e como não tinha
nada para fazer..."
Quieto, subconsciente! Não pedi a sua opinião, aish.
- Você fez tudo isso para mim?
Seu olhar foi direcionado a mim e depois rodou pelo cômodo.
- Não fale como se tivesse sido grande coisa - Passou a mão
no cabelo - E nem consegui fazer algo comestível...
- M-Mas a sua i-ntenç-ção...
Antes que eu pudesse perceber ou controlar, lágrimas rolavam
pelo meu rosto. Eu deveria estar na TPM, porque só isso explicaria o fato do
meu choro repentino! A cara que minha irmã fez foi deveras engraçada, mas não
foi o suficiente para me fazer sorrir. Ao contrário, uma nova explosão de
lágrimas surgiu e eu me sentei no chão.
Deus, de onde saía tanta água? Se colocassem baldes debaixo
dos meus olhos daria para matar a sede da África! Aish, estou ficando dramática
igual a Amber.
- Krystal, pare de chorar - Jessica pediu assustada - Yah,
tudo bem que queimou e não dá para comer, mas também não precisa ficar assim! Posso
assistir tutoriais melhores na internet da próxima vez.
Oh, haveria próxima vez?
- Meu Deus, o que faço para você parar de chorar? - Ela me
sacudiu e parou para pensar por um momento - Já sei!
Dito isso, colocou as mãos delicadamente no meu rosto e
colou seus lábios nos meus. Fiquei sem reação por um momento, mas logo minha
boca abriu espaço e a dela se movimentou, colocando a língua no espaço
concedido e transformando aquilo num beijo de verdade. Meus braços circularam a
sua cintura e a fiz sentar no meu colo. Aquele momento não era erótico e sim...
Romântico? Parecia que sim, já que era o beijo mais doce que eu já havia
recebido na minha vida - e olha que já beijei muito! Ela queria dizer algo que
me acalmasse com o seu gesto e eu entendi, pois cessei o choro em alguns
minutos. Continuamos a nos beijar lentamente e só paramos porque Jessica queria
certificar-se de que eu já estava bem.
Ela me encarou profundamente nos olhos e colocou uma mecha
de cabelo atrás da minha orelha.
- Está melhor?
- Sim - Respondi calmamente - Obrigada.
- Estou aqui exatamente para isso - Desviou o olhar do meu -
Curar você sempre que precisar.
Como ficar parada depois de uma declaração dessas?
A beijei novamente e com mais paixão do que nunca! A senti
sorrir e encostei minha testa na sua.
- Vem, vamos almoçar - Levantei e a puxei pela mão - Apesar
da boa intenção, você tem dom para outras coisas, não para cozinhar.
- É? Tipo o quê? - Perguntou com um sorriso sugestivo.
- Te falo mais tarde - Respondi no mesmo tom e a guiei até o
carro.
O caminho até o shopping foi feito em meio a várias risadas
da minha parte e reclamações e ameaças dirigidas a mim, que pela primeira vez
não me deixaram preocupada, pois logo depois um sorriso brincava no canto dos
lábios dela.
- Se eu for morar mesmo você, terá que aprender a cozinhar -
Adverti enquanto tentava estacionar o carro - Aish, a pessoa da frente tomou a
vaga dela e parte da minha! Ela dirige um conversível ou um caminhão?
Jessica riu alto.
- Então está mesmo considerando a ideia? Se for assim,
entrarei em um curso de culinária...
- Vai ter que melhorar a oferta se me quer em sua casa,
SooYeon.
Ela arqueou a sobrancelha e mordeu o lábio.
- Desafio aceito - E saiu, batendo a porta.
Fiz o mesmo em seguida, mas fechei a porta com carinho,
passando a mão de leve no capô.
- Perdoe a sua dona, ela não está em seu estado normal.
E corri para acompanhar Jessica, que já estava perto da
entrada do shopping. Reclamei sua falta de consideração com a minha pessoa e
entrelacei meu braço no dela, enquanto a guiava até a praça de alimentação...
Que estava lotada! O que as pessoas vem fazer aqui em plena segunda-feira à
tarde?
- Vem, vamos pedir um lanche.
Fui arrastada até um restaurante qualquer, onde tivemos que
esperar quinze longos minutos até sermos atendidas. Jessi logo se adiantou e
começou a fazer os pedidos: dois hambúrgueres, duas batatas fritas gigantes e
dois copos de refrigerante. A atendente nos olhou assustadas e nós apenas demos
sorrisos amarelos. Por que todos sempre se surpreendem com o quanto podemos
comer? É irritante isso.
Depois de pegarmos nossos lanches, sentamos em um das mesas
mais afastadas. Quando coloquei a bandeja em cima da mesa, pude perceber que
realmente aquilo era demais. Peguei meu celular e disse, rindo:
- Nunca não acreditar que comermos tudo isso. Vai, deixa eu
tirar uma foto.
Ela riu também e fez várias poses olhando para a comida e
fazendo cara de assustada. Ah, essas iriam para o Facebook!
- Você não teria coragem de fazer isso. Teria? - Tentou
tirar o aparelho da minha mão, mas foi em vão.
- Tarde demais - Zombei - E já tem até comentários, olha:
Virei o celular para ela e começamos a ler:
"Tiffany Hwang: Suas chatas, vão ao shopping e nem me
chamam, não é?"
- Verdade, deveríamos ter ligado para Fany - Jessica falou.
- Deveríamos nada - Respondi rápido. Eu ainda tinha um pouco
de ciúmes dela. Ok, tinha muito - A Amber também comentou:
"Amber Liu: Ê, laiá! Tão passando fome em casa, é? Aqui
tem comida, se quiserem xD"
- Nossa, que engraçada essa sua amiga - Sorriu sem humor e
começou a comer o seu hambúrguer.
Então eu comecei a rir muito alto e atraí a atenção da
maioria das pessoas que estavam sentadas perto da gente. A loira em minha
frente franziu a testa e esperou que eu explicasse o motivo do ataque
repentino.
- Olha isso.
Entreguei o celular e comecei a limpar as lágrimas que se
acumularam em meus olhos. Ela leu em voz alta:
- “Seohyun: Unnies, não façam isso! O excesso de gorduras
presente nesses alimentos entopem suas veias e eventualmente vocês morrem.”
Agora ela também me acompanhava nas risadas. Seohyun era
nossa vizinha super saudável e sustentável, e sempre que nos via comendo em
fast foods ou em qualquer outro lugar, sempre repetia esse mesmo discurso. Uma
graça de menina!
- Vamos comer tudo antes que esfrie – Jessi colocou o
celular em cima da mesa e deu a devida atenção para o seu lanche e eu também.
Terminamos de comer tudo não muito tempo depois. Eu estava
completamente cheia e se temia não conseguir chegar até o carro. Minha irmã,
surpreendentemente, pulou da cadeira e me informou, animadíssima:
- Vamos às compras!
***
- Eu realmente não me sinto confortável em estar em um lugar
desses.
- Pois me sinto como se estivesse em casa – Jessica
respondeu.
Estávamos em um Sex Shop que encontramos e Sica resolveu
entrar para “conferir as novidades”, como disse. Comecei a olhar os objetos
expostos e arqueei a sobrancelha para vários deles.
Achei um tipo de pozinho que você colocava na boca e antes
de fazer um oral e dizia dar muito prazer para o parceiro, calcinhas
comestíveis – que eu já sabia que existia, só não em tantos sabores – e uma
camisinha fluorescente.
- Isso deve ser legal – Comentei – Pena que não irei
precisar mais...
Antes que eu pudesse dar uma olhada no baralho erótico – que
fiquei surpresa por ter me interessado – ouvi meu nome ser chamado e quando
virei, foi impossível não abrir a boca: Jessica me olhava maliciosamente
enquanto estava vestida em uma fantasia de empregada. Admito que nunca fui
muito fã de fantasias desse tipo – Kai já havia me pedido para usar alguma e
sempre neguei -, mas ela estava espetacular naquelas roupas minúsculas!
Usava um sutiã preto que tinha preso nele uma espécie de
avental cheio de rendas. Ele amarrava atrás e deixava suas costas nuas pelo que
pude perceber e a calcinha também era preta com rendas. Seu cabelo loiro estava
meio bagunçado e com um laço no meio, branco e preto. Em sua mão um espanador
terminava o look.
- Estou pensando em comprá-la - Disse se aproximando de mim
– O que acha,Krys?
- E-Eu... – Balancei a cabeça – Achei muito bonita.
- Sério? Que bom – Sorriu e colocou sua boca perto da minha
orelha – Ela estará lhe esperando nos Estados Unidos.
E voltou para o cabine, me deixando estática.
- É, a oferta está muito melhor do que eu pensava.
***
- Onde vocês estavam?
Foi a primeira pergunta que ouvimos assim que cruzamos a
porta. Nossa mãe estava com os braços cruzados e a expressão não muito
amigável.
- Fomos ao shopping – Respondi.
- E não deixaram nenhum recado, não atendiam ao celular –
Ela jogou os braços para o alto – Querem me matar de preocupação? Eu estava
quase ligando para a polícia!
- YoonHee, sem drama – Nosso pai revirou os olhos e mudou o
canal da televisão.
- Drama? Agora eu fazer o meu papel de mãe e me preocupar
com suas filhas é drama?
- Ei, por que quando elas fazem algo que não te agrada se
tornam somente minhas filhas? – Ele virou-se para a mulher que o fuzilou com o
olhar – Vocês que demoram e eu que ouço o sermão!
- E você, Jessica, por que ainda não arrumou suas malas? Irá
viajar depois de amanhã e ainda não vi nenhuma movimentação sua – Apontou o
dedo para a escada – Suba e quando eu for ao seu quarto quero tudo pronto.
- Aish, mãe – Bufou – Não me trate como se eu tivesse dez
anos!
- Mas aqui as coisas só funcionam desse jeito!
E voltou para a cozinha, deixando nós três surpresos com
essa súbita explosão de raiva.
- Ela só está sofrendo com a partida da Sica – Nosso pai
explicou – E para não ficar chorando pelos cantos, prefere gritar. Eu realmente
não sei qual é o pior!
Rimos e eu subi para ajudar a minha irmã a arrumar suas
roupas. Quer dizer, no momento em que cruzei a porta do quarto, me joguei em
sua cama e abracei o travesseiro - respirei fundo ao sentir seu cheiro ali, mas
me controlei para não fazer nenhum comentário piegas. Conversamos sobre coisas
banais enquanto ela tirava as várias peças do guarda-roupa e tentava fazer com
que tudo coubesse dentro da mala.
Eu, na verdade, não estava triste com a partida da Jessica,
pois realmente considerava a ideia de ir para os EUA também. Afinal, mudar para
um país que ninguém nos conhecia nos dava uma chance maior de ficarmos juntas
sem nos esconder.
Mas havia a faculdade. Um pedido de transferência não sai
tão rápido assim... E também tem a Amber. A minha melhor amiga há nove anos. Eu
não poderia abandoná-la assim, do nada, não é? Mesmo que ela seja totalmente a
favor da minha ida, precisamos conversar antes. Aish, pensar nisso cansa! Será
que a Jessi se importaria se eu cochilasse um pouco...?
- KRYSTAL JUNG, NÃO DURMA ENQUANTO EU FALO COM VOCÊ!
É, se importaria sim.
***
(Quarta-feira, 09hs da manhã)
- Mãe, por favor...
Estávamos no saguão do aeroporto e minha mãe agarrava-se a
Jessica de uma maneira que chegava a ser engraçada. Ela estava sofrendo, era
visível, mas isso não impediu que eu e meu pai soltássemos uma risadinha e
fossemos fuzilados com o olhar no mesmo instante.
- Você deveria estar triste também, Kyung – Apontou o dedo
para ele – Está feliz por que a nossa bebê vai embora?
- “Meu bebê”, não... – Jessi escondeu o rosto nas mãos e eu
sorri ainda mais.
- Quem é a baby Jung agora? – Perguntei rindo e ela me
mostrou o dedo médio – Yah, mãe!
Mas ela não me ouviu, estava ocupada demais brigando com meu
pai. Balancei a cabeça em diversão e fui para o lado da minha irmã, segurando a
sua mão e aproveitando um pouco mais da sua presença. Ia ser estranho ficar sem
ela depois de tudo que passamos, mas ainda bem que não sofreríamos com essa
distância por muito tempo. Óbvio que ela não sabia disso.
- Será que eles não vão mudar nunca?
Olhamos para os dois e eles já estavam se abraçando. Rimos
baixo.
- Se mudassem não seriam os mesmo – Respondi.
- Sério? Nossa...
Notei um tom de ironia em sua voz e cerrei os olhos, mas
preferi não respondê-la já que uma voz feminina se fez ouvir por todo o saguão,
avisando que o voo de Jessica já estava pronto e decolaria em poucos minutos.
Ao ouvir isso, minha mãe a abraçou forte, sendo seguida por mim e meu pai.
Depois de uma mais crise de choro, segurei em sua mão e levei minha boca até a
sua orelha.
- Vamos nos ver logo, ok? – Sussurrei – Eu te amo.
Literalmente.
Ela sorriu e mordeu o lábio antes de olhar para os lados,
certificando-se de que ninguém estava olhando e juntou nossos lábios
rapidamente. Arregalei os olhos. Eu deveria estar vermelha de vergonha, ou até
roxa.
- Você é louca?
- Sim – Deu de ombros – Também amo você.
E com essa última frase ela correu para o portão de embarque
e acenou uma última vez antes de passar por ele.
***
- Tem certeza disso?
Eu havia comunicado aos meus pais sobre o meu desejo de
também me mudar para os Estados Unidos e eles fizeram milhares de perguntas,
todas respondidas com o mesmo argumento: “lá estão os maiores escritórios de
advocacia do mundo e minhas chances de emprego são maiores do que aqui”. E não
era de fato mentira. Mas ele também não precisam saber que eu já havia recebido
algumas propostas de estágio em alguns dos meus prestigiados escritórios daqui;
essa é só uma informação desnecessária.
- Tenho – Respondi convicta.
Meu pai suspirou e deu de ombros em resposta ao olhar
indignado da minha mãe.
- O que podemos fazer, YoonHee? Ela já é maior de idade e o
que disse sobre a facilidade em arranjar emprego é totalmente verdade.
- Mas por que nossas duas filhas estão querendo nos
abandonar?
- Mãe, pensei o seguinte – Segurei suas mãos e a fiz olhar
bem dentro dos meus olhos – Se o papai não tivesse saído da Coréia e ido
estudar nos Estados Unidos, ele nunca teria conhecido você e não formariam essa
família linda que somos hoje. Eu sinto que o meu futuro não é aqui. Deixe-me
encontra-lo lá...
Ela suspirou e concordou com a cabeça. Ponto para mim!
Abracei os dois e pedi para papai ir reservar logo as
passagens, pois já estávamos relativamente perto do natal e o preço subiria,
além de correr o risco de esgotarem.
Subi para o meu quarto correndo e liguei o notebook,
torcendo para que Amber estivesse online no skype para que eu pudesse dar a
notícia. E para a minha sorte ela estava. Contei a minha decisão e a reação dos
meus e ela vibrou – na verdade, ficamos pulando como idiotas por vários minutos
em frente à webcam, mas isso não é importante. E apenas por um momento a ideia
de deixá-la atravessou a minha mente, mas logo ela foi embora, pois a loira me
deu um sorriso do tamanho do mundo e disse que não me livraria fácil dela;
seria preciso mais do que alguns milhares de quilômetros para fazê-la parar de
me encher o saco.
- Finalmente vai desencalhar – Cantarolou e eu franzi o
cenho.
- Namorei com Kai por três anos!
- Aqui não era um namoro, Krys – Explicou – Ele transava com
você quando tinha vontade e dizia que te amava só para você dar para ele mais
vezes.
- Que horror – Disse ofendida.
- Mas com Jessica o lance é outro, não é? – Piscou o olho –
Isso que é amor, minha amiga. Amor!
Corei com seu comentário e a ouvir rir.
- TÁ APAIXONADA! TÁ APAIXONADA!
Quantos anos ela tem? Cinco?
- Admite logo, mulher!
Revirei os olhos e coloquei a mão na parte de cima do
notebook, pronta para fechá-lo.
- Tchau, Amber.
- Espera!
- O quê?
- TÁ APAIXONADA! – Ela gargalhou.
Eu abaixei a tela por completo e cruzei os braços, irritada.
Quem aquela garota acha que é? Não me lembro de ter feito algo parecido quando
ela me pediu para ajudá-la a conquistar a Victória. Ou talvez eu tenha feito.
Enfim, isso não é motivo.
Levantei da cadeira e resolvi tomar um banho. Ele foi
demorado e com direito a performances das minhas músicas preferidas; saí apenas
porque minha mãe bateu na porta e perguntou se tínhamos virado sócios da
companhia de energia elétrica. Mesmo o seu mau humor não conseguiu me atingir.
Sequei os cabelos e coloquei uma roupa confortável antes de pegar o telefone e
ligar para a faculdade pedindo que uma reunião com o reitor fosse marcada.
Recebi a resposta positiva e vibrei ao saber que ela havia sido agendada para o
dia seguinte. Agradeci e encerrei a ligação. A sorte, definitivamente, estava
ao meu lado!
Algumas batidas na porta me tiraram do devaneio em que me
encontrava. Franzi o cenho. Pelo que me lembrava, não esperava ninguém.
- Krystal, será que podemos conversar?
Me arrependi de ter aberto a porta no exato momento que vi
Kai do outro lado, com as mãos nos bolsos e expressão ansiosa.
- Não.
E teria fechado a porta se suas mãos fortes não tivessem me
impedido.
- Desde que aquilo aconteceu, nós não conversamos. Você não
atende as minhas ligações e me proibiu de vir aqui, mas eu preciso falar.
Deixe-me tentar explicar.
- Não existe explicação para traição, Kai.
- Sei que não – Suspirou – Então irei apenas contar o que
aconteceu. Posso?
Fui vencida pela curiosidade. Bufei e sentei-me na cama com
os braços cruzados e desprezo no olhar.
- Fale rápido porque eu não tenho o dia todo.
Ele concordou com a cabeça e entrou no ambiente que lhe era
tão familiar. Esperou alguns minutos antes de finalmente começar a falar.
- Não vim aqui para implorar que me aceite de volta, pois
isso seria hipocrisia.
- Até parece que você liga para isso – Falei baixo e ele
resolveu ignorar o meu comentário.
- Primeiramente: não foi nada da sua parte. Você era
atenciosa, carinhosa, engraçada e o sexo era maravilhoso.
Por favor, disso eu já sei! Nunca duvidei do meu desempenho
como namorada. Quero novidades, querido...
- Mas um dia eu estava mal na faculdade, por causa da
separação dos meus pais e você não estava lá. Sulli, então, veio conversar
comigo e acabou rolando. Infelizmente, eu não te contei e nem deixei de
encontrá-la. Aquele não foi o primeiro dia, Krys.
Eu deveria estar com muita raiva, mas não sentia nada. Só
repulsa. Levantei e abri a porta devagar.
- Saia daqui.
- Me desculpe, Krys.
- A sua sorte é que já encontrei alguém que sabe me dar o
meu devido valor. Caso contrário eu faria da sua vida um inferno.
Vi que ele ficou surpreso ao saber que eu já estava com
outra pessoa, mas não insistiu no assunto. Cruzou a porta e quando se virou
para falar mais alguma coisa, fechei a mesma em sua cara. E admito que parte de
mim estava triste por seus dedos não terem ficado no meio.
Eu tinha dito algo sobre o meu dia estar ótimo?
***
- Krystal Jung.
Ao ouvir meu nome ser chamado, me levantei e segui para a
reitoria. Esperava que tudo não fosse burocrático demais, afinal, eu não tinha
um histórico impecável pra nada. E também estava de péssimo humor já que uma
terrível dor de cabeça resolveu me atormentar desde que acordei.
- Bom dia – Um senhor de cabelos brancos sorriu – Sente-se,
por favor.
Fiz o que foi pedido e o encarei.
- Então a senhorita deseja uma transferência?
- Sim – Respondi – Gostaria de me transferir para a
Universidade de San Francisco.
Ele se recostou a sua cadeira e me observou atentamente.
- Sabe que não é tão fácil ir para lá, não é?
- O problema não é a seleção, pois sei que passarei sem
problemas já que minhas notas são excelentes, e sim a autorização daqui. Tenho
urgência em conseguir os papeis, pois o meu vôo está marcado para o dia 22.
O reitor deve ter se surpreendido com a minha arrogância,
mas não falei nada mais que a verdade.
- Tem certeza de que passará sem problemas?
- Sim – Respondi com convicção.
- Então os papéis estarão prontos na segunda-feira – Sorriu
e se levantou – Lhe desejo boa sorte.
Levantei também e apertei a sua mão, sorrindo e me curvando
em agradecimento.
- Obrigada.
Deixei a sala e assim que saí do prédio da reitoria, revirei
os olhos e coloquei meus óculos escuros em seguida.
- Não preciso de sorte, sou inteligente.
- E convencida.
- Você é humildade em pessoa, não é?
- Claro!
Um dos seus braços foi parar em meu pescoço e ela depositou
um beijo em minha bochecha antes de sair me arrastando para a cantina. Eu sorri
ao começar a andar e a idéia de que Amber não freqüentava suas aulas e vinha
para a faculdade apenas para ficar de olho em Victória invadiu a minha cabeça.
É desse jeito que ela pretende se formar em jornalismo?
- E aí, o que o tio disse?
- “Tio?”- Ela deu de ombros - Os papéis estarão prontos na
segunda e só precisarei enviar os dados para a USF e pronto!
- E vai mesmo me deixar? – Fez um bico e acenou para um
garoto que tocava violão de baixo de uma árvore – To brincando!
- Acho bom mesmo, Liu, pois tudo isso só está acontecendo
por sua causa.
- Não coloque a culpa em mim, Jung – Ela apertou o meu nariz
e eu bati em sua mão, fazendo-a rir – Pelo que me lembro, não fui eu que me
apaixonei pela gata loira...
- “Gata loira”? – Perguntei achando graça – Essa foi
horrível!
- Yah, olha a Vic acenando pra gente.
A garota de sorriso contagiante balançava a mão
freneticamente e pulava, chamando não só a nossa atenção, como a de várias
pessoas que estavam sentadas. De onde ela conseguia tirar tanta animação a essa
hora da manhã?
- Krys! – Correu até mim e me abraçou forte – Fiquei sabendo
que vai embora, é verdade?
- Sim, irei para San Francisc-
- Vou sentir tanto a sua falta!
Victória fez bico e apertou os braços em torno do meu
pescoço. Eu não estava acostumada a tanta demonstração de afeto com ela e não
sabia o que fazer. Precisei de um tapa para acordar e retribuir o gesto.
- Ah, também não é pra tanto... – Eu estava sem jeito –
Vamos nos ver logo.
- Sei que sim – Sorriu e segurou a mão da namorada – Nós
precisamos ir agora, aceita uma carona?
- Huh, não, obrigado. Eu estou de carro.
- Ok, até amanhã – Nos despedimos e seguimos em direções
opostas.
Destravei o carro e o liguei, saindo do campus e pegando a
estrada, pedindo aos céus para que não tivesse engarrafamento.
Mas tinha. E dos grandes!
Para evitar o estresse, sintonizei em minha rádio favorita e
estava passando um programa de clássicos americanos. Sorri quando “All My
Loving” dos Beatles preencheu o carro e me surpreendi ao ver o quanto ela fazia
sentido pra mim... Eu estava morrendo de saudade da minha garota e contava os
dias para o dia 22. Queria tanto ouvir sua voz, sentir seus beijos, a nossa
intimidade compartilhada de forma tão natural...
- VAI ANDAR OU VOU TER QUE PASSAR POR CIMA?
Abri a janela, mostrei meu dedo médio para o mal educado
carro de trás e pisei no acelerado, ainda ao som de músicas românticas.
***
- Krystal? – Levantei a mão para mostrar que estava acordada
– Jessica quer falar com você.
Levantei num pulo e olhei o relógio que marcava seis e meia
da tarde. Lá nos Estados Unidos devia ser seis da manhã do dia de ontem...
Aish, esse negócio de fuso horário é tão confuso!
- Jessi?
- Hey, baby...
Um sorriso involuntário se formou em meus lábios ao ouvir
sua voz. Nunca pensei que sentiria falta de algo tão simples.
- Como você está?
Voltei para o meu quarto e tranquei a porta para evitar que
nossos pais nos pegassem em uma conversa inapropriada, como eu sei que
teríamos.
- Com saudade e você?
Alarguei meu sorriso, mesmo que ela não pudesse ver.
- A Ice Princess está finalmente derretendo?
Ela riu baixo.
- O que posso fazer se você me deixa desse jeito? É tudo
culpa sua, Krys. Estou ficando sem reputação.
- Você não consegue resistir a mim, ok?
- Quer mesmo entrar nesse assunto? Porque que eu saiba, você
fez sexo selvagem comigo depois de meia hora de conversa...
Corei de leve e troquei o telefone de orelha.
- Yah, falando assim até parece que sou fácil!
- Só refresquei a sua memória sobre alguns fatos, baby Jung.
Fechei os lhos e consegui vê-la em minha frente: sobrancelha
arqueada, sorriso malicioso e o telefone nas mãos. Apenas essa imagem foi o
suficiente para me excitar. Deus, eu precisava me satisfazer!
- Krys? Ainda está na linha?
- Oh, Sica – Minha fala saiu mais parecido com um gemido –
Eu estou tão excitada! E tudo isso só ouvindo a sua voz... O que você fez
comigo?
Ela ofegou por um momento antes de falar.
- Acho que posso resolver esse seu problema.
- Como?
- O que você está vestindo?
Arregalei os olhos quando me dei conta do que ela me propôs.
Iríamos mesmo fazer sexo por telefone? Mas se nossos pais nos pegassem? Tem
outro aparelho na cozinha e um dos dois poderia querer usá-lo para fazer alguma
ligação e ouviria a nossa conversa e-
- Pare de surtar por um momento e se concentre em mim, ok?
Feche os olhos e esqueça de tudo. Foque na minha voz – Fiz o que foi pedido e
relaxei – Agora me diga o que está vestindo.
Sua voz estava baixa, rouca e novamente me excitou. Passei
as unhas de leve na minha coxa desnuda antes de responder:
- Estou com a roupa que fui para a academia...
- Com o quê, exatamente?
- Um short curto e um top.
- Hum – Mordi o lábio – Agora me imagine do seu lado. Estou
beijando seu pescoço e massageando seu seio... Você consegue imaginar, baby?
- Uhum...
- Agora tire esse top – Tirei-o rapidamente – Você consegue
imaginar que minhas mãos e minha língua está descendo pelo seu corpo? Estou com
minha boca no seu seio e mordendo-o de leve, como eu sei que você gosta.
Minha mão começou a massagear meus seios e eu sentia que
estava ficando mais molhada a cada palavra dita por Jessica. A minha respiração
estava pesada, assim como a dela. Eu necessitava me estimular, mas precisava
seguir as instruções da Sica. Deus, ela não poderia ir mais rápido?
- Tire o seu short, Krys...
Retirei aquela peça inútil e a joguei no chão. Passei a mão
de leve por cima da calcinha e estremeci ao tocar o meu clitóris que estava
muito sensível. Gemi baixo e comecei a passar a unha de leve no meu ponto
pulsante.
- Você está molhada, baby?
- Tanto, Jessi!
- Então coloque a sua calcinha para o lado e faça igual sabe
que eu faria: se estimule e diga o quão molhada você está.
Atendi prontamente ao seu pedido e entrei, finalmente, em
contato com a minha parte mais sensível. Coloquei um pressão em meu clitóris
enquanto me estimulava e soltei um gemido alto, recebendo um de Jessica. Saber
que ela também se tocava enquanto falava comigo dobrava o me prazer, além de
nada ser mais sexy do que os seus gemidos.
- Oh, Jessi, eu estou tão molhada! E queria tanto que
estivesse aqui para fazer daquele jeito que só você sabe...
A calcinha estava me irritando, então a tirei e joguei-a no
chão junto com as outras peças de roupa. Abri a perna para ficar mais fácil o
estímulo e coloquei o celular entre a orelha e o ombro, usando a outra mão para
massagear meus seios que também estavam necessitando de atenção. Até que fazer
isso por telefone não era tão estranho quanto pensei, chegava a ser tão
excitante quanto o sexo normal.
E apesar de nunca ter gostado de falar durante o ato, com
Jessica eu me tornava uma tagarela.
- Meus dedos escorregam com tanta facilidade, mas eu queria
que fossem os seus...
- Se penetre agora e gema alto para que eu possa ouvir.
Penetrei-me sem dificuldade e esqueci do fato de que alguém
poderia me escutar e comecei a gemer, aumentando a medida que meus movimentos
iam ficando mais rápidos. Um só não parecia suficiente, então adicionei outro e
revirei os olhos quando os gemidos dela começaram a se misturar com os meus,
montando uma melodia que eu queria escutar por muito tempo. Faltava pouco para
que eu chegasse ao clímax, apenas um empurrãozinho...
E ele não demorou a chegar.
- Quando nos encontrarmos novamente, vou te fazer dormir por
dias seguidos, de tão cansada que estará. Vou te fazer gozar tanto e limparei
tudo com a minha língua! Quero que gema grite meu nome para que todos possam
ouvir que só eu posso te dar o prazer que você merece.
Esse foi o ápice! Meu corpo começou a tremer, aquela
sensação boa tomou conta de mim e eu soltei um “Jessica” longo e arrastado
enquanto sentia meus dedos ficarem molhados. Sica atingiu o orgasmo alguns
segundos depois, o que foi maravilhoso, pois pude prestar atenção em cada
detalhe: o gemido agudo, a respiração entrecortada e juro que pude ouvir as
batidas do seu coração.
- Uau – Foi o que pude falar depois de tudo.
- Como você se sente?
- Maravilhosa – Sorri – Cansada e com vergonha.
Ela riu baixo.
- Já fizemos coisa muito pior.
- Eu sei, mas nunca foi por telefone!
- Vai se acostumando, baby Jung. Até eu comprar um notebook,
esse é o único jeito.
“Não por muito tempo”, pensei.
- Agora eu preciso desligar, a bateria está acabando. Nos
falamos depois?
- Com certeza.
- Ok, beijos.
- Amo você.
- Eu também amo você.
E a ligação foi encerrada.
Olhei para a minha situação e corei. Enrolei-me a toalha e
fui para o banheiro tomar um banho relaxante, pois depois de tudo aquilo o que
eu mais precisava era uma boa noite de sono.
***
O resto da semana passou de maneira rápida, pois estive
ocupada organizando os últimos detalhes da viagem. Corri para atualizar a minha
foto do passaporte e para comprar malas grandes o suficiente para comportar
todas as minhas roupas. Quando menos percebi já era segunda e os papéis estavam
prontos; só precisava terminar de colocar meus sapatos na bolsa e iria lá
buscar.
A única pessoa que não estava feliz com isso e não movia um
dedo para me ajudar era a minha mãe.
- Pela primeira vez em vinte e três anos passarei o natal
sozinha!
- Minha presença não conta?
Meu pai apareceu na porta do meu quarto e olhou ofendido
para ela. Sorri e balancei a cabeça, prevendo uma nova discussão.
- Você não conta – Ela respondeu sem olhá-lo.
- Nossa, obrigado! Também te amo – Disse irônico e saiu
resmungando algo.
- Bom, vou pegar os documentos, ok? Não vou demorar – Dei um
beijo em sua bochecha, mas a sua expressão não se suavizou – Ok ,então.
Peguei a chave do carro que estava em cima da mesa e saí com
ela em direção à minha faculdade. Entrei apressada no prédio da reitoria e a
secretária logo me deu os papéis necessários para a transferência que eu havia
pedido.
- Será que a biblioteca está aberta agora? – Perguntei
nervosa.
- Se você conseguir chegar lá em cinco minutos...
E isso bastou para que eu corresse campus afora até o prédio
que ficava a biblioteca, tendo a sorte de ainda achá-la funcionando. Acenei
para a garota que cuidava de tudo – que não me lembrava o nome no momento – e
segui para o computador, entrando no site da faculdade e digitando todas as
informações necessárias para o pedido de transferência. Depois de trinta
minutos tudo estava feito e eu cliquei no botão “enviar”, soltando todo o ar
que havia prendido e sorrindo para mim mesma. O resultado sairia dentro de uma
semana, mais precisamente no dia 22, o dia da minha viagem.
- Que tudo dê certo!
***
22 de Dezembro, segunda-feira, 15h30min da tarde.
- Sinto que estou tendo um déja vu – Meu pai suspirou.
Minha mãe se agarrava a mim da mesma maneira que fez com
Jessica, há mais de duas semanas. Eu tentava sair do seu forte abraço, pois o
meu vôo já havia sido anunciado e se não corresse o perderia.
- Mãe, eu realmente preciso ir.
- Por que minhas duas filhas estão me deixando? –
Choramingou – Não me amam mais?
- Isso não é verdade. Apenas queremos respirar novos ares...
- Podiam muito bem respirar o ar do outro lado da cidade e
não do globo!
- Aish, deixe as garotas, YoonHee – Meu pai finalmente tomou
alguma atitude e a tirei de cima de mim delicadamente – Vamos visitá-las o mais
rápido possível, ok? E tenho certeza de que nossas meninas irão manter contato
e não nos esquecerá, como você pensa.
- É, omma – Beijei seu rosto carinhosamente – Estaremos
esperando sua visita lá.
- De verdade?
- De verdade.
- Mas mesmo assim...
- Aproveitando que não teremos que nos preocupar com nada
aqui, o que acha de irmos jantar no seu restaurante preferido hoje, huh? – Vi
seus olhinhos brilharem com a proposta – Ou podemos ir ao cinema e ver aquele
filme que você quer tanto ver...
- Não, faremos os dois – Respondeu convicta – Nos avise
assim que chegar lá, ok? E pode deixar que não contamos nada a Jessica, será
uma surpresa pra ela!
- Obrigada – Abracei forte os dois – Amo vocês, mas agora
preciso ir.
Corri para o portão de embarque e entrei no avião sem
problemas. Quando ele decolou dei uma última olhada na paisagem de Seoul antes
de cair no sono.
***
- Tem certeza de que esse é o prédio certo?
Eu olhava desconfiada para a construção velha em minha
frente e me perguntava o que deu em Jessica para alugar um apartamento aqui, já
que detestava tudo o que parecia ultrapassado. E aquele prédio de uns 10
andares não parecia ter sido construído antes da década de setenta.
- De acordo com o endereço é esse sim, senhorita – O taxista
terminou de colocar minhas malas no chão e deu uma última conferida no papel
que eu havia lhe entregue alguns minutos antes – Quer ficar aqui mesmo?
- Sim, sim – Tirei o dinheiro da carteira e lhe entreguei,
recebendo um “thank you” em resposta – Tomara que Jessica não tenha se
enganado.
Entrei pela porta e me surpreendi com o que vi: o seu
interior era totalmente diferente da fachada! Com grandes sofás colocados
paralelamente um ao outro, um lustre elegante dava um toque elegante ao local,
além do piso de madeira e as paredes cor de creme. Simples e sofisticado.
Exatamente do jeito que Jessica gosta.
E tinha elevador! Quase ajoelhei quando o vi, pois pensar na
idéia de subir seis andares com a quantidade de mala que eu estava já me
deixava com dor nas costas. Coloquei tudo e entrei, apertando o sexto andar e
observando a porta fechar e começar a subir. Quando ele parou, admirei tive a
ajuda de um morador e eu o agradeci fervorosamente. Sorri e segui para o
apartamento 602.
Olhei no relógio de este marcava quatro e vinte e sete da
manhã; pensei seriamente em deixar para acordá-la só depois das nove horas, mas
precisava de uma cama! Aguentar mais de trinta horas dentro de um avião em uma
poltrona não tão confortável requer uma boa recompensa depois. E eu a queria o
mais rápido possível: fosse os beijos dela ou a sua adorável e quente cama.
Depois dessa minha pequena batalha interna, bati forte na porta e esperei que
fosse atendida, o que demorou mais do que esperava. Finalmente a porta foi
aberta e uma loira com short curto e uma camisa mais do que ela apareceu em
minha frente e demorou cinco minutos para me reconhecer.
- O que está fazendo aqui?
Jessica coçava os olhos de maneira infantil e tentava se
acostumar com a claridade quando a sua atenção se focou nas malas que estavam
no chão.
- Veio passar o natal comigo?
Ela abriu um sorriso e eu aumentei o meu.
- E o resto da vida também.
Antes que eu tivesse alguma reação, senti seus braços
rodearem meu pescoço e seus lábios se chocarem contra os meus. Pude apenas
corresponder às suas ações e também abraçá-la. Entreabri meus lábios e
começamos um beijo voraz, mas que foi ficando calmo, transparecendo saudade,
desejo e amor.
Ela se afastou de mim e passou as mãos pelo meu rosto,
sorrindo. Lembrou-se então, de que ainda estávamos no corredor e me puxou para
dentro do apartamento - muito bonito, por sinal – que não tive tempo de
apreciar, pois fui tomada novamente pelos seus beijos e me entreguei às
vontades do meu corpo que queria matar a saudade.
- Pensa que me esqueci do que disse no dia em que nos
falamos por telefone? – Consegui dizer quando Jessica desceu seus lábios para o
meu pescoço.
- E acha que EU consegui esquecer? – Sorriu maliciosa e me
guiou para o que imaginei ser o seu quarto. Tive a confirmação quando me senti
deitar em sua cama.
E eu que achava que ela continuava lenta quando acordava!
Notas Finais: Bom, gente, é isso \o/
Sei que demorei horrores mas esse foi o maior capítulo que eu já escrevi para qualquer fic minha! Então tenho um desconto? xDDesculpem os erros que podem acontecer no decorrer dele. Revisei, mas posso ter deixado passar algumas coisas... ou tudo rsAgradeço a todos os comentários lindos que recebi durante esses quatro capítulos e aviso-lhes que tenho planos para mais fics JungCest, então não desanimem haha \o/E... viram que a história não está marcada "completa"? Pois é, escrevi um capítulo bônus de Natal que tem até uma capa (que achei nos tumblr da vida). Agora sim vocês me desculpam, não é? hahahaha vou postá-lo assim que der :)Com "Linha Tênue" terminada, vou focar minha atenção em terminar "Catavento" e depois darei todo o meu tempo e amor para continuar "Mulheres da minha vida".Espero que continuem me acompanhando e não me abandonem, apesar de eu ser uma escritora que não mereça muito amor ç.ç hahah
Beijos e até a próxima <3 div="">3>