- Back to Home »
- Capítulos , Linha Tênue »
- Linha Tênue Capítulo 3 - Esquecer não é uma opção
novembro 16, 2013
Fanfic Linha Tênue
Escrita por MyYoona
[+18]
Um som absurdamente alto começou a tocar, me impedindo de continuar
dormindo. Praguejei contra o dono do objeto, mas parei ao perceber que era o
meu celular que estava na cômoda ao lado da cama. Sem abrir os olhos, levei
minha mão até o aparelho e o atendi:
- Quem incomoda?
- Krys! - Uma voz animada me chamou no outro lado da linha e
reconheci como sendo a da Amber - Dormiu bem?
- Sim, e ainda estaria se você não tivesse me acordado.
Ela riu.
- Toda Jung tem como característica ser mal humorada?
- Aham - Respondi - E também temos o hábito de assassinar
quem nos acorda cedo em um domingo.
- Cedo? Krys, são duas da tarde!
- Really? - Perguntei surpresa - Acho que dormi demais...
- Acha? - Riu novamente - Só liguei para avisar que não
voltarei para casa. Você vai ficar aí hoje também?
- Não, já estou indo - Bocejei - Sabe, tive um sonho
estranho ontem.
- É? Conte-me mais então - Ouvi o barulho de uma cadeira
sendo arrastada - Quero me distrair, já que estou fugindo da mãe da Vic que me
quer ver comendo a cada cinco segundos.
Ri baixo e me levantei, sentindo os braços e as pernas um
pouco doloridos. Percebi que estava nua, mas não estranhei, afinal, eu tinha
costume de dormir mais a vontade. Peguei uma toalha no guarda-roupa e decidi
passar em frente ao espelho para ver como o meu rosto estava. Ao olhar o meu
reflexo, arregalei os olhos e abri a boca, sentindo o medo me invadir.
- Krys? - Ouvi Amber me chamar - Você está aí?
Porém não consegui responder, estava chocada demais para ter
alguma reação.
Minhas pernas estavam com vários hematomas, iguais aos do
meu pulso. Larguei a toalha e o celular no chão e vi que minha barriga estava
com vários rastros vermelhos e que podiam ser claramente identificados como
arranhões feitos por unhas femininas. E para completar, havia várias marcas
roxas no meu pescoço... E não haviam sido deixadas por Kai.
Então, flashs da noite anterior começaram a vir na minha
cabeça: pizza, site, Sargento S, chicote, Jessica, cama, beijo, Jessica,
arranhões, sexo, Jessica.
Coloquei a mão na boca e me aterrorizei com a conclusão de
todos os fatos: eu havia transado com a minha irmã.
E havia adorado.
- Krystal Jung! Acho melhor me responder agora!
Peguei o celular no chão e coloquei na orelha, ouvindo
reclamações de Amber sobre como eu a ignorava e que não suportava que os outros
me ignorassem.
- ... E da próxima vez não reclame comigo, ok?
- Oh my God! - Exclamei depois de vários minutos de silêncio
- OH MY FUCKING GOD!
- O que aconteceu? - Minha amiga perguntou assustada no
telefone.
- Eu preciso de você agora! É um caso de vida ou morte! -
Pedi assustada - Te dou dez minutos para estar aqui.
- Me fala o que está acon- - Não esperei que ela terminasse
de falar e desliguei o celular, o jogando na cama.
Voltei a me encarar no espelho e passei as mãos pelas marcas
roxas, gemendo de dor ao apertar uma em minha coxa. É, eu não poderia usar
shorts por um bom tempo... Tomei um banho rápido, só para tentar relaxar e
comecei a vasculhar as minhas roupas e vi que eu só tinha shorts, saias e
bermudas, todos curtos. Aish, que falta faz uma calça na vida de uma garota!
Decidi pegar uma emprestada da Amber, mas como ela é menor do que eu a calça
ficou um pouco abaixo da canela, o que me deixou extremamente desengonçada.
Coloquei uma blusa e xinguei a dona do quarto, pelo fato dela não usar
maquiagem e não ter nenhuma base para que eu pudesse esconder os chupões no meu
pescoço.
Desci até o primeiro andar e sentei-me no sofá, balançando o
pé freneticamente à espera de Amber. Passado uma eternidade – pelo menos para
mim -, ouço o som de chaves e a porta logo é aberta e a minha amiga anda até
mim, jogando-se ao meu lado e colocando a mão no peito tentando controlar a
respiração. Franzi o cenho e lhe perguntei silenciosamente o que havia
acontecido.
- Vic s-saiu c-c-com o carro – Disse com dificuldade –
T-Tive que v-vir com a b-bicicleta do irmão d-dela.
Balancei a cabeça em concordância e senti um pouco de pena por
tê-la feito subir várias ruas em tempo recorde só para ouvir meu problema.
Porém tudo isso se foi da minha mente ao lembrar do motivo dela estar ali.
Pigarreei e antes que pudesse abrir a boca, sinto sua mão no
meu pescoço.
- Isso são chupões? – Perguntou confusa – E por que está com
a minha calça? Yah, ela é nova!
- Cale a boca – Pedi impaciente – Eu tenho uma coisa
extremamente importante para falar, então não me interrompa.
- Sim, fale – A garota ajeitou-se no sofá de modo que
ficasse de frente para mim.
- Eu transei com uma garota – Falei e senti as minhas
bochechas corarem. Maldita hora para a vergonha se fazer presente!
- BWO? – Quase pude ver seus olhos saltando do rosto –
Quando? Com quem? Por que? Quer dizer, eu sempre achei que você fosse meio
bissexual, mas porque resolveu transar com outra garota ao invés de ficar
comigo? Yah! Eu já gostei muito de você e-
- Amber Josephine Liu, eu já mandei você calar a boca! –
Disse entre dentes e ela se calou. Minha expressão não devia estar uma das
melhores.
- Eu não queria ficar com nenhuma menina – Expliquei – Mas o
fato de ter sido traída pelo Kai e estar me sentindo um lixo colaborou muito
para que isso acontecesse.
Amber levantou o dedo timidamente, pedindo permissão para
falar. Achei graça do gesto, mas mantive minha expressão séria e assenti.
- Obrigada. Bom, Krys, você pode me dizer quem foi a
sortuda? Por favor?
Pensar na resposta me fez estremecer. Como eu vou falar para
a minha melhor amiga que transei com a minha irmã por livre e espontânea
vontade?
“Dizendo a ela que transou com a gostosa da Jessica por
livre e espontânea vontade” Uma voz no interior da minha cabeça gritou e me deu
a coragem que faltava.
- Com a Jessica.
- Aquela ruiva da sua sala? – A loira pergunta animada – Ela
é linda, Krys! Começou bem, hein – Riu.
Suspirei e massageei minhas têmporas. Como Amber podia ser
tão lenta?
- Não com essa Jessica, mas sim com a Sica, minha irmã.
A risada foi cortada e uma expressão de horror tomou conta
do rosto da mais velha. Eu –mesmo não sendo emotiva - sentia que podia chorar a
qualquer momento, pois o maior medo estava se concretizando: a minha melhor
amiga iria me rejeitar.
- Amber, eu-
Ela levantou a mão, pedindo para que eu me calasse e depois
a levou até o queixo enquanto seus olhos se fixavam em qualquer lugar da sala,
menos em mim.
- Só preciso de um minuto – Pediu.
Balancei a cabeça e coloquei os pés em cima do sofá,
abraçando meus joelhos, a encarando. A sala entrou em um silêncio esmagador nos
minutos que se passaram e minha mente começou a trabalhar em várias situações
que poderiam acontecer – todas ruins, é óbvio.
É, eu estava ferrada. Amber em silêncio por mais de dois
segundos nunca é um bom sinal. Decidi apenas esperar pelo longo sermão que
receberia e também me preparava psicologicamente para quando fosse expulsa da
sua casa. Porém, surpreendendo todas as minhas expectativas, sinto o lado
direito do sofá afundar, indicando que ela estava ao meu lado, e as suas mãos
quentes apertando as minhas, que estavam geladas.
- Eu nunca te abandonaria – Ela disse suavemente – Não é o
que amigas fazem, principalmente melhores amigas.
Consegui sorrir e dar um pequeno aperto na sua mão.
- Você sentiu repulsa ou medo em algum momento?
- Não, só tesão – Respondi e senti minhas bochechas
queimarem de leve – E depois uma sensação de proteção, conforto e carinho. Só.
- Já sentiu isso em algum outro momento da sua vida?
Forcei a memória e comecei a fazer um flashback com todos os
menus namorados e fiquei surpresa com a resposta.
- Não.
- E em que momento, exatamente, essa sensação tomou conta de
você?
Comecei a estranhar esse interrogatório da Amber, mas
respondi mesmo assim.
- Depois de tudo, quando estava nos braços da Jessi e ela
cantava pra mim.
Ela suspirou e passou a mão pelo rosto, bagunçando o cabelo
curto em seguida.
- Você está metida em problemas, e dos grandes!
- Por quê? – Franzi o cenho assustada e confusa.
- Você está apaixonada pela sua irmã, Krystal.
...
...
...
- Krystal? Krystal?
Senti as mãos da Amber em meus braços e logo fui chacoalhada
com violência.
- Você está me assustando – Ela disse nervosa – Fale alguma
coisa! Grite, xingue ou qualquer coisa, apenas expresse alguma reação!
- Então a sua conclusão final é de que estou apaixonada pela
Jessica?
- Sim, mas-
- Está errada – Respondi calmamente.
- Talvez sim, mas-
- E agora eu irei embora – Levantei e subi as escadas até o
quarto dela, troquei a roupa rapidamente e ignorei as coisas que minha amiga
falava.
- Jung SooJung!
Fui virada furiosamente e uma Amber extremamente irritada
entrou no meu campo de visão.
- Eu nunca iria te julgar, mas preciso que você admita o que
está sentindo – Abri a boca para negar, mas fui interrompida – Não é para mim
que precisa dizer, e sim para ela. Vá para casa agora, converse com Jessica e
veja o que fará de agora em diante.
Suspirei e balancei a cabeça em afirmativo.
- Ótimo – Ela sorriu – Estarei aqui se precisar.
Sem dizer uma palavra, desci as escadas e entrei no carro.
Meu coração acelerou junto com o automóvel enquanto dirigia pelas ruas tão
familiares em direção a minha casa.
***
- Querida, que bom que chegou!
Minha mãe abriu a porta e eu entrei com um sorriso estranho
no rosto, porque no segundo seguinte minha tia me sufocou em seu grande abraço
de urso.
- Baby Jung! – A senhora de meia idade, com sorriso
simpático e cabelos vermelhos gritou – Como você está grande!
- Ei, Tia Sung – Devolvi o cumprimento não tão entusiasmada
como ela – Sem querer ser indelicada, mas o que está fazendo aqui?
Recebi um tapa certeiro no braço e soltei um gritinho de
surpresa e dor. Olhei de soslaio e minha mãe me repreendia.
- Não foi indelicadeza nenhuma, minha querida. Mas a Jessica
foi aceita em uma universidade dos Estados Unidos e está partindo para lá na
quarta-feira. Você não sabia?
Arregalei os olhos e coloquei uma mão sobre a boca. Jessi
partindo em três dias? Não pode ser...
- E como foi a noite com o Kai?
Ignorei a pergunta – sei que ouviria muito da minha mãe
depois – e entrei na casa a procura de Jessica. Precisava conversar com ela o
quanto antes para resolver a nossa situação. E também preciso criar coragem
para falar dos meus sentimentos...
O quê, sentimentos?
Então eu estou considerando, mesmo que minimamente, a
possibilidade de Amber estar certa? Aish! Por que a minha vida deu um giro de
360° em um dia? Tudo isso é culpa daquele projeto de afrodescendente! Mas...
Será que se não tivesse terminado com Kai, eu estaria contra a parede desse
jeito? Na verdade essa é uma boa questão a se pensar: esse sentimento – se é
que ele existe – está guardando a quanto tempo? É impossível que tenha surgido
em apenas uma noite...
(Flashback on)
“- Sua irmã é tão linda, Krys!
Um Kai de dez anos de idade olhava hipnotizado para Jessica,
que estava conversando com suas amigas a beira da piscina. Ela usava um biquíni
vermelho que contrastava com sua pele branca e o cabelo preso em um rabo de
cavalo frouxo, terminava o “look verão”.
- É verdade – Respondi orgulhosa e voltei a minha atenção
para o livro que estava aberto a minha frente.
- Será que ela aceitaria namorar comigo?
Levantei minha cabeça
e Kai estava com o queixo apoiado na mão direita e um olhar sonhador. Ri baixo.
- Claro que não, seu bobão. Jessica tem muitos caras
correndo atrás dela.
- Mas eu sou bonito também! – Respondeu indignado – E tenho
tudo o que ela procura em um cara.
- Menos idade – Ri alto e o garoto bufou, enfiando a cara no
livro e ignorando a minha presença.
Lhe dei um tapa fraco na cabeça e voltei meu rosto para onde
as meninas estavam e consegui entender o porquê de tantos garotos fazerem fila
para ficar com a minha irmã: linda, com um corpo escultura, inteligente,
popular... Se eu fosse homem ela seria o meu tipo ideal. Quer dizer, ela já é.
What? O que acabei de dizer?
Balancei minha cabeça e quando meu olhar cruzou com o de
Jessica, ela jogou um beijo para mim e senti minhas bochechas esquentarem. Com
muito esforço mandei outro e ela sorriu satisfeita.
Deus, por que estou me sentindo assim perto dela?”
(Flashback off)
Então era isso. A resposta estava dentro de mim o tempo
todo: sou apaixonada por Jessica desde os meus dez anos. Oh, estou tão perdida!
Agora só preciso subir e falar dos meus sentimentos. Vai ser
fácil, não é? Ao abrir devagar a porta do quarto descobrir que não seria.
Jessica estava deitada em sua cama de bruços e nessa posição eu tinha uma visão
privilegiada do seu bumbum. Arfei. O micro short que usava não me deixava
visualizar outra parte do seu corpo, porque se deixasse, eu teria visto o
sorriso e a piscadela lançada à Tiffany.
Depois de alguns minutos e com muito esforço, desviei minha
atenção e pigarreei tentando ganhar a atenção das duas.
- Krys! – A ruiva levantou e me deu um abraço apertado até
demais – Como está?
- Bem – Dei um sorriso sem graça – E você?
- Ótima! – O eye-smile dela se fez presente.
- Será que eu poderia conversar um pouco com a Jess? A sós,
de preferência.
- Ok – Ela se levantou e deu um beijo demorado no rosto da
minha irmã e eu me senti incomodada com o gesto. Será que eu estava com God!
Após ficamos sozinhas, Jessica sentou na cama e me encarou.
Seu olhar era tão penetrante que me senti nua. Passei as mãos no cabelo e
sentei ao seu lado. Não falamos nada por um bom tempo, apenas nos observávamos
e guardávamos as feições que agora tinham novos significados. Infelizmente,
meus olhos me traíram e logo sua boca entrava em meu campo de visão. A vi
mordeu o lábio devagar e repeti o gesto inconscientemente.
- O que quer falar comigo, baby J?
Balancei a cabeça ao ouvir sua voz rouca e passei as mãos
pelo rosto para tentar organizar minhas ideias. Estava tão concentrada em seu
rosto que até esqueci o que iria falar.
- B-Bom, fiquei sabendo que vai para os Estados Unidos.
- Sim, é verdade – Confirmou.
- E você quer mesmo ir?
- Eu tenho motivos para ficar?
Mudei de posição na cama, mexi no cabelo e olhei para
qualquer lugar do quarto, menos para ela. Precisava acalmar o meu coração antes
de responder.
- Você quer ter?
Jessica sorriu e engatinhou na cama até mim. Colocou as mãos
nos meus ombros e sua boca encostou-se em minha orelha.
- Acho que a noite de ontem responde a sua pergunta, não?
E mordeu o lóbulo devagar. Agradeci aos céus por estar
sentada, pois tenho certeza que minhas pernas não suportariam o peso do meu
corpo. Céus, o que essa garota estava fazendo comigo? Nunca me senti assim!
- Jessi... – Minha voz saiu arrastada, quase um gemido.
- Hum? – Ela continuava perto de mim, mas agora beijava meu
pescoço e eu dava todo o acesso.
- Nós temos que conversar...
- Acho que temos mais coisas mais interessantes para fazer.
Abri meus olhos diante da resposta – não percebi que os
havia fechado – e vi que Jessica me olhava daquele jeito penetrante. Um sorriso
de canto foi aparecendo em seus lábios e eu o retribuí, sentindo logo depois
suas mãos acariciarem minhas bochechas de leve.
- O que você fez comigo?
Sua feição ficou séria ao fazer a pergunta. Pensei em
responde-la, mas percebi que era retórica. Era quase uma reflexão.
- Sabe o que vai acontecer se eu te beijar agora, não sabe?
Sim, eu sabia, mas não estava me importando. Só queria
sentir seus lábios nos meus e ver se o choque voltaria a passar por dentro do
meu corpo. Ah, o que eu sou dizendo? Eu só quero beijá-la novamente! E sem
demora o meu pedido foi atendido.
Quando finalmente nos beijanos, aconteceu tudo o que eu
previra e mais um pouco. É normal ver estrelas e sentir seu coração bater no
ritmo de uma escola de samba daquelas do carnaval do Rio de Janeiro? Espero que
não.
Por quê? Não quero sentir isso com mais ninguém.
Minhas mãos se agarraram ao seus cabelos e as da Jessi
apertaram a minha cintura para mais perto do seu corpo. Nossas línguas se
moviam em perfeita sincronia e tudo não poderia estar mais perfeito. Oh,
poderia sim! Sua língua quente traçando um percurso no meu pescoço e as
mordidas em lugares estratégicos estavam quase me fazendo chegar ao êxtase.
Deus! Será que eu teria um orgasmo com apenas um beijo?
- Jessica? Krystal?
A voz da nossa mãe estava se aproximando e nos afastamos
abruptamente segundos antes da cabeça sorridente aparecer na porta.
- Vocês ficaram em silêncio por mais de dois minutos e eu
pensei que tinham se matado – riu.
- Se a senhora não tivesse chegado agora, ela realmente
teria conseguido – “Mas de um jeito bom”, completei em pensamento e sorri.
- O almoço ficará pronto em dez minutos. Estejam prontas,
ok?
- Sim, mãe – Jessica respondeu e omma sorriu, nos deixando a
sós novamente.
Esperamos ela sair e nos olhamos. Mordi o lábio.
- Então...?
- Venha para os Estados Unidos comigo.
Tive que piscar várias vezes para conseguir entender o que
Jessica falava. Ela estava brincando, não é?
- Estou falando sério.
É, não estava.
- Lá nos podemos viver como quisermos, Krys. Eu quero ficar
com você!
Quer?
- Quer? – Perguntei meio tonta com tudo o que estava
acontecendo.
Seu rosto estava sério e meu coração inchou por um momento,
mas logo voltou ao normal quando os milhares de empecilhos se colocaram em
minha frente.
- Não é tão fácil assim, Jessi – Respondi suspirando – E eu
não sei se estou pronta para isso. Sabe muito bem que não sei disfarçar o que
sinto e nossos pais nunca iriam entender a nossa relação.
Aliás, ninguém iria. Balancei a cabeça.
- Mamãe e papai sabe que você é lésbica?
Ela sorriu e começou a acariciar a minha perna sem malícia.
- Você sempre foi a mais inteligente de nós duas, sabia? –
Sua voz era calma, relaxante – E não, não sabem. Creio que pirariam se
descobrissem que a sua primogênita gosta de mulheres – Riu baixo.
- Vi que a Tiffany estava aqui... – Comentei tentando
controlar o ciúme avassalador que tomava conta de mim.
Ouvi sua risada alta e bufei.
- Está com ciúmes?
- Eu? Por favor!
- Está sim – Apertou a minha bochecha e revirei os olhos. Eu
não poderia ter ficado quieta?
- Isso é tão fofo, Krys – Disse divertida – Mas não há razão
para ficar assim. Eu e Fany voltamos a ser melhores amigas.
- “Voltamos”?
Jessica encolheu os ombros e me deu um sorriso sem graça. Eu
a encarava de sobrancelha arqueada e braços cruzados.
- Bom, eu me sentia muito sozinha e ela também. Resolvemos,
então, juntar nossas solidões.
Ok, essa resposta era válida, afinal, nós não estávamos
juntas quando as duas ficavam. Eu não tinha o direito de sentir ciúmes, não é?
- Você namora o Kai desde sempre e eu nunca falei nada –
Cruzou os braços para reforçar a sua opinião.
- Imagina – Respondi ironicamente – Você sempre o odiou!
- Mas...
- Mas nada. Você está errada, aceite isso!
Um grunhido irritado saiu da sua boca e Jessi começou a
respirar fundo. Sorri ao ver que tinha conseguido virar o jogo. Aliás, isso é
muito fácil: ela sempre foi esquentadinha e não suporta ser contrariada.
- Meninas, o almoço está pronto!
Ouvimos nossa mãe chamar e descemos como se nada estivesse
acontecido. Sentamos em nossos lugares de sempre e começamos a conversar com
nossos parentes que haviam saído de não sei aonde. Deus, sabem aquelas pessoas
que só vemos uma vez na vida, mas temos que trata-las como se acordássemos ao
seu lado todo dia? Era esse tipo de parente que estava em minha casa hoje.
- Então, Krystal, como estão indo aos estudos? – Uma tia que
eu não fazia ideia que existia me perguntou. Sorri.
- Bom, direito não é uma área fácil, mas é bem recom-
Não consegui terminar a frase, pois senti algo em minhas
pernas. Engoli um seco e olhei para frente. Jessica piscou para mim e continuou
a conversar com Tiffany, que também tinha um sorriso malicioso nos lábios. O pé
de Jessi continuou me acariciando e isso me impossibilitava de falar com
coerência sobre o meu curso. A minha sorte é que a minha tia parecia mais
perdida na conversa do que eu.
Meu celular vibrou dentro do bolso e eu rapidamente o
peguei, vendo que havia chegado uma mensagem. Era minha irmã.
“Baby Jung, eu queria estar com você em outro lugar...”
Mordi disfarçadamente o lábio antes de responder.
“Sério? Fazendo o quê?”
A resposta não demorou um trinta segundos para chegar.
“Você gemer o meu nome. Não acha mais interessante do que
esse almoço patético?”
Arfei. Senti que estava começando a ficar molhada. Oh, Deus!
“Deixe a porta do quarto destrancada hoje a noite, ok? Vai
valer a pena”
E com isso nossa conversa foi finalizada. A deixando
suspirando feliz do outro lado da mesa e me deixando com a respiração
descompassada e as pernas moles.
***
- Finalmente todo mundo foi embora!
- Jessica! Isso não é jeito de falar – Omma ralhou e ela só
fez dar de ombros e voltar a zapear pelos canais de televisão.
Já era noite quanto todos decidiram voltar para suas devidas
casas. Admito que não é fácil aguentar a família Jung – que pode ser bem
insuportável na maioria das vezes. Dei uma espreguiçada digna e subi para o meu
quarto, afim de tomar banho e dormir. Não demorei mais do que trinta minutos
para já estar debaixo das cobertas e em uma posição aconchegante. Se demorei
mais do que cinco minutos para dormir, foi muito!
Eu havia esquecido o que Jessica havia falado? Não. Mas
precisava repor as energias.
- Ei, Bela Adormecida, acorde...
Um sussurro ao pé do ouvido me fez dar um sorriso sonolento.
- Não quero...
- Se não abrir os olhos por bem, terá que ser por mal.
- Vá em frente – Bocejei.
Senti o colchão ceder do lado direito e soube que ela havia
se deitado comigo. Beijos começaram a ser distribuídos por todo o meu rosto e
pescoço, enquanto sua mão já adentrava a minha calça do pijama e massageava o
meu clitóris por cima da calcinha.
- Vejo que já está molhada, huh? – Sua voz era baixa e
rouca.
- Por você – Respondi no mesmo tom e soltei um pequeno
gemido.
- Fico feliz em ouvir isso.
Colocando a minha calcinha de lado, ela passou o indicador
por toda a extensão do meu sexo e fez uma leve pressão no meu ponto mais
sensível. Suspirei e me aconcheguei mais perto dela.
- Abre mais as pernas – Pediu e assenti, colocando a perna
que atrapalhava em cima da dela – Perfeito.
Sem mais delongas, fui penetrada. A minha lubrificação
permitiu que ela acontecesse com facilidade, o que causou prazer em nós duas.
Sua boca procurou a minha e a começamos um beijo voraz, como se ele
acompanhasse os movimentos de vai-e-vem que os dedos de Jessica fazia dentro de
mim. Levei minhas mãos até o seu cabelo e o puxei, como forma de tentar
extravasar um pouco o prazer que estava sentindo. Quando meu corpo começou a
tremer, avisando que o orgasmo se aproximava, ela separou sua boca da minha e a
levou até a minha orelha.
- Geme pra mim.
Fiz o que era pedido e cheguei perto da sua orelha, mordendo
o lóbulo e soltando um gemido longo e baixo, enquanto seus dedos se encharcavam
com o meu líquido.
Ficamos vários minutos em silêncio, apenas nos beijando
lentamente. Esse silêncio era bom. Reconfortante. Revigorador. Passado cinco
minutos eu já estava pronta para o segundo round. E pronta para domá-la dessa
vez.
- Tire a roupa – Ordenei e ela me olhou intensamente antes
de fazer o que eu havia pedido.
Fiz o mesmo e logo sentimos nossos corpos nus e quentes em
contato, soltamos um longo suspiro em conjunto. Sem dizer uma palavra, eu
apenas abri suas pernas e me coloquei em cima dela, fazendo com que nossos
sexos entrassem em contato. Gememos juntas. E começamos a nos movimentar
lentamente, aproveitando o calor que nossos corpos emanavam e nos beijando até
que o ar nos faltasse.
Em um determinado momento aceleramos os movimentos e
atingimos o orgasmo juntas. Foi maravilhoso. Só não mais do que o beijo que
recebi em seguida – que surpreendentemente foi diferente de todos os outros – e
da posição conchinha que ficamos.
- Boa noite, Baby J – Jessica sussurrou com a voz sonolenta
e beijou a minha têmpora.
Eu peguei sua mão e coloquei em frente à minha barriga, com
os dedos entrelaçados a minha.
- Boa noite, meu amor.
Senti quando ela sorriu contra a pele do meu pescoço. Não
precisava de resposta. Aquele gesto dizia tudo.
***
3hs da madrugada.
Sra. Jung acorda e como sempre vai ver suas filhas. Um
hábito que tinha desde que elas pequena e que possuiria para sempre.
Passou em frente ao quarto de Jessica e viu que ela não
estava lá. Estranhou. Foi até o cômodo ao lado e abriu a porta devagar, dando
de cara com as duas irmãs dormindo abraçadas e com pequenos sorrisos nos
lábios.
Ela sorriu também e voltou para o seu aposento feliz.
Mas se tivesse chegado mais perto, como de costume, teria
visto as roupas no chão e a mão da primogênita no seio da sua caçula.
Notas Finais: Hey ^^Sei que demorei dois milênios e meio para postar, mas é que eu não sabia muito bem como terminar esse capítulo. Foi o mais difícil até agora!O outro - que será o último - será menos trabalhoso porque já sei como finalizar a história ^^Espero que continuem acompanhando e me perdoem mais uma vez. Postarei assim que o capítulo estiver concluído.Beijos.
Ps: Eu amo essas duas e quero elas na minha cama para ontem. Alguém pode roubá-las para mim? pfv D: